Gamelão

Gamelão

Um gamelão (em indonésio: gamelan) é um conjunto de música tradicional e também o instrumento musical coletivo típico das ilhas de Java e Bali, na Indonésia. É composto por uma série de metalofones, xilofones, kendang (tambores) e gongos, podendo algumas variantes incluir ainda flautas de bambu e instrumentos de cordas percutidas ou tocadas com arco, ou mesmo cantores.[1] Para muitos indonésios, a música de gamelão faz parte essencial da cultura indonésia,[2] sendo considerada a manifestação musical mais importante do país.[1]

Os instrumentos individualizados que integram o gamelão não são afináveis em geral, motivo pelo qual instrumentos de vários gamelões diferentes não são geralmente combináveis entre si.[3]

Conjunto musical representado em baixo-relevo de Borobudur

A palavra gamelão, quando se refere apenas aos instrumentos, provém do baixo javanês gamel, um tipo de martelo semelhante ao de um ferreiro.[4] O termo karawitan refere-se à execução dos instrumentos do gamelão e provém de rawit, que significa 'intricado' ou 'muito elaborado'.[4] A palavra provém da língua javanesa e tem origem no sânscrito rawit, que se refere ao estilo idealizado suave e elegante da música javanesa. Outra palavra com o mesmo étimo, pangrawit, descreve uma pessoa com essas características e usa-se de forma honorífica em relação aos executantes de gamelão. A palavra do alto javaês para gamelão é gangsa, formada a partir de tembaga e rejasa (cobre e estanho) ou tiga e sedasa (três e dez), referindo-se aos materiais usados nos gamelões de bronze ou às suas proporções.[5]

Orquestra de gamelão (1870-1891)

O gamelão precede a cultura hindu-budista que dominou a Indonésia à época dos seus registos mais antigos e é assim uma forma artística nativa do arquipélago. Os instrumentos desenvolveram-se até à forma atual durante o Império de Majapait.[6] Em contraste com a influência indiana em outras formas artísticas, a única influência musical indiana óbvia na música de gamelão é no estilo javanês de canto.[7]

Durante a Exposição Universal de 1889 em Paris, na França, relata-se que o compositor local Claude Debussy ficou impressionado com a apresentação de uma orquestra de gamelão enviada da Indonésia.[8]

A influência da música ocidental fez com que o gamelão perdesse força, porém, ao menos na segunda metade do século XX, ainda existiam milhares de orquestras na região.[1]

Estrutura musical

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Uma apresentação de gamelão geralmente consiste em três elementos, todos associados a diferentes grupos de instrumentos, sendo que tudo gira em torno de um elemento central, tocado em longas notas no saron, de maneira algo semelhante ao cantus firmus da Europa.[8]

O elemento central tem suas divisões indicadas com gongos, enquanto que o tambor kendang indica o andamento geral para o conjunto - eles formam, assim, o primeiro dos elementos musicais.[8]

O segundo elemento envolve sinos como o bonang e o gender (um tipo de xilofone), que desenvolvem frases em cima do elemento central, sem nunca se desvirtuar demais dele.[8]

O terceiro e último elemento faz o mesmo que o segundo, mas de forma um pouco mais livre e envolvendo outros instrumentos.[8] Um conjunto gamelão completo pode cobrir uma distância sonora de seis a sete oitavas.[8]

  • Geoffrey Hindley, ed. (1982). «Music of the oral traditions: The music of Indonesia». The Larousse Encyclopedia of Music (em inglês) 2ª ed. Nova York: Excalibur. ISBN 0-89673-101-4 

Referências

  1. a b c The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 30.
  2. Bramantyo Prijosusilo, 'Indonesia needs the Harmony of the Gamelan' Arquivado em 15 de janeiro de 2013, no Wayback Machine., The Jakarta Globe, 22 de fevereiro de 2011.
  3. The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 31.
  4. a b Lindsay, Jennifer (1992). Javanese Gamelan, p.10. ISBN 0-19-588582-1.
  5. Lindsay (1992), p.35.
  6. The Embassy of the Republic of Indonesia, Bulletin for National Museum of Canada (Ottawa: April 1961), p.2, cit. in Donald A. Lentz. The Gamelan Music of Java and Bali: An Artistic Anomaly Complementary to Primary Tonal Theoretical Systems. Lincoln: University of Nebraska Press, 1965. Page 5.
  7. Lentz, 5.
  8. a b c d e f The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 32.

Ligações externas

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