Fulas

Fulas
Fulɓe
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Dançarinos fulanis em trajes típicos na Nigéria (2016)
População total

c. 45–49 milhões[1][2]

Regiões com população significativa
 Nigéria 13 167 832 (6%) [3]
 Senegal 4 928 835 (27.5%) [4]
 Guiné 4 301 217 (33.4%) [5]
 Camarões 3 900 000 (13.9%) [6][7]
 Mali 1 867 829 (13.3%) [8]
 Burquina Fasso 1 796 143 (8.4%) [9]
 Níger 1 534 375 (6.5%) [10]
 Mauritânia 900 000 (20.9%) [11]
 Benim 860 752 (8.6%) [12]
 Guiné-Bissau 563 213 (28.5%) [13]
 Gâmbia 420 206 (24.1%) [14]
 Chade 313 454 (1.8%) [15]
 Sudão 300 000 (0.7%) [16]
 Serra Leoa 266 581 (3.8%) [17]
República Centro-Africana 250 000 (5%) [18]
 Gana 4 600 (0.02%) [18]
 Sudão do Sul 4 000 (0.02%) [19]
 Costa do Marfim 3 800 (0.02%) [18]
Línguas
Fula, francês, inglês, árabe, haúça
Religiões
Islão
Grupos étnicos relacionados
Uolofes e Sererês

Fulas (em fula: Fulɓe), também chamados felatas, fulás, fulbes, peúles ou peuis,[20] são um grupo étnico que compreende várias populações espalhadas pela África Ocidental, mas também na África Central e no Norte de África sudanesa. Os países onde estão distribuídos são a Mauritânia, o Senegal, a Guiné, a Gâmbia, o Mali, a Nigéria, a Serra Leoa, o Benim, o Burquina Fasso, a Guiné-Bissau, os Camarões, a Costa do Marfim, o Níger, o Togo, a República Centro-Africana, o Gana, a Libéria, até ao Sudão, a leste. Os fulas não são o grupo maioritário nesses países, com exceção da Guiné.

Mulheres fulas na Província do Leste, nos Camarões

Uma significativa proporção dos fulas é constituída de pastores: cerca de um terço do grupo ou 12 a 13 milhões de pessoas, sendo, por essa razão, o grupo étnico com a maior comunidade de pastores nômades do mundo.[21][22] A maioria do grupo étnico Fula é composta de indivíduos semissedentários[22] e sedentários (fazendeiros, artesãos e mercadores, além dos integrantes da nobreza).[23] Distribuem-se por vários países, principalmente da África Ocidental e do norte da África Central, mas também estão no Chade, Sudão e em regiões próximas do Mar Vermelho.[24]

Os Fula adotaram o Islã como sua religião e participaram das Jihads, levantes militares islâmicos que ocorreram na África Ocidental nos séculos XVIII e XIX. Esses levantes, onde foram bem-sucedidos, resultaram na criação de novos Estados ou na conquista e reorganização de Estados já existentes. Os Fula emergiram como um grupo dominante na região, provocando mudanças significativas no mapa político local e gerando importantes consequências econômicas e religiosas.[25]

A aquisição de escravos foi uma recompensa significativa para os Fula que participaram da jihad. Escravos eram capturados das forças inimigas como parte do saque de guerra, enviados como tributo a superiores políticos ou vendidos nos mercados. A quantidade de escravos acumulada por um indivíduo estava relacionada à importância de seu papel na jihad e à sua posição na hierarquia política. Esses escravos podiam ser utilizados como empregados domésticos ou estabelecidos em aldeias específicas para cultivar a terra para seus proprietários. Rapidamente, os escravos se tornaram a principal fonte de riqueza, e a exploração do trabalho escravo na agricultura cresceu, tornando-se a base da economia sob o governo Fula.[26]

A relação dos Fula com outros povos, conforme descrito pelo autor Victor Azarya[27], é caracterizada por tensões. Os Fula ressentiam-se de estar sob a autoridade de grupos agrícolas, cujo modo de vida desprezavam. A adoção do Islã intensificou essas tensões, aumentando seu sentimento de superioridade em relação a grupos pagãos ou superficialmente islamizados, e sua frustração por estarem subordinados a eles.

Referências

  1. Felicity Crowe (2010). Modern Muslim Societies. [S.l.]: Marshall Cavendish. p. 262. ISBN 978-0-7614-7927-7 
  2. Steven L. Danver (2015). Native Peoples of the World: An Encyclopedia of Groups, Cultures and Contemporary Issues. [S.l.]: Routledge. pp. 31–32. ISBN 978-1-317-46400-6 
  3. Nigeria country profile at CIA's The World Factbook: "Fulani 6%" out of a population of 219 million (2021 estimate).
  4. «Africa: Senegal The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 2019. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  5. «Africa: Guinea The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 2019. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  6. «L'amenagement Lingusitique dans le monde». www.axl.cefan.ulaval.ca. Junho de 2005. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  7. «101 Last Tribes». www.101lasttribes.com. Junho de 2005. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  8. «Africa: Mali – The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 27 de abril de 2021. Consultado em 1 de maio de 2021 
  9. «Africa: Burkina Faso The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 2019. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  10. «Africa: Niger – The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 27 de abril de 2021. Consultado em 1 de maio de 2021 
  11. «What Is The Ethnic Composition Of Mauritania?». www.worldatlas.com. 27 de abril de 2021. Consultado em 1 de maio de 2021 
  12. «PRINCIPAUX INDICATEURS SOCIO DEMOGRAPHIQUES ET ECONOMIQUES» (PDF). 2013. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  13. «Africa: Guinea-Bissau – The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 27 de abril de 2021. Consultado em 1 de maio de 2021 
  14. «Distribution of the Gambian population by ethnicity 1973,1983,1993,2003 and 2013 Censuses – GBoS». www.gbosdata.org. Consultado em 17 de junho de 2021 
  15. «Africa: Chad – The World Factbook – Central Intelligence Agency». www.cia.gov. 27 de abril de 2021. Consultado em 1 de maio de 2021 
  16. «AFRICA | 101 Last Tribes – Falata people». www.101lasttribes.com. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  17. «Sierra Leone 2015 Population and Housing Census National Analytical Report» (PDF). Statistics Sierra Leone. Consultado em 28 de março de 2020 
  18. a b c «Fulani people and Jihadism in Sahel and West African countries :: Observatoire of Arab-Muslim World and Sahel :: Foundation for Strategic Research :: FRS». www.frstrategie.org (em inglês). Consultado em 21 de junho de 2021 
  19. «No South Sudan Passports for Fulani, Officials Say | Voice of America – English». www.voanews.com (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2021 
  20. «Fula». Michaelis 
  21. Anthony Appiah; Henry Louis Gates (2010). Encyclopedia of Africa. [S.l.]: Oxford University Press. p. 495. ISBN 978-0-19-533770-9 
  22. a b David Levinson (1996). «Fulani». Encyclopedia of World Cultures: Africa and the Middle East, Volume 9. [S.l.]: Gale Group. ISBN 978-0-8161-1808-3 , citação: "The Fulani form the largest pastoral nomadic group in the world. The Bororo'en are noted for the size of their cattle herds. In addition to fully nomadic groups, however, there are also semisedentary Fulani —Fulbe Laddi— who also farm, although they argue that they do so out of necessity, not choice."
  23. Christopher R. DeCorse (2001). West Africa During the Atlantic Slave Trade: Archaeological Perspectives. [S.l.]: Bloomsburg Academic. pp. 172–174. ISBN 978-0-7185-0247-8 
  24. Anthony Appiah; Henry Louis Gates (2010). Encyclopedia of Africa. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 495–496. ISBN 978-0-19-533770-9 
  25. Barbosa, Muryatan Santana. «A África por ela mesma: a perspectiva africana na História Geral da África (UNESCO)». Consultado em 7 de julho de 2024 
  26. Barbosa, Muryatan Santana. «A África por ela mesma: a perspectiva africana na História Geral da África (UNESCO)». Consultado em 7 de julho de 2024 
  27. «The Nomadic Factor in Africa: Dominance or Marginality». Routledge. 12 de outubro de 2012: 260–294. ISBN 978-0-203-03720-1. Consultado em 7 de julho de 2024 
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