bell hooks
bell hooks | |
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bell hooks em 2014 | |
Nascimento | Gloria Jean Watkins 25 de setembro de 1952 Hopkinsville, Kentucky |
Morte | 15 de dezembro de 2021 (69 anos) Berea, Kentucky |
Nacionalidade | norte-americana |
Educação | |
Ocupação |
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Período de atividade | 1978–2018 |
Página oficial | |
www |
Gloria Jean Watkins (Hopkinsville, 25 de setembro de 1952 — Berea, 15 de dezembro de 2021),[1][2] mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks (escrito em minúsculas),[3][4] foi uma autora, professora, teórica feminista, artista e ativista antirracista estadunidense.
hooks publicou mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos, apareceu em vários filmes e documentários, e participou de várias palestras públicas. Sua obra incide principalmente sobre a interseccionalidade de raça, capitalismo e gênero, e aquilo que hooks descreve como a capacidade destes para produzir e perpetuar sistemas de opressão e dominação de classe. Hooks teve uma perspectiva pós-moderna e foi influenciada pela pedagogia crítica de Paulo Freire.[5]
Ela começou sua carreira acadêmica em 1976 ensinando inglês e estudos étnicos na University of Southern California. Mais tarde, ela ensinou em várias instituições, incluindo Stanford University, Yale University e The City College of New York, antes de ingressar no Berea College em Berea, Kentucky, em 2004,[6] onde fundou o bell hooks Institute em 2014.[7] Seu pseudônimo foi emprestado de sua bisavó materna, Bell Blair Hooks.[8] A autora morreu de insuficiência renal em sua casa em Berea, Kentucky, aos 69 anos[9]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Gloria Jean Watkins nasceu em 25 de setembro de 1952, em Hopkinsville,[10] uma pequena cidade segregada, no estado de Kentucky,[11] no sul dos Estados Unidos. Ela cresceu em uma família de classe trabalhadora: seu pai, Veodis Watkins, era zelador e sua mãe, Rosa Bell Watkins, empregada doméstica em casas de famílias brancas, [12] e teve cinco irmãs e um irmão.[12] Em seu livro de memórias, Bone Black: Memories of Girlhood (1996), Watkins escreveu sobre sua "luta para criar sua identidade" enquanto crescia em "um rico mundo mágico da cultura negra do sul, que às vezes era paradisíaco e outras vezes aterrorizante".[13]
O nome "bell hooks" é um legado de sua bisavó [14][15] e as letras minúsculas foi uma escolha para dar enfoque ao conteúdo da sua escrita e não à sua pessoa, já que ela não queria ficar presa a uma identidade em particular, mas estar em permanente movimento.[16]
Inicialmente foi educada em escolas públicas segregadas racialmente, devido às Leis de Jim Crow em vigor nos Estados Unidos, nas quais, segundo ela, foi possível experimentar a educação como a prática de sua liberdade.[17] Aos 10 anos começa a escrever os seus primeiros poemas [18] e ao fazer a transição para uma escola integrada, no final dos anos 1960, [19] ela continuou a ter professores e colegas predominantemente brancos, enfrentando grandes adversidades.[17]
Foi uma leitora ávida, com os poetas William Wordsworth, Langston Hughes, Elizabeth Barrett Browning e Gwendolyn Brooks entre seus favoritos. [20]
Vida acadêmica
[editar | editar código-fonte]Depois de ter frequentado a Escola Secundária de Hopkinsville, em Hopkinsville, Kentucky, bell hooks conseguiu uma bolsa de estudo para concretizar a sua licenciatura em Letras na Universidade de Stanford, em 1973. Começou a escrever E eu não sou uma mulher? aos 19 anos, ao mesmo tempo em que trabalhava como telefonista.[18] Obteve seu bacharelado em inglês pela Stanford University em 1973,[21] e seu mestrado em inglês pela University of Wisconsin–Madison em 1976.[22] Durante esse tempo, Watkins estava escrevendo seu livro E eu não sou uma mulher?, que depois foi publicado em 1981.[23]
Em 1983, após vários anos lecionando e escrevendo, ela concluiu seu doutorado em inglês na Universidade da Califórnia, Santa Cruz, com uma dissertação sobre a autora Toni Morrison intitulada "Keeping a Hold on Life: Reading Toni Morrison's Fiction".[24][25][26][27]
Docência
[editar | editar código-fonte]A sua carreira docente começou em 1976 como professora de Inglês e professora sênior de Estudos Étnicos na Universidade do Sul da Califórnia,[18] depois de terminado o doutoramento em literatura inglesa. Durante os anos que lecionou nesta Universidade, Golemics, uma editora de Los Angeles, publicou a sua primeira obra, um livro de poemas intitulado "And There We Wept" (1978), já sob o pseudónimo bell hooks.[28]
Ensinou em várias instituições no início dos anos 1980 e década de 1990, incluindo a Universidade da Califórnia, Universidade do Estado de São Francisco, Yale, Oberlin College e City College of New York. Em 1981, a South End Press publicou o seu trabalho principal, E Eu Não Sou Uma Mulher? Mulheres Negras e Feminismo, escrito anos antes quando era uma estudante universitária.[28] A seguir a essa publicação ganhou um reconhecimento generalizado pela contribuição para o pensamento feminista.[29]
Depois de ter ocupado vários cargos na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, no início da década de 1980, aceitou o convite para lecionar Estudos Afro-Americanos na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut.[29] Em 1988 entrou para o corpo docente de Oberlin College, em Ohio, para lecionar Estudos sobre as Mulheres. Quando começou a trabalhar no City College de Nova Iorque em 1995, hooks decidiu deixar a editora Killing Rage, mudando para a editora Henry Holt.[18]
Produção intelectual
[editar | editar código-fonte]A autora atribui à relação com sua mãe, Rosa Bell, a inspiração para escrever E Eu Não Sou Uma Mulher? Mulheres Negras e Feminismo, por ter sido uma mulher que incentivou as seis filhas a serem capazes de cuidar de si, sem jamais dependerem de um homem.[27] Onze anos depois, o site Publishers Weekly, especialista no ramo de publicação literária, avaliou E eu não sou uma mulher? como um dos vinte livros mais influentes, escritos por mulheres nos vinte anos anteriores.[27][30]
Ao mesmo tempo, hooks tornou-se uma importante pensadora política e crítica cultural esquerdista e pós-moderna.[31] Ela publicou mais de 30 livros,[32] variando em tópicos como homens negros, patriarcado e masculinidade em obras do tipo autoajuda; pedagogia engajada e memórias pessoais; e sexualidade (no que diz respeito ao feminismo e políticas de estética e cultura visual). Reel to Real: raça, sexo e classe no cinema (1996) reúne ensaios de filmes, críticas e entrevistas com diretores de cinema [33], o que rendeu um comentário de Hua Hsu no The New Yorker, dizendo que que essas entrevistas mostravam a faceta do trabalho de hooks que era "curioso, empático, em busca de camaradas".[34]
Em Feminist Theory: From Margin to Center (1984), hooks desenvolveu uma crítica ao racismo feminista branco na segunda onda do feminismo, que ela argumentou minar a possibilidade de solidariedade feminista através das linhas raciais.[35] hooks ainda argumentou que a comunicação e a alfabetização (a capacidade de ler, escrever e pensar criticamente) são necessárias para o movimento feminista, porque sem elas, as pessoas podem não crescer para reconhecer as desigualdades de gênero na sociedade.[36]
Em 2002, hooks fez um discurso de formatura na Southwestern University. Evitando o modo de parabéns dos discursos tradicionais de formatura, ela falou contra o que considerava violência e opressão sancionadas pelo governo e advertiu os alunos que ela acreditava que concordavam com tais práticas.[37][38] O Austin Chronicle relatou que muitos na plateia vaiaram o discurso, embora "vários graduados tenham ignorado o reitor para apertar sua mão ou dar-lhe um abraço".[37]
Em 2004, ingressou no Berea College como Distinguished Professor in Residence.[39] Seu livro de 2008, pertencente: a cultura do lugar, inclui uma entrevista com o autor Wendell Berry e uma discussão sobre sua mudança de volta para o Kentucky.[40] Ela foi bolsista residente na The New School em três ocasiões, a última vez em 2014.[41] Também em 2014, o bell hooks Institute foi fundado no Berea College,[42] onde ela doou seus trabalhos e documentos em 2017.[43]
Ela foi incluída no Hall da Fama dos Escritores de Kentucky em 2018.[44][45]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Em relação à sua identidade sexual, hooks se descreveu como 'queer-pas-gay' [46][47][48], utilizando o 'pas' da língua francesa, traduzindo para não, na língua inglesa, afirmando: "Como a essência do queer, penso no trabalho de Tim Dean sobre ser queer e não-queer, como sendo sobre com quem você está fazendo sexo - isso pode ser uma dimensão do tema - mas penso em queer como sendo algo sobre sobre a própria pessoa, que está em desacordo com tudo ao seu redor, e tem que inventar, criar e encontrar um lugar para falar, prosperar e viver."[49][50]
Durante uma entrevista com Abigail Bereola em 2017, seus comentários revelaram a Bereola que ela era solteira, enquanto discutiam sua vida amorosa. Durante a entrevista, hooks disse a Bereola: "Não tenho parceiro. Sou celibatária há 17 anos. Eu adoraria ter um parceiro, mas não acho que minha vida seja menos significativa por não ter."[51]
Morte
[editar | editar código-fonte]No dia 15 de dezembro de 2021, hooks morreu aos 69 anos em sua residência em Berea, cidade do interior de Kentucky.[52][53] De acordo com o jornal estadunidense The Washington Post, hooks sofreu uma insuficiência renal relacionada com uma doença não revelada.[54][55]
Filmografia
[editar | editar código-fonte]- Preto é.. . Preto não é (1994)[56]
- Dê a mínima novamente (1995)[57]
- Crítica Cultural e Transformação (1997)[58]
- Meu Feminismo (1997)[59]
- Vozes do Poder (1999)[60]
- BaadAsssss Cinema (2002)[61]
- Eu sou um homem: masculinidade negra na América (2004)[62]
- Feliz por ser Fralda e Outras Histórias de Mim (2004)[63]
- O feminismo está morto? (2004)[64]
- Luz feroz: quando o espírito encontra a ação (2008)[65]
- Ocupe o amor (2012)[66]
- Hillbilly (2018)[67]
Obras
[editar | editar código-fonte]Recursos de biblioteca sobre bell hooks |
Por bell hooks |
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- hooks, bell (1978). And There We Wept: Poems (em inglês). [S.l.]: Golemics. 19 páginas. OCLC 6230231
- hooks, bell; West, Cornel (1991). Breaking Bread: Insurgent Black Intellectual Life (em inglês). Boston: South End Press. 196 páginas. ISBN 978-0-89608-414-8
- hooks, bell (1993). Sisters of the yam: Black women and self-recovery (em inglês). Boston: South End Press. 208 páginas. ISBN 978-11-38-82168-2
Traduzidas ao português
[editar | editar código-fonte]- hooks, bell (2020) [1981]. Ain't a Woman: Black Women and Feminism [E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e Feminismo] 7ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 320 páginas. ISBN 978-85-01-11740-3
- hooks, bell (2019) [1984]. Feminist Theory: From Margin to Center [Teoria feminista: Da margem ao centro] 1ª ed. [S.l.]: Perspectiva. 256 páginas. ISBN 978-85-27-31166-3
- hooks, bell (2019) [1989]. Talking Back: Thinking feminist, thinking Black [Erguer a voz: Pensar Como Feminista, Pensar Como Negra]. São Paulo: Editora Elefante. 380 páginas. ISBN 978-85-93-11525-7
- hooks, bell (2019) [1990]. Yearning: Race, Gender, and Cultural Politics [Anseios: Raça, Gênero e Políticas Culturais] 1ª ed. São Paulo: Editora Elefante. 448 páginas. ISBN 978-85-93-11548-6
- hooks, bell (2019) [1992]. Black Looks: Race and representation [Olhares Negros: Raça e Representação] 1ª ed. São Paulo: Editora Elefante. 356 páginas. ISBN 978-85-93-11521-9
- hooks, bell (2021) [2000]. All About Love: New Visions [Tudo sobre o amor: Novas Perspectivas]. São Paulo: Editora Elefante. 272 páginas. ISBN 978-65-87-23524-0
- hooks, bell (2020) [2010]. Teaching Critical Thinking: practical wisdom [Ensinando Pensamento Crítico: Sabedoria Prática] 1ª ed. São Paulo: Editora Elefante. 294 páginas. ISBN 978-65-87-23512-7
- hooks, bell (2018) [2015]. Feminism Is for Everybody: Passionate Politics [O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras] 1ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 209 páginas. ISBN 978-65-5587-225-5
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]- Anseio: Raça, Gênero e Política Cultural: The American Book Awards / Before Columbus Foundation Award (1991) [68]
- bell hooks: The Writer's Award do Lila Wallace–Reader's Digest Fund (1994) [69]
- Happy to Be Nappy: indicado ao NAACP Image Award (2001) [70]
- Homemade Love: O livro infantil do ano da Bank Street College (2002) [71]
- Salvation: Black People and Love: indicado ao Hurston/Wright Legacy Award (2002) [72]
- bell hooks: Utne Reader ' s "100 visionários que poderiam mudar sua vida"[73][74]
- bell hooks: The Atlantic Monthly ' s "Um dos principais intelectuais públicos da nossa nação"[73]
- bell hooks: TIME 100 Women of the Year, 2020[75]
Referências
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- ↑ «Footlights». The New York Times (em inglês). 21 de Agosto de 2002. ISSN 0362-4331. Consultado em 15 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 5 de Março de 2020
- ↑ a b Rappaport, Scott (25 de Abril de 2007). «May 10 bell hooks event postponed». UC Santa Cruz, Regents of the University of California. Consultado em 15 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 18 de Agosto de 2021
- ↑ «Get to Know bell hooks». The bell hooks center (em inglês). Consultado em 15 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 15 de Dezembro de 2021
- ↑ hampton, dream (5 de Março de 2020). «bell hooks: 100 Women of the Year». Time (em inglês). Consultado em 16 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 15 de Dezembro de 2021
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Trend, David, ed. (1996). «Representation and Democracy: An Interview» [Representação e Democracia: Uma Entrevista]. adical democracy: identity, citizenship, and the state [Democracia Radical: identidade, cidadania e estado] (em inglês). Nova Iorque: Routledge. pp. 228–236. ISBN 978-04-15-91247-1
- Florence, Namulundah (1998). Bell Hooks' engaged pedagogy : a transgressive education for critical consciousness [Pedagogia engajada de Bell Hooks: uma educação transgressora para a consciência crítica] (em inglês). Westport: Bergin & Garvey. ISBN 978-08-97-89565-1. OCLC 38239473
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Artigos de bell hooks publicados na revista Lion's Roar.
- South End Press (livros de hooks publicados pela South End Press)
- Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (esboço biográfico dos hooks)
- "Postmodern Blackness" ["Negritude pós-moderna"] (artigo de hooks)
- Whole Terrain (artigos de hooks publicados na Whole Terrain)
- Challenging Capitalism & Patriarchy [Desafiando o capitalismo e o patriarcado] (entrevistas com hooks pelo Third World Viewpoint)
- Ingredients of Love [Ingredientes do Amor] (uma entrevista para a revista Ascent)
- bell hooks. no IMDb.
- Vídeos no C-SPAN