Acrididae
Acrididae | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Os Acrididae (em português: acrídios[1]), comummente conhecidos como gafanhotos[2] ou saltões[3], estão entre os insetos terrestres mais conhecidos[4]. São herbívoros e podem ser encontrados em pastagens de todo o mundo, exercendo um papel importante na ciclagem de nutrientes e podendo servir como fonte de alimento para invertebrados e vertebrados[4].
Muitas espécies desta família são consideradas importantes pragas agrícolas, principalmente quando realizam surtos em grande escala, gerando prejuízos[4]. Entre as mais conhecidas e estudadas, estão as espécies Locusta migratoria (Linnaeus, 1758), Rhammatocerus schistocercoides (Rehn, 1906), Schistocerca cancellata (Serville, 1838) e Schistocerca gregaria (Forskål, 1775). Porém, algumas podem ser benéficas sendo utilizadas como agentes de controle biológico, por exemplo a espécie Cornops aquaticum (Bruner, 1906) que se alimenta de plantas que são pragas de lagos artificiais ou naturais, ou então alimentando-se de ervas daninhas que podem ser prejudiciais para o gado e outros animais, como é o caso da espécie Hesperotettix viridis (Thomas, 1872)[4].
Nos acrídios, é comum encontrar-se algumas espécies que passam o inverno sob a forma de ovo ou ninfa (são insetos paurometábolos), sendo que poucas são as que passam essa estação do ano sob a forma de adulto[5]. Os machos deste grupo possuem uma fileira de pequenos pinos estridulatórios na superfície interna do fêmur posterior, com os quais produzem um som similar ao de um zumbido baixo[5].
Portugal
[editar | editar código-fonte]Há cerca de 200 espécies conhecidas de gafanhotos em Portugal.[6]
De acordo com a Lista Vermelha de Grilos, Gafanhotos e Saltões[7], criada pela União Europeia, a maioria das espécies identificadas em Portugal foi encontrada em prados (51,6% do total) e em matagais (47,3%). Também foram identificadas nas florestas (18,8%), em habitats artificiais, como jardins ou quintas (16,7%), em terrenos rochosos (10,9%) e, ainda, em habitats subterrâneos (7,6%).[6]
Brasil
[editar | editar código-fonte]No Brasil, podem ser encontrados em regiões florestais; de vegetação aberta, como campos e cerrados; regiões secas, como a Caatinga; e regiões úmidas, como alagados e banhados, sendo a família com maior número de espécies para o país, com mais de 360, distribuídas por 129 gêneros e 10 subfamílias[8]. Os acridídeos são extremamente diversos no seu tamanho e forma corporal, assim como na biologia e ecologia[8].
Biogeografia, taxonomia e filogenia
[editar | editar código-fonte]Esta família possui mais de 6.500 espécies válidas, representando a linhagem mais diversa dentro da subordem Caelifera[9]. Provavelmente teve a sua origem no início do Cenozóico, diversificando-se até o final dessa mesma Era[4]. Os principais continentes já se encontravam separados nessa altura, o que sugere que essa dispersão teve um importante papel nos padrões biogeográficos observados nos acrídios modernos[4]. Possui 26 subfamílias, sendo que cinco são cosmopolitas, 14 restritas ao Velho Mundo e sete ao Novo Mundo, principalmente na América Central e do Sul (ver Tabela 1)[4].
Possuem as seguintes características diagnósticas[5]: (1) antenas curtas e robustas, (2) órgãos auditivos (tímpanos) situados na lateral do primeiro segmento do abdómen, (3) tarso com três segmentos e, (4) ovipositor curto. As asas podem ser desenvolvidas, braquípteras, micrópteras ou ausentes[8]. Geralmente, possuem a coloração cinza ou acastanhada, podendo apresentar cores brilhantes nas asas posteriores[8].
Um recente estudo recuperou a família como monofilética e propôs-se que os acrídios ter-se-ão originado na América do Sul, indo contra a crença de que o centro da sua origem é em África.[4]
Subfamília | Número de gêneros | Número de espécies | Distribuição |
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Acridinae | 141 | 483 | Cosmopolita |
Calliptaminae | 12 | 92 | Velho Mundo |
Catantopinae | 341 | 1077 | Velho Mundo |
Copiocerinae | 21 | 90 | Novo Mundo |
Coptacrinae | 20 | 116 | Velho Mundo |
Cyrtacanthacridinae | 36 | 162 | Cosmopolita |
Egnatiinae | 9 | 36 | Velho Mundo |
Eremogryllinae | 2 | 5 | Velho Mundo |
Euryphyminae | 23 | 87 | Velho Mundo |
Eyprepocnemidinae | 26 | 159 | Velho Mundo |
Gomphocerinae | 192 | 1274 | Cosmopolita |
Habrocneminae | 2 | 3 | Velho Mundo |
Hemiacridinae | 38 | 122 | Velho Mundo |
Leptysminae | 21 | 79 | Novo Mundo |
Marelliinae | 1 | 1 | Novo Mundo |
Melanoplinae | 145 | 1173 | Cosmopolita |
Oedipodinae | 137 | 792 | Cosmopolita |
Ommatolampidinae | 114 | 292 | Novo Mundo |
Oxyinae | 37 | 307 | Velho Mundo |
Pauliniinae | 1 | 1 | Novo Mundo |
Pezotettiginae | 2 | 10 | Velho Mundo |
Proctolabinae | 29 | 215 | Novo Mundo |
Rhytidochrotinae | 20 | 47 | Novo Mundo |
Spathosterninae | 3 | 12 | Velho Mundo |
Teratodinae | 8 | 24 | Velho Mundo |
Tropidopolinae | 11 | 34 | Velho Mundo |
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ S.A, Priberam Informática. «acrídio». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «gafanhoto». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «saltão». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g h i Song, Hojun; Mariño-Pérez, Ricardo; Woller, Derek A; Cigliano, Maria Marta (1 de julho de 2018). «Evolution, Diversification, and Biogeography of Grasshoppers (Orthoptera: Acrididae)». Insect Systematics and Diversity (em inglês) (4). 3 páginas. ISSN 2399-3421. doi:10.1093/isd/ixy008. Consultado em 28 de outubro de 2020
- ↑ a b c ESTUDO DOS INSETOS – Tradução da 7ª edição de Borror and Delong’s Introduction to the Study of Insects. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b Serafim, Teresa. «Seguindo o rasto dos gafanhotos e grilos na Europa». PÚBLICO. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ European Commission. Directorate General for the Environment.; International Union for Conservation of Nature (IUCN).; Butterfly Conservation Europe. (2016). European red list of grasshoppers, crickets and bush-crickets. LU: Publications Office
- ↑ a b c d Rafael, José Albertino. (2012). Insetos do Brasil : diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto, SP: Holos Editora. OCLC 826299601
- ↑ «family Acrididae MacLeay, 1821: Orthoptera Species File». orthoptera.speciesfile.org. Consultado em 20 de novembro de 2020
Referências adicionais
[editar | editar código-fonte]- David C. Eades; Daniel Otte. Taxa display: family Acrididae em Ortoptera Species File Online. Version 2.0/3.5.
- Página web do ITIS