Jogo patológico
Jogo patológico | |
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Especialidade | psiquiatria, psicologia clínica |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F63.0 |
CID-9 | 312.31 |
CID-11 | 1041487064 |
OMIM | 606349 |
MedlinePlus | 001520 |
MeSH | D005715 |
Leia o aviso médico |
Jogo patológico ou ludomania, mais popularmente conhecido como "vício em jogar", se refere ao comportamento de persistir em jogar recorrentemente apesar de consequências negativas ou do desejo de parar. É mais prejudicial e conhecido entre jogos que envolvem dinheiro, mas qualquer jogo prazeroso pode se tornar viciante. [1]
Classificação
[editar | editar código-fonte]Existe conflito entre especialistas em classificar como uma compulsão e obsessão, como a cleptomania, ou de uma adicção, como o alcoolismo. Compulsão significa incapacidade em controlar impulsos diante de um estímulo, obsessão significa pensar recorrentemente em algo mesmo não desejando e sabendo que não deve pensar nisso. Adicção se refere a uma dependência química e psicológica, que aumenta gradualmente com a estimulação dopaminérgica e gera crise de abstinência e fissura na ausência do estímulo.[3]
Causa
[editar | editar código-fonte]Evidências científicas indicam que o jogo patológico é uma dependência semelhante à dependência química.[5] Foi identificado em alguns jogadores patológicos um níveis de noradrenalina mais baixos que em jogadores normais, provavelmente por dessensibilização dos receptores de catecolamina. Noradrenalina e dopamina são secretados em resposta a eventos estressantes e excitantes, causando sensação de alívio e prazer diante de sucessos, mas jogadores patológicos precisam jogar cada vez mais, e com cada vez mais riscos, para obter o mesmo prazer que jogadores ocasionais. Esse mecanismo é muito semelhante ao de dependência química.[6]
Falácia do jogador
[editar | editar código-fonte]Se uma moeda ideal foi jogada 3 vezes e nas 3 o resultado foi cara, qual a probabilidade do próximo resultado ser coroa? Apesar da chance continuar apenas como 50% é comum acreditar que a cada fracasso a chance de sucesso na próxima tentativa será maior.[7] A análise de probabilidades de outra cara só será de 6,25% caso a pergunta fosse "Qual é a chance de obter 4 caras consecutivas?". Em cada tentativa individual a chance permanece sendo 50% independente dos resultados anteriores.
Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]Para a OMS esse transtorno "consiste em episódios repetidos e frequentes de jogo que dominam a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos sociais, profissionais, materiais e familiares".[1]
Para o diagnóstico pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) deve-se atender a cinco ou mais dentre os seguintes critérios[8]:
- Preocupação frequente com jogo;
- Necessidade de aumentar os riscos ou apostas para alcançar a excitação desejada;
- Esforço repetido e sem sucesso de controlar, diminuir ou parar de jogar;
- Inquietude ou irritabilidade quando diminui ou pára de jogar;
- Ameaçar ou perder relacionamentos significativos, oportunidades de trabalho, educação ou carreira por causa do jogo;
- Jogo como forma de escapar de problemas ou para aliviar sentimentos desagradáveis;
- Mentir para familiares, terapeuta ou outros, a fim de esconder a extensão do envolvimento com jogo;
- Específicos de jogos de azar
- Depois de perder dinheiro no jogo, retorna frequentemente no dia seguinte para recuperar o dinheiro perdido;
- Contar com outros para prover dinheiro, no intuito de aliviar a situação financeira desesperadora por causa do jogo.
- Cometer atos ilegais como falsificação, fraude, roubo ou desfalque para financiar o jogo;
Comorbidades
[editar | editar código-fonte]É mais comum em quem também sofre com[9]:
- Depressão maior;
- Transtorno bipolar;
- Alcoolismo;
- Transtornos de ansiedade e;
- Dependência de outras drogas.
Epidemiologia
[editar | editar código-fonte]Em São Paulo o número de viciados em jogos de azar que procuram tratamento tem crescido, são homens, tem grau de escolaridade elevado e jogam múltiplos jogos de azar simultaneamente.[5] Geralmente há preferência por um jogo, sendo jogos de cartas, jogos eletrônicos e bingo os mais comuns.[5]
Na população geral 4% possuem sérios problemas com jogos e 1,5% atendem aos critérios diagnósticos de jogador patológico.[10]
Dentre viciados em jogos a maioria são homens (87,7%), com ensino médio ou nível superior (82,3%), empregados em regime integral (71,6%), casados (50,7%), média de idade 40 anos e renda mensal média por volta de US$ 3.500.[10]
Referências
- ↑ a b http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm
- ↑ Breiter, Hans; Aharon, Itzhak; Kahneman, Daniel; Dale, Anders; Shizgal, Peter (May 2001). "Functional Imaging of Neural Responses to Expectancy and Experience of Monetary Gains and Losses". Neuron 30 (2): 619–639. doi:10.1016/S0896-6273(01)00303-8.
- ↑ Petry, Nancy (September 2006). "Should the Scope of Addictive Behaviors be Broadened to Include Pathological Gambling?". Addiction 101 (s1): 152. doi:10.1111/j.1360-0443.2006.01593.x.
- ↑ http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=why-our-brains-do-not-intuitively-grasp-probabilities
- ↑ a b c «Cópia arquivada». Consultado em 14 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 24 de abril de 2012
- ↑ Cloninger, C.R. _ Assessment of the impulsive-compulsive spectrum of behavior by the seven-factor model of temperament and character. In: Oldham; J.M. Hollander E. & Skodol A.E. (eds.) Impulsivity and Compulsivity, American Psychiatric Press, Washington, D.C., pp. 59-95, 1996.
- ↑ Zamora, Antonio. "Psychological Aspects of Gambling Addiction". Scientific Psychic. Retrieved May 7, 2012.
- ↑ American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), 4a edição, Artes Médicas, Porto Alegre, 1995.
- ↑ Crockford DN, el-Guebaly N. Psychiatric comorbidity in pathological gambling: a critical review. Canadian J Psychiatry. Revue Canadienne Psychiatrie 1998;43(1):43-50.
- ↑ a b Hermano Tavares, Valentim Gentil, Cleane de Souza Oliveira, Alexandre Garcia Tavares. Jogadores patológicos, uma revisão: Psicopatologia, quadro clínico e tratamento. http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol26/n4/artigo(179).htm Arquivado em 13 de fevereiro de 2010, no Wayback Machine.