Bagauna

Bagauna
Bagauna
Mosteiro de São João Batista de Bagauna, ca. 1915
Localização atual
Bagauna está localizado em: Turquia
Bagauna
Localização do sítio de Bagauna
Coordenadas 39° 37′ 38″ N, 43° 31′ 04″ L
País Turquia
Região Anatólia Oriental
Província Are

Bagauna[1] ou Bagavã (em armênio/arménio: Բագարան; romaniz.: Bagavan; lit. "o lugar do deus") era uma antiga localidade na parte central da Armênia, no principado de Bagrauandena. O sítio está localizado na vila de Tastequer, a oeste da moderna Diadim, Turquia. Situado em um tributário do Eufrates, no sopé do monte Nifates (em armênio, Nepate; em turco, Tapa-seide), ao norte do lago de Vã, Bagauna abrigava um dos principais templos da Armênia pré-cristã.[2] Após a cristianização da Armênia, se tornou o local de uma grande igreja e mosteiro.[3] Saqueado em 1877 pelos curdos, foi completamente destruído após 1915 durante o genocídio armênio.[2]

O nome Bagauna traduz-se literalmente como "cidade dos deuses". A etimologia foi dada por Agatângelo, que explicou a palavra como sendo parta, o equivalente ao armênio dicʿ-awan.[4] Moisés de Corene considerou-a como bagnacʿn awan ("cidade dos altares"). O nome, escrito como *Bagauana, é registrado em grego por Ptolomeu como Sacauana.[2] Bagauna provavelmente estava conectado com uma das palavras do persa antigo para santuário, como *bagina- ou *bagastāna-.[5]

Dracma de Isdigerdes II (r. 438–457)

Bagauna era o local de um dos santuários mais importantes da Armênia pré-cristã, e uma chama eterna era mantida acesa lá.[3] A família real da Armênia celebrava o festival de Ano Novo em Bagauna, no primeiro dia do primeiro mês (Navasarde) do calendário armênio.[2] Bagauna também era um centro de adoração de Aramasde, a versão armênia de Aúra-Masda.[3][6] Moisés de Corene atribuiu a fundação do altar em Bagauna ao "último Tigranes" e o estabelecimento do festival de Ano Novo ao rei Valarsaces; no entanto, o estudioso moderno Robert H. Hewsen observa que essas teorias foram provavelmente invenções do próprio Moisés.[2]

De acordo com Agatângelo, Tiridates III (r. 298–330) e sua corte foram batizados por Gregório, o Iluminador em Bagauna, no Eufrates.[3] Gregório supostamente fundou o mosteiro de São João Batista ali. O nome turco da cidade, Uche Quilisse (Üç Kilise; "as três igrejas"), deriva deste mosteiro. O xainxá sassânida Isdigerdes II (r. 438–457) acampou em Bagauna em 439 durante sua campanha punitiva na Armênia sassânida. A igreja de São João Batista de Bagauna foi concluída em 631–639 na margem esquerda do Eufrates. Hewsen observa que era originalmente cercada por um "alto muro ladeado por torres que protegiam os edifícios monásticos internos". Em 1877, foi saqueada pelos curdos antes de ser completamente demolido após 1915, durante o genocídio armênio.[2]

Referências

  1. Toumanoff 1963, p. 540.
  2. a b c d e f Hewsen 1988, p. 407–408.
  3. a b c d Humphreys 2018, p. 193.
  4. Russell 1987, p. 49.
  5. Canepa 2018, p. 232.
  6. La Porta 2018, p. 1626.
  • Canepa, Matthew P. (2018). The Iranian Expanse: Transforming Royal Identity through Architecture, Landscape, and the Built Environment, 550 BCE–642 CE. Berkeley: University of California Press 
  • Hewsen, R. H. (1988). «Bagawan (2)». In: In Yarshater, Ehsan. Encyclopædia Iranica, Volume III/4: Bačča(-ye) Saqqā–Bahai Faith III. Londres e Nova Iorque: Routledge & Kegan Paul. pp. 407–408. ISBN 978-0-71009-116-1 
  • Humphreys, Mike (2018). «Bagavan (Diyadin; Uç Kilise; Tashteker)». In: Nicholson, Oliver. The Oxford Dictionary of Late Antiquity. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-866277-8 
  • La Porta, Sergio (2018). «Zoroastrianism, Armenian». In: Nicholson, Oliver. The Oxford Dictionary of Late Antiquity. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-866277-8 
  • Russell, James R. (1987). Zoroastrianism in Armenia. Cambridge: Harvard University Press. ISBN 978-0674968509 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press