Apitoxina

Apitoxina é o veneno encontrado nos ferrões das abelhas do gênero Apis que tem como função afastar predadores dos mais variados tipos, protegendo assim a colônia. O veneno é produzido no interior do abdômen das abelhas operárias e é descrito como uma substância levemente ácida (embora não seja a acidez que provoque a dor ou a irritação)[1][2], incolor, amarga, transparente e com um forte odor que se assemelha ao do mel. Em sua composição encontram-se peptídeos, enzimas, substâncias voláteis e uma grande quantidade de água.

A apitoxina é 88% água e os seus principais constituintes sólidos são:

  • enzimas (13-15%)
  • peptídeos grandes (50-60%)
    • melitina (~50%)
    • apamina (1-3%)
    • peptídeo MCD (1-2%)
    • secapina (0,5-2%)
    • procamina (1-2%)
    • inibidor de protease (~0,8%)
  • pequenas moléculas (~24%).

Ação do veneno

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Embora a apitoxina contenha ácido fórmico, bem como ácido clorídrico e ácido fosfórico, esses ácidos ocorrem apenas em pequenas quantidades, sendo que a coceira e a queimação são causadas pela interação com as proteínas e enzimas presentes no veneno.[1][2][5]

Após o veneno penetrar na pele, o inibidor de protease impede a destruição catalítica da hialuronidase e permite que ela quebre polímeros de ácido hialurônico, importantes componentes da matriz extracelular, o que facilita a propagação do veneno pelo tecido. O peptídeo MCD causa a degranulação de mastócitos através da liberação de histamina, levando a respostas alérgicas e inflamatórias. No sistema circulatório, a fosfolipase A e a melitina provocam hemólise. Em concentrações elevadas, compostos como a apamina (neurotoxina), a melitina e a fosfolipase A2 apresentam alta toxicidade, mas não se observam efeitos tóxicos decorrentes de apenas algumas picadas de abelha.[1][4]

Uso medicinal

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Embora historicamente a apitoxina tenha sido usada com fins medicinais, evidências mostram uso do veneno para tal fim com datação de mais de 3.000 anos[4] na China e de 200 anos na Europa. Sua eficácia como fármaco ainda não foi efetivamente comprovada, ainda que alguns pacientes relatem melhora em quadros de artrites e reumatismos. A apiterapia, método de medicina natural que utiliza-se de compostos derivados das abelhas para fins terapêuticos, em especial a apitoxina, carece de comprovação científica[6]. Ainda como contraindicação acerca do tratamento com apitoxina existe a possibilidade, com uso repetitivo da substância, do desenvolvimento de diversos graus de alergia, assim como o risco de anafilaxia.[6] Por não haver segurança sobre o grau de esterilidade do ferrão, a aplicação do veneno pode desencadear infecções localizadas ou sistêmicas.

Referências

  1. a b c d O'Connor, Rod; Peck, Larry (1 de março de 1980). «Bee sting: The chemistry of an insect venom». Journal of Chemical Education. 57 (3). 206 páginas. ISSN 0021-9584. doi:10.1021/ed057p206 
  2. a b «The Chemistry of Bees». www.chm.bris.ac.uk. Consultado em 19 de setembro de 2019 
  3. Hossen, Md. Sakib; Shapla, Ummay Mahfuza; Gan, Siew Hua; Khalil, Md. Ibrahim (27 de dezembro de 2016). «Impact of Bee Venom Enzymes on Diseases and Immune Responses». Molecules : A Journal of Synthetic Chemistry and Natural Product Chemistry. 22 (1). ISSN 1420-3049. PMID 28035985. doi:10.3390/molecules22010025 
  4. a b c Ali, Mahmoud Abdu Al-Samie Mohamed (2012). «Studies on Bee Venom and Its Medical Uses» (PDF). International Journal of Advancements in Research & Technology. Consultado em 19 de setembro de 2019 
  5. LEITE e ROCHA. (2005). APITOXINA. Disponível em: <http://www.ruc.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/86/80>. Acesso em: 20 de mar. de 2018.
  6. a b STAHLKE, Edwalda V. R. S. (2013). APITHERAPY TECHNIQUE HAS NO RECOGNIZED USE. Disponível em: <http://crmpr.org.br/publicacoes/cientificas/index.php/arquivos/article/viewFile/444/434>. Acesso em: 20 de mar. de 2018.