Cláudio Hummes

Cláudio Hummes
Cardeal da Santa Igreja Romana
Presidente emérito da Conferência Eclesial da Amazônia - CEAMA
Prefeito emérito da Congregação para o Clero
Presidente do Conselho Internacional de Catequese
Cláudio Hummes
Cláudio Cardeal Hummes
Atividade eclesiástica
Ordem Ordem dos Frades Menores
Diocese Diocese de Roma
Nomeação 31 de outubro de 2006
Predecessor Darío Cardeal Castrillón Hoyos
Sucessor Mauro Cardeal Piacenza
Mandato 2006–2010
Ordenação e nomeação
Profissão Solene 2 de fevereiro de 1956
Ordenação presbiteral 3 de agosto de 1958
por João Resende Costa, S.D.B.
Nomeação episcopal 22 de março de 1975
Ordenação episcopal 25 de maio de 1975
Catedral Metropolitana de Porto Alegre
por Aloísio Cardeal Lorscheider, O.F.M.
Nomeado arcebispo 29 de maio de 1996
Cardinalato
Criação 21 de fevereiro de 2001
por Papa João Paulo II
Ordem Cardeal-presbítero
Título Santo Antônio de Pádua na Via Merulana
Brasão
Lema OMNES VOS FRATRES
Vós sois todos irmãos
Dados pessoais
Nascimento Montenegro, RS
8 de agosto de 1934
Morte São Paulo, SP
4 de julho de 2022 (87 anos)
Nome religioso Frei Cláudio Hummes
Nome nascimento Auri Afonso Hummes
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Maria Frank Hummes
Pai: Pedro Adão Hummes
Funções exercidas -Bispo coadjutor de Santo André (1975)
-Bispo de Santo André (1975-1996)
-Arcebispo de Fortaleza (1996-1998)
-Arcebispo de São Paulo (1998-2006)
Sepultado Catedral Metropolitana de São Paulo
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Cláudio Hummes O.F.M.GOMM (Montenegro, 8 de agosto de 1934São Paulo, 4 de julho de 2022) foi um frade franciscano, sacerdote católico brasileiro. Foi o décimo oitavo bispo de São Paulo, sendo seu sexto arcebispo e quarto cardeal. Na Cúria Romana foi prefeito da Congregação para o Clero.

Nasceu em Salvador do Sul, então território do município de Montenegro, no Rio Grande do Sul,[1] com os prenomes "Auri Afonso", filho de Pedro Adão Hummes e Maria Frank Hummes, teuto-brasileiros.[2] Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1 de fevereiro de 1952, emitindo os primeiros votos no dia 2 de fevereiro de 1953. Professou solenemente no dia 2 de fevereiro de 1956, quando então mudou seu nome para "Cláudio".[3][4]

Foi ordenado presbítero no dia 3 de agosto de 1958, em Divinópolis, por Dom João Resende Costa, então arcebispo coadjutor de Belo Horizonte.[3][4]

Atividades antes do episcopado

Em 22 de março de 1975, foi eleito bispo-titular de Carcábia e bispo-coadjutor de Santo André, com direito à sucessão. Em 25 de maio de 1975, aos quarenta anos de idade, recebeu a ordenação episcopal na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, sendo sagrante principal Dom Frei Aloísio Leo Arlindo Cardeal Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza, e consagrantes Dom Mauro Morelli, então bispo-auxiliar de São Paulo, e Dom Urbano José Allgayer, então bispo-auxiliar de Porto Alegre.[3][4] Tomou posse em 29 de junho de 1975, e em 29 de dezembro do mesmo ano assumiu como bispo diocesano de Santo André, sucedendo a Dom Jorge Marcos de Oliveira.[5] Foi em Santo André que começou a ter contato com o movimento sindical da região, que se organizava contra a Ditadura Militar. Tornou-se amigo do futuro presidente Lula e aproximou-se da Teologia da Libertação. Com a redemocratização, passou a criticar os abusos do capitalismo e da globalização.[6] No entanto, manteve-se próximo da doutrina tradicional da Igreja em temas sexuais, como o aborto e o uso de anticoncepcionais.[6]

Em 29 de maio de 1996, foi nomeado arcebispo de Fortaleza. Quando pastoreou a Arquidiocese de Fortaleza, Dom Cláudio criou duas paróquias e, no campo social, apoiou a demarcação das terras indígenas dos índios Tapebas, bem como interveio em favor dos sem-terra em conflito com o governo local. Em 15 de abril de 1998 foi transferido para a Sé de São Paulo, tomando posse em 23 de maio.[3][4]

Era considerado moderado, sendo preocupado com as questões sociais e zeloso em relação à doutrina da Igreja. Defensor dos direitos dos trabalhadores, foi uma voz de contestação ao regime militar brasileiro. Em 2003, foi admitido pelo presidente da época, Luiz Inácio Lula da Silva, à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[7]

Polêmica com Wikileaks

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Junto aos telegramas diplomáticos divulgados pela Wikileaks consta que, em reunião com a embaixada americana, da qual também participou o cardeal Juan Sandoval Íñiguez, este e Dom Cláudio expressaram preocupação quanto "aos pobres na América Latina não entenderem os benefícios potenciais do livre mercado, pediram ajuda à USG, reconhecendo que a Igreja, embora necessariamente cautelosa, também pode vir a desempenhar um papel mais importante".[8]

Em 21 de janeiro de 2001, foi anunciada a sua criação como cardeal pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 21 de fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de Santo Antônio de Pádua na Via Merulana.[3][4] Em 2002, Dom Cláudio Hummes foi o orientador dos exercícios espirituais (retiro) dos quais o Papa João Paulo II e a Cúria Romana participaram em fevereiro. Foi um dos cardeais eleitores do Conclave de 2005, tendo sido considerado papabile pela imprensa mundial.

Em 31 de outubro de 2006, foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero, função que exerceu até o dia 7 de outubro de 2010, quando foi aceita sua renúncia pelo Papa Bento XVI.[9]

Em 18 de abril de 2011, o Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo Dom Odilo Scherer o nomeou Vigário-Geral da Arquidiocese de São Paulo e orientador das Pastorais do Mundo do Trabalho, dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades.

No dia 25 de junho de 2011, foi nomeado pela Presidência da CNBB como presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.

O Papa Bento XVI o nomeou membro da Pontifícia Comissão para a América Latina no dia 19 de julho de 2011.[10]

Quando da eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa, influenciou decisivamente na sua escolha de um nome papal, com a frase dita ao recém-eleito, ainda na Capela Sistina: "Não esqueça dos pobres".[11][12][13] Tendo sido cotado como possível sucessor de João Paulo II e Bento XVI, foi considerado o principal articulador da eleição de Bergoglio, junto de quem havia sido nomeado cardeal.[1][6][14]

Em 4 de maio de 2019, foi nomeado pelo Papa Francisco relator do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica.[3] Em 29 de junho de 2020, foi eleito Presidente da recém-fundada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).[3][15] Em 26 de março de 2022, alegando problemas de saúde, renunciou à presidência da CEAMA.[16]

Morreu em 4 de julho de 2022, aos 87 anos, na cidade de São Paulo, em decorrência de um câncer no pulmão.[17]

Brasão e lema

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Descrição: Escudo eclesiástico, partido: o 1.º de sépia com um in-fólio aberto de argente, tendo uma espada e uma pena do mesmo, postas em aspa e brocantes sobre o livro. O 2.º de argente, com um braço humano vestido de sépia, movente do flanco dextro, e outro de carnação, movente do flanco senestro, passados em aspa e com ambas as mãos chagadas de goles, encimados de uma cruz latina de sépia – modificado das Armas da Ordem Franciscana. Chefe de blau com uma estrela de doze pontas, de sépia, perfilada de jalde. O escudo está assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio branco com cruzetas de sable. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de duas travessas de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, tudo de vermelho. Brocante sob a ponta da cruz um listel de blau com a legenda: OMNES VOS FRATRES, em letras de argente.

Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. No 1.º, o campo sépia representa a cor do hábito franciscano, à qual pertence o cardeal, sendo equivalente ao sable (negro), que simboliza a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência ao Sucessor de Pedro. O in-fólio com a espada e a pena representam São Paulo Apóstolo, numa referência ao padroeiro do Estado, da cidade e da Arquidiocese, sendo de argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloquência, virtudes essenciais num bispo.

No 2.º, o metal argente (prata), com seu significado já descrito, substituiu o blau (azul) do brasão original franciscano; os braços representam os membros de Nosso Senhor Jesus Cristo e de São Francisco de Assis, na recepção das chagas; a cruz é o sinal da fé cristã e da salvação. O chefe em blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima, sob cuja proteção o cardeal pôs sua vida sacerdotal, e, heraldicamente, significa justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza; a estrela de doze pontas representa Nosso Senhor Jesus Cristo e seus doze apóstolos, sendo de sépia simboliza a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência, e seu perfilado de jalde (ouro) simboliza nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortino. O lema é tirado da Bíblia (Mt 23,8): "Vós sois todos irmãos", sendo bem apropriado para um frade franciscano.

Atividades e contribuições

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Atividade na Cúria Romana

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Membro de:

Membro dos:

Obras publicadas

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  • Hummes, Cláudio. Renovação das provas tradicionais da existência de Deus por Maurice Blondel em L'Action (1893). Tese (Doutorado). Braga: Tip. Editorial Franciscana, 1964.
  • Fé e compromisso político. São Paulo: Paulinas, 1982.
  • Betto, Frei (org.). Desemprego, causas e conseqüências. São Paulo: Paulinas, 1984. 96 p. (Autores: Frei Betto, Paul Singer, José de Souza Martins, Luiz Inácio Lula da Silva, Cláudio Hummes.)
  • Hummes, Cláudio. Sempre discípulos de Cristo: retiro espiritual do Papa e da Cúria Romana. São Paulo: Paulus, 2002. 184 p.
  • Hummes, Cláudio. Diálogo com a cidade. São Paulo: Paulus, 2005. 408 p.

Bispos ordenados

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Ordenações diaconais

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Ordenações presbíteros

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Ordenações episcopais

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O Cardeal Hummes foi o principal celebrante da ordenação episcopal dos seguintes bispos:

Foi concelebrante da ordenação episcopal de:

Referências

  1. a b «Morre Cláudio Hummes, cardeal gaúcho que inspirou o papa a escolher o nome Francisco». GZH. 4 de julho de 2022. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  2. Beguoci, Leandro (25 de março de 2007). «Alemães ganham força na igreja brasileira». Folha de S.Paulo. Consultado em 22 de setembro de 2024 
  3. a b c d e f g h The Cardinals of the Holy Roman Church
  4. a b c d e Catholic Hierarchy
  5. «Cláudio Cardinal Hummes, O.F.M.» (em inglês). Catholic Hierarchy. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  6. a b c Reinaldo José Lopes (4 de julho de 2022). «Morre dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, aos 87 anos». Folha de S.Paulo. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  7. BRASIL, Decreto de 25 de março de 2003.
  8. «Vatican and archbishops sought U.S. support to undermine left-wing leaders in South America» 
  9. «Papa Bento XVI aceita renuncia de dom Cláudio Hummes do cargo de prefeito da Congregação para o Clero». CNBB. Consultado em 9 de outubro de 2010. Arquivado do original em 11 de outubro de 2010 
  10. «Cardeal dom Cláudio Hummes é nomeado membro da Pontifícia Comissão para a América Latina». Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Consultado em 19 de julho de 2011. Arquivado do original em 21 de agosto de 2011 
  11. CARDILLI, Juliana (16 de março de 2013). «Papa diz que decidiu nome após frase de cardeal brasileiro». G1. Consultado em 16 de março de 2013 
  12. publico.pt (16 de março de 2013). «Foi por causa dos pobres que pensei em Francisco». Publico.pt. Consultado em 16 de março de 2013 
  13. Agência Ecclesia. «Papa quer uma «Igreja pobre e para os pobres»-16/mar/2013». Consultado em 16 de março de 2013 
  14. «Dom Cláudio Hummes morre aos 87 anos em São Paulo». Correio do Povo. 4 de julho de 2022. Consultado em 4 de julho de 2022 
  15. «Comunicado Oficial da Assembleia do Projeto de Constituição da Conferência Eclesial da Amazônia» (PDF) 
  16. «Dom Cláudio Hummes renunciou à presidência da CEAMA». Vatican News. 28 de março de 2022. Consultado em 28 de março de 2022 
  17. «Morre Cardeal Cláudio Hummes, franciscano que defendeu povos indígenas e influenciou escolha do nome do Papa». G1. 4 de julho de 2022. Consultado em 31 de dezembro de 2022 

Ligações externas

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Precedido por
José Lafayette Ferreira Álvares
Brasão episcopal.
Bispo titular de Carcábia

1975
Sucedido por
Vittorio Luigi Mondello
Precedido por
Jorge Marcos de Oliveira
Brasão episcopal.
Bispo de Santo André

1975 - 1996
Sucedido por
Décio Pereira
Precedido por
Aloísio Cardeal Lorscheider, O.F.M.
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Fortaleza

1996 - 1998
Sucedido por
José Antônio Aparecido Tosi Marques
Precedido por
Paulo Evaristo Cardeal Arns, O.F.M.
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de São Paulo

1998 - 2006
Sucedido por
Odilo Pedro Cardeal Scherer
Precedido por
António Cardeal Ribeiro
Brasão arquiepiscopal
Cardeal-Presbítero de
Santo Antônio de Pádua na Via Merulana

2001 - 2022
Sucedido por
Américo Manuel Cardeal Alves Aguiar
Precedido por
Darío Castrillón Cardeal Hoyos

Prefeito da Congregação para o Clero

2006 - 2010
Sucedido por
Mauro Cardeal Piacenza