Rabiforcado-pequeno

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Espécime avistado na Austrália Ocidental
Espécime avistado na Austrália Ocidental

Espécime em pleno voo avistado na ilha Lady Elliot, Queenslândia, Austrália
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Suliformes
Família: Fregatidae
Gênero: Fregata
Espécie: F. ariel
Nome binomial
Fregata ariel
(Gray, 1845)
Distribuição geográfica
Distribuição global do rabiforcado-pequeno
Distribuição global do rabiforcado-pequeno
Sinónimos
Atagen ariel (Gray, 1845)

Rabiforcado-pequeno,[2] tesourão-pequeno[3] ou fragata-pequena[4] (nome científico: Fregata ariel) é uma espécie de ave suliforme da família dos fregatídeos (Fregatidae). Está distribuída pelos oceanos, sendo sua área de reprodução restrita ao Índico, e porção oeste do Pacífico, com apenas uma colônia no sul do Oceano Atlântico, em Trindade e Martim Vaz, no Brasil.[1]

O rabiforcado-pequeno foi descrito pela primeira vez como Atagen ariel pelo zoólogo inglês George Gray em 1845 a partir de um espécime coletado na ilha de Raine, Queenslândia, Austrália.[5] O rabiforcado-pequeno é uma das cinco espécies muito relacionadas entre si do gênero Fregata. As outras quatro são: o rabiforcado-grande (Fregata minor), o rabiforcado-de-natal (Fregata andrewsi), o rabiforcado-magnífico (Fregata magnificens) e o rabiforcado-de-ascensão (Fregata aquila). O gênero é o único membro da família dos fregatídeos.[6]

Três subespécies são reconhecidas:[6]

Alguns ornitólogos questionaram a validade dessas subespécies, pois parecem diferir apenas em seu tamanho.[12] Poucos exemplares museológicos do grupo Atlântico F. a. trinitatis existem, dificultando as comparações, mas um estudo abrangente publicado em 2017 descobriu que ela diferia das outras tanto na cor da plumagem quanto nos detalhes do esqueleto, levando à recomendação de tratá-la como uma espécie separada (Fregata trinitatis).[11]

O rabiforcado-pequeno é a menor espécie de rabiforcado e mede 66–81 centímetros (26–32 polegadas) de comprimento com uma envergadura de 155–193 centímetros (61–76 polegadas) e caudas longas bifurcadas. Aves machos pesam 625–875 gramas (1 378–1 929 libras). As aves fêmeas são mais pesadas e pesam 760–955 gramas (1 676–2 105 libras).[7]

Conservação

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Ovo abrigado no Museu de História Natural de Tolosa, França

A população mundial total é estimada em várias centenas de milhares de aves. Pelo menos seis mil casais se reproduzem nas ilhas Aldabra, no Oceano Índico, e outros 15 mil casais se reproduzem em ilhas ao largo da costa norte da Austrália. As maiores colônias estão nas ilhas Fénix e nas Espórades Equatoriais, no centro do Oceano Pacífico.[7] Ninhos colocados no chão são vulneráveis à predação por espécies introduzidas, como gatos ferais. A eliminação dos gatos das ilhas Howland, Baker e Jarvis levou ao restabelecimento e crescimento de colônias. A ilha Baker não tinha rabiforcados-pequenos nidificantes em 1965, mas após a eliminação dos gatos ferais na ilha por volta de 1970, as aves retornaram e em 2002 foram registrados 16 200 indivíduos.[13]

No Atlântico Sul, rabiforcados-pequenos da subespécie F. a. trinitatis costumavam se reproduzir em Fernando de Noronha, Santa Helena e Trindade. As populações de Fernando de Noronha e Santa Helena desapareceram na antiguidade e são conhecidas apenas a partir de restos subfósseis, estimados em algumas centenas de anos.[14] Mais recentemente, desapareceu como ave reprodutora da ilha principal da Trindade, restringindo efetivamente a sua área de reprodução conhecida a um pequeno ilhéu rochoso ao largo da ilha principal.[11] Não está claro se nidifica nas ilhas Martim Vaz, outra parte do arquipélago da Trindade.[14] A ilha principal da Trindade já foi coberta por floresta, mas depois que esta foi destruída, o sobrepastoreio das cabras introduzidas impediu qualquer recuperação. Uma série de programas de erradicação na segunda metade do século XX eliminou todos os vertebrados introduzidos, exceto os camundongos domésticos. Os gatos ferais, que haviam atingido seriamente as aves de nidificação no solo, foram finalmente erradicados em 1998.[10]

Algumas ilhas de áreas militares brasileiras tem a população humana composta apenas por alguns poucos militares da Marinha do Brasil, limitando o fácil acesso para ornitólogos. Em 1975-1976, o ornitólogo Storrs Olson visitou-as e relatou ter visto uma pequena colônia de 15 ninhos em uma ilhota rochosa ao largo da costa sul.[15] Ornitólogos relataram avistamentos em 1987 na mesma área geral dos avistamentos de 1975-1976, seguidos por alguns avistamentos na costa nordeste durante um levantamento de aves marinhas de 1994-2000 e avistamentos de um mínimo de seis indivíduos em 2014 na ilhota dos avistamentos de 1975-1976. Combinados, esses avistamentos sugerem que a população remanescente do Atlântico Sul é pequena, possivelmente com menos de 20 pares reprodutores. Se reconhecida como uma espécie separada, conforme proposto em 2017, essa espécie do Atlântico Sul se qualificaria como Criticamente Ameaçada.[11]

Por causa da grande população geral e alcance estendido, a espécie é classificada pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) como de menor preocupação.[1] Em 2005, foi classificada como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo, no sudeste do Brasil;[16] em 2014, como criticamente em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[17] e em 2018, como criticamente em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[18][19]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2012). Fregata ariel (em inglês). IUCN 2014. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2014. Página visitada em 18 de abril de 2022..
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 147. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. Sigrist, Tomas (2006). Aves do Brasil: Uma visão artística. São Paulo: Avis Brasilis. p. 106 e 136 
  4. «Parcerias institucionais entre o PROTRINDADE e CEMAVE/ICMBio viabilizam ação de conservação das aves marinhas do Arquipélago de Trindade e Martin Vaz». Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM). Consultado em 19 de abril de 2022 
  5. Meyer; Cottrell, eds. (1979). Checklist of birds of the world. Volume 1 2nd ed. [S.l.]: Museum of Comparative Zoology 
  6. a b «IOC World Bird List Version 4.4: Hamerkop, Shoebill, pelicans, boobies & cormorants». International Ornithologists’ Union. Consultado em 2 de dezembro de 2014 
  7. a b c d Orta, J; Garcia, EFJ; Kirwan, GM; Boesman, P. «Lesser Frigatebird (Fregata ariel)». In: del Hoyo; Elliott; Sargatal; Christie; de Juana. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions  (inscrição necessária)
  8. Mathews, Gregory (1914). «On the species and subspecies of the genus Fregata». Australian Avian Record. 2 (6): 121, (117–121) 
  9. Miranda-Ribeiro, A de (1919). «A fauna vertebrada da Ilha da Trindade». Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro. 22: 192, (171–194) 
  10. a b Alves, R. J. V.; da Silva, N. G.; Aguirre-Muñoz, A (2011). «Return of endemic plant populations on Trindade Island, Brazil, with comments on the fauna». In: Veitch; Clout; Towns. Island invasives: eradication and management: proceedings of the International Conference on Island Invasives (PDF). Glande, Suíça: IUCN. pp. 259–263. OCLC 770307954 
  11. a b c d Olson, Storrs L. (dezembro de 2017). «Species Rank For the Critically Endangered Atlantic Lesser Frigatebird (Fregata trinitatis. The Wilson Journal of Ornithology (em inglês). 129 (4): 661–675. ISSN 1559-4491. doi:10.1676/1559-4491-129.4.661 
  12. Safford, Roger (2013). «Lesser Frigatebird Fregata ariel Frégate ariel». In: Safford; Hawkins. The Birds of Africa: Volume VIII: The Malagasy Region: Madagascar, Seychelles, Comoros, Mascarenes. Londres: Christopher Helm. pp. 185–188. ISBN 978-071366532-1 
  13. Rauzon, M. J.; Forsell, DJ; Flint, EN; Gove, JM (2011). «Howland, Baker and Jarvis Islands 25 years after cat eradication: the recovery of seabirds in a biogeographical context». In: Veitch; Clout; Towns. Island invasives: eradication and management: proceedings of the International Conference on Island Invasives (PDF). Glande, Suíça: IUCN. pp. 345–349. OCLC 770307954 
  14. a b Efe, Márcio Amorim (2008). «Fregata ariel (Gray, 1845)». Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção Volume 2. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). pp. 410–411. ISBN 978-85-7738-102-9 
  15. Olson, Storrs L. (1981). «Natural history of vertebrates on the Brazilian islands of the mid South Atlantic». National Geography Society Research Reports. 13: 481–492 
  16. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  17. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  18. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  19. «Fregata ariel Temminck». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 19 de abril de 2022. Cópia arquivada em 19 de abril de 2022 

Leitura adicional

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