Gabriel Almond
Gabriel Almond | |
---|---|
Nome completo | Gabriel A. Almond |
Nascimento | 12 de janeiro de 1911 Rock Island |
Morte | 25 de dezembro de 2002 |
Nacionalidade | estadunidense |
Ocupação | cientista político |
Gabriel A. Almond (12 de janeiro de 1911, Rock Island—25 de dezembro de 2002) foi um cientista político estadunidense, mais conhecido por seu trabalho pioneiro em política comparada, desenvolvimento político e cultura política. Almond foi professor-visitante em várias universidades, incluindo a Universidade de Tóquio, em Kiev e Belo Horizonte, Brasil.
Trabalho
[editar | editar código-fonte]Almond ampliou o campo da ciência política na década de 1950, integrando abordagens de outras disciplinas das ciências sociais, como sociologia, psicologia e antropologia, em seu trabalho. Ele transformou o interesse pela política externa em estudos sistemáticos de cultura e desenvolvimento político comparativo. A pesquisa de Almond acabou cobrindo muitos tópicos, incluindo a política dos países em desenvolvimento, o comunismo e o fundamentalismo religioso.
Almond foi um autor prolífico, publicando 18 livros e vários artigos de periódicos, e co-escrevendo muitos outros. Sua obra mais famosa foi The Civic Culture (1963), em co-autoria com Sidney Verba. Popularizou a ideia de uma cultura política – um conceito que inclui o caráter nacional e como as pessoas escolhem se governar – como um aspecto fundamental da sociedade. Almond e Verba distinguiram diferentes culturas políticas de acordo com seu nível e tipo de participação política e a natureza das atitudes das pessoas em relação à política. A Cultura Cívica foi um dos primeiros estudos de pesquisa transnacionais em larga escala realizados em ciência política e estimulou grandemente os estudos comparativos da democracia.
Almond também contribuiu para o trabalho teórico sobre desenvolvimento político. Em Comparative Politics: A Developmental Approach (1966), Almond e G. Bingham Powell propuseram uma variedade de formas culturais e funcionais de medir o desenvolvimento das sociedades. Por um período nas décadas de 1960 e 1970, as abordagens de Almond passaram a definir a política comparada.
Em um artigo de 1991 intitulado "Capitalismo e Democracia", em dois parágrafos Almond afirmou quais deveriam ser as agendas básicas para o estudo da governança nas universidades americanas: que o capitalismo e a democracia coexistem como os sistemas de governança predominantes em todo o mundo e eles invariavelmente interagem uns com os outros e se transformam ao longo do tempo".[1]
Consenso Almond–Lippmann
[editar | editar código-fonte]As semelhanças entre a visão de Almond e a de Walter Lippmann produziram o que ficou conhecido como o consenso Almond-Lippmann, que se baseia em três pressupostos:[2]
- A opinião pública é volátil, mudando erraticamente em resposta aos desenvolvimentos ou manipulações mais recentes.[3] As crenças de massa no início do século XX eram "muito pacifistas na paz e muito belicosas na guerra, muito neutralistas ou apaziguadoras nas negociações ou muito intransigentes".[4]
- A opinião pública é incoerente, carece de uma estrutura organizada ou consistente a tal ponto que as opiniões dos cidadãos norte-americanos podem ser melhor descritas como "não atitudes".[5]
- A opinião pública é irrelevante para o processo de formulação de políticas. Os líderes políticos ignoram a opinião pública porque a maioria dos americanos não pode "compreender nem influenciar os próprios eventos dos quais suas vidas e felicidade dependem".[6][7]
O consenso Almond-Lippmann foi altamente influente nas décadas de 1950 e 1960, mas enfraqueceu após a Guerra do Vietnã. A pesquisa atual refutou muito do consenso Almond-Lippmann, especialmente o segundo ponto de que a opinião pública é incoerente e carece de organização. De fato, pesquisas feitas pela Universidade de Pittsburgh e pela Universidade de Kentucky sugeriram que os americanos chegam a uma opinião sobre política externa usando ideologias abstratas, mas muitas vezes consistentes. Essas ideologias incluem suas atitudes em relação ao comunismo, militarismo, isolacionismo e assim por diante.[8]
Lippmann retratou sua visão anterior, argumentando que o público havia adotado uma abordagem mais sóbria da guerra do que os chefes de governo.[3]
Obras selecionadas
[editar | editar código-fonte]- Aggressive Behavior by Clients Toward Public Relief Administrators: A Configurative Analysis. 1934. "American Political Science Review", 28(4): 643-655. (com Harold D. Lasswell).
- The American People and Foreign Policy. 1950. Harcourt, Brace.
- The Appeals of Communism. 1954. Princeton University Press.
- The Politics of the Developing Areas. 1960. Princeton University Press. (editado com James S. Coleman).
- The Civic Culture: Political Attitudes and Democracy in Five Nations. 1963. Princeton University Press. (com Sidney Verba).
- Political Theory and Political Science. 1966. "American Political Science Review", 60(4): 869-879.
- Comparative Politics: A Developmental Approach. 1966. Little, Brown. (com G. Bingham Powell, Jr.).
- Comparative Politics Today: A World View. 1974. Little, Brown. (editor).
- Crisis, Choice, and Change: Historial Studies of Political Development. 1975. Little, Brown. (editado com Scott Flanagan e Robert Mundt).
- The Civic Culture Revisited. 1980. Little, Brown. (editado com Sidney Verba).
- The Return to the State. 1988. "American Political Science Review", 82(3): 853-874.
- A Discipline Divided: Schools and Sects in Political Science. 1990. Sage.
- Strong Religion: The Rise of Fundamentalisms Around the World. 2003. University of Chicago Press. (comh R. Scott Appleby e Emmanuel Sivan).
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ media.library.ku.edu.tr - pdf
- ↑ Holsti, Ole, R., and James M. Rosenau. 1979. "Vietnam, Consensus, and the Belief Systems of American Leaders." World Politics 32. (October):1–56
- ↑ a b Yuchtman-Yaar, Ephraim; Peres, Yoḥanan (2000). Between Consent and Dissent: Democracy and Peace in the Israeli Mind. [S.l.]: Rowman & Littlefield. p. 10. ISBN 9780847697120. Consultado em 10 de novembro de 2013
- ↑ Lippmann, Walter. 1955. Essays in the Public Philosophy. Boston: Little, Brown.
- ↑ Converse, Philip. 1964. "The Nature of Belief Systems in Mass Publics." In Ideology and Discontent, ed. David Apter, 206–261. New York: Free Press.
- ↑ Almond, Gabriel. 1950. The American People and Foreign Policy. New York: Harcourt, Brace.
- ↑ Kris, Ernst, and Nathan Leites. 1947. "Trends in Twentieth Century Propaganda." In Psychoanalysis and the Social Sciences, ed. Geza Rheim, pp. 393–409. New York: international University Press.
- ↑ Hurwitz, Jon (1987). «How are foreign policy attitudes structured? A Hierarchical Model». The American Political Science Review. 81 (4): 1099–1120. JSTOR 1962580. doi:10.2307/1962580 – via apsa
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Eulau, Heinz, Lucian Pye e Sidney Verba. 2003. "Memorial Resolution: Gabriel Almond." Stanford Reporter, 21 de Maio.
- Lockhart, Charles. 1993. "Gabriel Almond" in American Political Scientists: A Dictionary, eds. G. Utter e C. Lockhart. Greenwood Press.
- Martin, Douglas. 2003. "Gabriel A. Almond, 91, Political Scientist." The New York Times, 13 de Janeiro.
- Trie, Lisa. 2003. "Gabriel A. Almond, Preeminent Political Scientist, Dies." Stanford Reporter, 8 de Janeiro.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Mario Fuks, Bruno Reis e Fabrício Fialho. Desigualdades sociais e cultura política em Belo Horizonte in "XIII Congresso Brasileiro de Sociologia". Belo Horizonte, abril de 2007.