Império Buída
آل بویِه - Āl-e Buye Império Buída | ||||
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Império Buída em 970 | ||||
Continente | Ásia | |||
País | Iraque • Irã | |||
Capital | Xiraz | |||
Língua oficial | persa e árabe | |||
Religião | islã xiita[1] | |||
Governo | Monarquia hereditária | |||
Emir/Rei dos Reis | ||||
• 934-949 | Imade Adaulá | |||
Maleque Arraim | ||||
emir de emires | ||||
• 945 | Imade Adaulá | |||
Período histórico | Idade Média | |||
• 934 | Imade Adaulá se autoproclama "Emir" | |||
• | Adude Adaulá se autoproclama "Rei dos Reis" | |||
• 1062 | Dissolução |
O Império Buída ou Emirado Buída[2] foi um Estado iraniano medieval xiita que existiu de 934 a 1055.[3][4][5][6][7][8] Foi governado pela dinastia Buída, também referida como dinastia buída (em persa: آل بویه - "Al-e Buye"), que se originou em Dailão, em Guilão.[9] Eles fundaram uma confederação que controlou a maior parte do Irã e do Iraque nos séculos X e XI.
História
[editar | editar código-fonte]Os fundadores da confederação buída foram Ali ibne Buia e seus dois irmãos menores, Haçane e Amade. Originalmente um soldado a serviço dos ziaridas do Tabaristão, 'Ali conseguiu recrutar um exército que derrotou um general turco de Bagdá chamado Iacute em 934. Nos nove anos seguintes, os três irmãos conseguiram tomar o controle do resto do Califado Abássida. Ainda que eles aceitassem a autoridade formal do califa de Bagdá, os governantes buídas assumiram o controle efetivo do estado.
As primeiras décadas da confederação foram caracterizadas por grandes ganhos territoriais. Além da província de Pérsis e de Jibal, que foram conquistadas na década de 930, e do Iraque central, que se submeteu em 945, os buídas tomaram a Carmânia (967), Omã (967), Jazira (979), o Tabaristão (980) e Gurgã (981). Em seguida, porém, os buídas entraram numa fase de lento declínio, com partes da confederação gradualmente se separando (Moçul em 990 e o Tabaristão e Gurgã, em 997) ou sendo controladas por dinastias locais efetivamente autônomas (os cacuídas em Ispaã, por exemplo).
O período de quase um século de controle buída juntamente com a ascensão de outras dinastias na região representam um período da história iraniana por vezes chamado Intermezzo Iraniano, uma vez que representa um interlúdio entre o governo dos abássidas e os turcos seljúcidas.[10] De fato, como iranianos dailamitas, os buídas conscientemente reviveram símbolos e práticas da antiga dinastia persa sassânida.[11] O título escolhido por Adude Daulá foi o antigo Rei dos Reis (em persa: شاهنشاه), literalmente "rei dos reis".[12][13]
A confederação buída foi dividida entre e governada por diversos membros da dinastia. Eles reconheciam nominalmente a suserania dos califas de Bagdá, que, na verdade, não detinham nenhum poder temporal no estado. O título utilizado pelos governantes buídas era amir, que significa "governador" ou "príncipe". Geralmente um dos amires era reconhecido como tendo senioridade sobre os demais e este indivíduo usava o título de emir de emires.[13] Embora este cargo funcionasse como o líder formal dos buídas, o seu ocupante em geral não detinha nenhum poder significativo foram de seu próprio amirado e cada um dos amires gozava de grande autonomia em seus próprios territórios. Como mencionado acima, alguns dos mais poderosos amires se utilizavam do título sassânida de Rei dos Reis. A sucessão era hereditária, com pais dividindo o território entre os filhos.
O exército buída consistia de iranianos dailamitas, que serviam de infantaria a pé, e da cavalaria turca que fora muito importante no exército abássida. Os dailamitas e os turcos geralmente discutiam entre si tentando cada uma se sobrepor à outra pelo domínio do exército.[14] Para compensar seus soldados, os buídas geralmente distribuíam ictas, ou direitos sobre uma porcentagem das receitas fiscais de uma província, embora a prática do pagamento em espécie também fosse frequente.[15]
Queda
[editar | editar código-fonte]Na metade do século XI, os emirados buídas foram gradualmente sendo tomados pelo Império Gasnévida e pelos turcos seljúcidas. Em 1055, Tugril I conquistou Bagdá, a sede do califado, e expulsou os últimos governantes buídas. Como seus antecessores, os seljúcidas mantiveram o Califado Abássida como os governantes nominais.[16]
Religião
[editar | editar código-fonte]Como a maior parte dos dailamitas da época, os buídas eram originalmente zaiditas, ou xiitas "quintos" (que assumiam a autoridade até o quinto imame). Após tomarem o poder no Irã e no Iraque, porém, eles começaram a se inclinar pelo xiismo duodecimano, possivelmente por motivos políticos.[17] Na realidade, os buídas raramente tentaram forçar um ponto de vista religioso sobre seus súditos, exceto quando isso era politicamente vantajoso. Os sunitas abássidas mantiveram o califado, embora desprovido de todo o poder secular. Além disso, para prevenir que as tensões entre xiitas e sunitas se espalhassem pelo governo, os amires buídas ocasionalmente nomeavam cristãos para altos cargos ao invés muçulmanos de qualquer das seitas.[18]
Como razão para a mudança do zaidismo para o xiismo duodecimano, Moojen Momen sugere que como os buídas não eram descendentes de Ali, o primeiro imame xiita, a doutrina zaidita os obrigaria a instalar um imame da família de Ali. Por isto, eles tenderam para a doutrina duodecimana, que tinha o seu imame oculto, politicamente mais atrativo.[19]
Governantes buídas
[editar | editar código-fonte]Principais
[editar | editar código-fonte]Geralmente, os três mais poderosos amires buídas eram os que controlavam Pérsis, Jibal e o Iraque. Por vezes um governante conseguia reinar sobre mais de uma região, mas nenhum deles conseguiu controlar as três ao mesmo tempo.
Dailamitas de Pérsis
[editar | editar código-fonte]- Ali ibne Buia (Imade Daulá) - 934–949
- Fana Cosroes (Adude Daulá) - 949–983
- Xirzil ibne Fana Cosroes (Xarafe Daulá) - 983–989
- Marzubã ibne Fana Cosroes (Sansam Daulá) - 989–998
- Firuz ibne Fana Cosroes (Baa Daulá) - 998–1012
- Abu Xuja ibne Firuz (Sultão Daulá) - 1012–1024
- Abu Calijar Marzubã ibne Abu Xuja (Imadadim) - 1024–1048
- Abu Almançor Fulade Sutune - 1048–1062
O poder em Pérsis foi tomado pelo chefe curdo Shabankara Fadeluia
Dailamitas de Ray
[editar | editar código-fonte]- Ruquém Daulá - 935–976
- Faquir Daulá - 976–980
- Muaiade Daulá - 980–983
- Faquir Daulá (restaurado) - 984–997
- Majide Daulá - 997–1029
Tomado pelo Império Gasnévida.
Dailamitas do Iraque
[editar | editar código-fonte]- Muiz Daulá - 945–967
- Ize Daulá - 966–978
- Adude Daulá - 978–983
- Sansam Daulá - 983–987
- Xarafe Daulá - 987–989
- Ba Daulá - 989–1012
- Sultão Daulá - 1012–1021
- Moxarrife Daulá - 1021–1025
- Jalal Daulá - 1025–1044
- Abu Calijar - 1044–1048
- Maleque Arraim - 1048–1055
Tomado pelos seljúcidas.
Governantes menores
[editar | editar código-fonte]Não era raro que os filhos mais novos fundassem linhagens colaterais ou que membros da dinastia tomassem controle de uma província e passassem a governar. A lista a seguir está incompleta.
Buídas de Basra
[editar | editar código-fonte]- Dia Daulá - década de 980
Tomado pelos buídas de Pérsis.
Buídas de Hamadã
[editar | editar código-fonte]- Muaiade Daulá - 976–983
- Xamece Daulá - 997–1021
- Sama Daulá - 1021–1024
Tomando pelos cacuídas.
Buídas da Carmânia
[editar | editar código-fonte]- Cauam Daulá - 1012–1028
Tomado pelos buídas de Pérsis.
Buídas do Cuzistão
[editar | editar código-fonte]- Taje Daulá - anos 980
Tomado pelos buídas de Pérsis.
Árvore genealógica
[editar | editar código-fonte]Ali Imade Daulá 934–949 | Haçane Ruquém Daulá 935–976 | Amade Muiz Daulá 945–967 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ali Faquir Daulá 976–980 | Pana Cosroes Adude Daulá 949–983 | Abu Almançor Muaiade Daulá 980–983 | Baquitiar Ize Daulá 966–978 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Abu Tair Xamece Daulá 997–1021 | Abu Talebe Majide Daulá 997–1029 | Xirzil Xarafe Daulá 983–989 | Marzubane Sansam Daulá 989–998 | Fana Cosroes Baa Daulá 998–1012 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sama Daulá 1021–1024 | Abul Fauaris Cauam Daulá 1012–1028 | Abuxoja Sultão Daulá 1012–1024 | Abu Ali Moxarife Daulá 987–989 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Abu Calijar Amade Daulá 1024–1048 | Abu Tair Jalal Daulá 1025–1044 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Abu Almançor Fulade Sutune 1048–1062 | Abu Nácer Cosroes Firuz 1048–1055 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Referências
- ↑ Abbasids, B.Lewis, The Encyclopaedia of Islam, Vol. I, Ed. H.A.R.Gibb, J.H.Kramers, E. Levi-Provencal andha J.Schacht, (Brill, 1986), 19.
- ↑ Lewis, p. 85.
- ↑ Lokman I. Meho,Kelly L. Maglaughli (1968). Kurdish culture and society: an annotated bibliography. [S.l.: s.n.]
- ↑ [1]
- ↑ Encyclopedia Iranica: DEYLAMITES
- ↑ Clifford Edmund Bosworth, The New Islamic Dynasties: A Chronological and Genealogical Manual, Columbia University, 1996. pg 154-155.
- ↑ "Buyid Dynasty." Encyclopædia Britannica. 2008. Encyclopædia Britannica Online. 25 Jan. 2008 <http://www.britannica.com/eb/article-9018373>
- ↑ JAN RYPKA. History of Iranian Literature. Dordrecht: D. REIDEL PUBLISHING COMPANY, 1968. pg 146
- ↑ Iranica,Encyclopedia Iranica: BUYIDS: O pai da dinastia, um tal Buia ibne Fana (Pana) Cosroes era um humilde pescador de Dailão em Guilão.
- ↑ Blair, Sheila (1992), The Monumental Inscriptions From Early Islamic Iran and Transoxiana, ISBN 90-04-09367-2, Leiden: E.J. Brill
- ↑ Arthur Goldschmidt, "A Concise History of the Middle East: Seventh Edition ", Westview Press, 2001. pg 87.
- ↑ Clawson, Patrick; Rubin, Michael (2005), Eternal Iran: continuity and chaos, ISBN 1-4039-6276-6, Middle East in Focus 1st ed. , New York: Palgrave Macmillan, p. 19
- ↑ a b Mafizullah, Kabir (1964), The Buwayhid dynasty of Baghdad, 334/946-447/1055, Calcutta: Iran Society
- ↑ Busse, Heribert (1975), «Iran Under the Buyids», in: Frye, R. N., The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs, ISBN 0-521-20093-8, Cambridge, UK: Cambridge University Press, pp. 265, 298
- ↑ Sourdel-Thomine, J. "Buwayhids." The Encyclopedia of Islam, Volume I. New Ed. Leiden: E. J. Brill, 1960. p. 1353.
- ↑ Bernard Lewis, The Middle East: A Brief History of the Last 2,000 Years, (New York: Scribner, 1995) p. 89.
- ↑ Berkey, Jonathan Porter. The Formation of Islam London: Cambridge University Press, 2003. ISBN 0-521-58813-8. p. 135
- ↑ Heribert, pp. 287-8
- ↑ Momen, Moojan (1985), An Introduction to Shi'i Islam, ISBN 978-0-300-03531-5, Yale University Press, pp. 75–76
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Lewis, Bernard (1995). O Oriente Médio: Do advento do cristianismo aos dias de hoje. [S.l.]: Zahar
- Roy Mottahedeh, Loyalty and Leadership in an Early Islamic Society (em inglês)
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- "Buyids" Tilman Nagel
- Encyclopedia Iranica: DEYLAMITES
- TheBuyid Domination as the Historical Background for the Flourishing of Muslim Scholarship During the 4th/10th Century by Dr. M. Ismail Marcinkowski
- The Buwaihids in Iran and Iraq