Agaonidae

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAgaonidae

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Superfamília: Chalcidoidea
Família: Agaonidae

Agaonidae é família de pequenas vespas conhecidas como vespas-do-figo[1], que inclui tanto espécies polinizadoras quanto não polinizadoras. Incluem por volta de 1000 espécies viventes, distribuídas dentre quase 80 gêneros pertencentes a quatro subfamílias[2]. No entanto, a taxonomia e relações filogenéticas do grupo têm sido conturbadas, pois a conformação original era considerada parafilética; a tendência atual baseada em dados moleculares [3]tem sido de migrar algumas subfamílias de Agaonidae para Pteromalidae.

Vespas desta família desenvolveram diversas formas de simbiose com árvores figueiras. As espécies polinizadoras associadas com figueiras pertencem às subfamílias Agaoninae, Kradibiinae e Tetrapusiinae. Estas vespas polinizam cerca de 900 espécies de figueiras no mundo, sendo normalmente uma relação mutualística obrigatória e espécie-específica[4]. As espécies não-polinizadoras desenvolveram hábitos parasíticos[5], atacando ou o figo em desenvolvimento ou as vespas polinizadoras a ele associadas. Vespas dos figos são consideradas um interessante caso de evolução, em que o hábito de vida galhador desenvolveu-se em uma forma de mutualismo entre as espécies envolvidas, produzindo os frutos[6].

Estas pequenas vespas desenvolveram simbiose com a inflorescência das figueiras[7], que fica localizada em um receptáculo fechado denominado de sicônio: uma esfera oca recoberta com centenas de pequenas flores. A(s) vespa(s) polinizadora(s) entra(m) pelo pequeno orifício do figo chamado de ostíolo e vão caminhando sobre as flores para pôr seus ovos, polinizando-as. Tipicamente, esta vespa depois morre dentro deste figo[8]. As larvas desenvolvem galhas dentro das flores e, em seguida, consomem as sementes. Depois de metamorfosearem-se em vespas adultas, as novas vespinhas de ambos os sexos copulam dentro do figo e as fêmeas deixam o fruto em busca de um novo figo para ovipositar/polinizar. Os machos precisam abrir buracos nas galhas contendo as fêmeas, para inserir sua genitália telescopada dentro, e assim inseminá-las. Eles também usam suas fortes mandíbulas para combater outros machos[9]. Eles nunca deixam o figo, morrendo em seu interior[10].

Como caracteres principais da família podemos citar[11]: (i) veias marginais das asas anteriores tendendo a um ângulo reto (i.e. quase 90o) com a margem anterior da asa; (ii) pernas medianas com fêmur e tíbia bem menos robustos do que das pernas anteriores e posteriores; (iii) forte dimorfismo sexual, com fêmeas apresentando ovipositor evidentemente retrátil e por vezes muito longo, e machos com asas reduzidas ou ausentes e fortes mandíbulas para combate.

De acordo com registros fósseis, as vespas da família Agaonidae mantiveram-se morfológica e ecologicamente estáveis ao longo do tempo geológico, sendo as formas originais dos períodos Eoceno e Mioceno quase idênticas às espécies viventes[12].

Referências

  1. «Nova fase na relação entre figueiras e vespas é desvendada». AGÊNCIA FAPESP. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  2. Cook, James M.; Segar, Simon T. (janeiro de 2010). «Speciation in fig wasps». Ecological Entomology (em inglês): 54–66. doi:10.1111/j.1365-2311.2009.01148.x. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  3. Rasplus, Jean-Yves; Kerdelhué, Carole; Le Clainche, Isabelle; Mondor, Guénaëlle (1 de junho de 1998). «Molecular phylogeny of fig wasps Agaonidae are not monophyletic». Comptes Rendus de l'Académie des Sciences - Series III - Sciences de la Vie (em inglês) (6): 517–527. ISSN 0764-4469. doi:10.1016/S0764-4469(98)80784-1. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  4. Figueiredo, Rodolfo Antônio de (9 de dezembro de 1991). «Espécie-especificidade das vespas de figo: um estudo com figueiras exóticas». Ciência e Natura: 117–122. ISSN 2179-460X. doi:10.5902/2179460X26306. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  5. Elias, Larissa G.; Ó, Vanessa T. do; Farache, Fernado H. A.; Pereira, Rodrigo A. S. (setembro de 2007). «Efeito de vespas não-polinizadoras sobre o mutualismo Ficus - vespas de figos». Iheringia. Série Zoologia: 253–256. ISSN 0073-4721. doi:10.1590/S0073-47212007000300006. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  6. Schick, Katherine N.; Dahlsten, Donald L. (1 de janeiro de 2009). Resh, Vincent H.; Cardé, Ring T., eds. «Chapter 106 - Gallmaking and Insects». San Diego: Academic Press (em inglês): 404–406. ISBN 978-0-12-374144-8. doi:10.1016/b978-0-12-374144-8.00115-6. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  7. «Agaonidae». figweb.myspecies.info (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  8. «Figo não é fruta e 'come' vespa; entenda». G1. 3 de junho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  9. Pereira, R. a. S.; Prado, A. P. (maio de 2006). «Effect of local mate competition on fig wasp sex ratios». Brazilian Journal of Biology (em inglês): 603–610. ISSN 1519-6984. doi:10.1590/S1519-69842006000400004. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  10. Fernandes, Francisca Maria; Carvalho, Luís Mendonça de; Nunes, Maria de Fátima (2023). «Simbiose entre figueiras e vespas». Revista de Ciência Elementar (1). ISSN 2183-9697. doi:10.24927/rce2023.008. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  11. «Chalcidoidea». www.nhm.ac.uk. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  12. PeñAlver, Enrique; Engel, Michael S.; Grimaldi, David A. (2006). «Fig Wasps in Dominican Amber (Hymenoptera: Agaonidae)». American Museum Novitates (em inglês) (1). 1 páginas. ISSN 0003-0082. doi:10.1206/0003-0082(2006)3541[1:FWIDAH]2.0.CO;2. Consultado em 1 de agosto de 2023