Benedito Antônio da Silva
Benedito Antônio da Silva | |
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Presidente da Câmara Municipal de Santo Amaro | |
Dados pessoais | |
Nascimento | 1822 Santo Amaro, São Paulo |
Morte | 1902 (80 anos) São Paulo |
Progenitores | Mãe: D. Gertrudes Maria Branco Pai: Ten. Manoel Joaquim do Rosario e Silva |
Partido | Conservador |
Profissão | Empresário, Financista e Banqueiro |
Benedito Antônio da Silva (Santo Amaro, 1822 - São Paulo, 1902) foi um financista, banqueiro, major comandante da guarda nacional de Santo Amaro[1] e coronel brasileiro. Possuía uma das maiores fortunas do fim do Brasil Imperial. Esteve entre os fundadores das seguintes companhias Brasileiras: Banco da Lavoura, Companhia Docas de Santos, Companhia de Águas e Esgotos da Cantareira (SABESP), Companhia de Águas São Lourenço, a ferrovia da Companhia Rio-Clarense[2][3], entre outras. Foi proprietário da histórica Chácara do Capão em São Paulo, terras em que hoje se encontra a Avenida Paulista[4] e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Sua casa no Páteo do Colégio, foi tombada pelo Condephaat. A casa se chama Casa Número Um e fica localizada ao lado do Solar da Marquesa de Santos.
Família
[editar | editar código-fonte]Era de tradicional família paulistana, era sobrinho-neto e genro do sargento-mor comandante José da Silva de Carvalho, que foi confirmado por carta real como comandante da Vila de Santo Amaro, homem abastado, grande proprietário de terras e escravos [5].
Tinha entre seus parentes importantes figuras da sociedade Imperial, como seu meio irmão José Manuel da Silva, o barão do Tietê, e seu sobrinho, o senador Rodrigo Augusto da Silva.[6] Sua filha foi feita com seu marido baronesa de Bernardo Pinto pelo Rei de Portugal. Seu filho, Dr. Manoel Claudino da Silva, foi pioneiro industrial e medico formado pela tradicional Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos. Dr. Manoel constrói em Taubaté diversos empreendimentos pioneiros. Começou a construção de uma fabrica de cristais e vidros em 1902, chamada na época de Companhia de Vidros e Cristaes Jacques Felix. Em Taubaté instalou também uma fazenda modelo de reprodução de gado de raça e uma granja.
Negócios
[editar | editar código-fonte]Seus empreendimentos representaram uma importante participação no desenvolvimento do estado de São Paulo, envolvendo inovação no setor financeiro, implementação do saneamento na capital, evolução do transporte ferroviário fundamental para a economia cafeeira e ampliação do porto de Santos.
Em 1886, juntamente com Francisco de Paula Rebello Silva e Domingos Sertório, funda o Banco da Lavoura para financiar a lavoura durante o período de transição do trabalho escravo ao trabalho livre. Foi inovador, criando uma linha de crédito para os agricultores. Ele oferecia empréstimos recebendo como garantia futuras colheitas, animais e máquinas. Foi inovador pois nesta época, as linhas de crédito costumavam receber como garantias prata, ouro, pedras preciosas [7].
Até o século XIX, os chafarizes e as fontes, além dos rios, significavam o abastecimento de água na cidade de São Paulo e os esgotos eram transportados por escravos em cubas para serem vazados sem tratamento nos córregos.
Em outubro de 1875, juntamente com o coronel Antônio Proost Rodovalho e o engenheiro Daniel Makinson Fox, Benedito Antônio Silva celebrou um contrato com o governo provincial para suprir o abastecimento de água na cidade de São Paulo, através da captação da águas da Serra da Cantareira e um sistema distribuidor nas ruas e casas da cidade. O prazo de concessão foi estipulado em 70 anos. É o início da Companhia Cantareira e Exgottos. Em 1878, na presença do imperador Dom Pedro II, Dr João Batista Pereira e de outras figuras importantes da época, foi lançada a pedra fundamental das obras da primeira caixa de abastecimento de água para a cidade na chácara de Benedito no alto da Consolação (atual reservatório da Consolação) [8].
Em 1880, em plena época cafeeira onde encontrar uma forma de transportar o café do interior para outras cidades era essencial, Benedito recebeu a concessão para organizar a Companhia Rio Claro de Estradas de Ferro juntamente com os irmãos Adolpho Pinto e Luis Augusto Pinto. Estes dois últimos venderiam posteriormente sua parte para o Barão de Pinhal, Antônio Carlos de Arruda Botelho. Esta ferrovia apesar de pouco mencionada na historiografia brasileira, teve um papel importantíssimo para a economia cafeeira e para o desenvolvimento do sistema ferroviário paulista [9].
Em 1888, Benedito juntamente com José Pinto de Oliveira, Cândido Gaffrée, Eduardo Palacin Guinle, João Gomes Ribeiro de Aguilar, Alfredo Camilo Valdetaro e Barros e Braga & Cia, ganham a concorrência para explorar o porto de Santos por 90 anos. Assim em 1889 é criada a Empresa das Obras de Melhoramento do Porto de Santos e em 1890 é assinado o termo de concessão com a criação da Companhia Docas de Santos [10].
Filantropia
[editar | editar código-fonte]Foi Ministro e Vice-Ministro da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco[11]; irmão mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde exerceu a mordomia do Hospital por vários anos. Em 1880 sob sua direção foi criado o Externato São José, parte da Santa Casa.[12] Foi ainda conselheiro da Irmandade do Senhor dos Passos no Convento do Carmo de São Paulo; foi juntamente com o barão do Tietê, irmão mesário da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Santo Amaro.[13]
Referências
- ↑ Marques, Abílio A. S. Indicador de São Paulo administrativo, judicial, profissional e comercial para o ano de 1878, p. 13
- ↑ Brazil (1881). Coleção das leis. [S.l.]: Imprensa Nacional
- ↑ «Companhia Rio-Clarense». www.promemoria.saocarlos.sp.gov.br. Consultado em 19 de dezembro de 2021
- ↑ Historia das Ruas de Sao Paulo [1]
- ↑ «Rodrigo Augusto da Silva - Wikiwand». www.wikiwand.com. Consultado em 14 de junho de 2020
- ↑ Zenha, Edmundo A Vila de Santo Amaro, IHGSP, 1977, p. 120 e p.154
- ↑ Hanley, Anne G. (30 de setembro de 2005). Native Capital: Financial Institutions and Economic Development in São Paulo, Brazil, 1850-1920 (em inglês). [S.l.]: Stanford University Press
- ↑ «A primeira estatização dos serviços de saneamento em São Paulo « Portal Ambiente Legal». Consultado em 14 de junho de 2020
- ↑ Grandi, Guilherme; Silva, Marcio Renato Pinheiro da (2007). Café e expansão ferroviária: a Companhia E.F. Rio Claro, 1880-1903. [S.l.]: Annablume
- ↑ «Porto de Santos». Consultado em 14 de junho de 2020
- ↑ Marques, 1878, p. 132 a 135
- ↑ Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, IHGSP, V. 44, 1948
- ↑ Zenha, 1977 p. 194
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Prefeitura de São Paulo - Casa número um [2]