Kurt Heissmeyer

Kurt Heissmeyer
Kurt Heissmeyer
Nascimento 26 de dezembro de 1905
Lamspringe, Império Alemão
Morte 29 de agosto de 1967 (61 anos)
Bautzen, Alemanha Oriental
Nacionalidade alemão
Ocupação Médico
Cargo Médico no campo de concentração de Neuengamme
Serviço militar
País  Alemanha
Serviço Schutzstaffel (SS)
Patente Hauptsturmführer

Kurt Heissmeyer (Lamspringe, 26 de dezembro de 1905Bautzen, 29 de agosto de 1967) foi um médico e oficial nazi das SS responsável por experiências médicas e científicas em prisioneiros de campos de concentração nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

De maneira a conseguir um cargo de professor, Hessmeier precisava de apresentar uma pesquisa inédita e original. Embora refutada anteriormente, sua teoria médica era de que a injeção de bacilos vivos de tuberculose em pessoas agiria como vacina. Outro componente de seu experimento adivinha da pseudocientífica teoria de supremacia racial nazi de que a raça era um fator importante no desenvolvimento da tuberculose, sendo a doença melhor desenvolvida em raças inferiores.[1]

Ele tentou provar sua tese injetando estes bacilos nos pulmões e no sistema sanguíneo de prisioneiros "subhumanos" (judeus e eslavos) de campos de concentração, considerados inferiores aos germânicos como raça. Teve a facilitação de instalações para tentar provar suas teses através de ligações próximas: através de seu tio, o general SS August Heissmeyer[2] e de seu conhecido próximo, o também general SS Oswald Pohl.[3]:84-85 Seus experimentos, a serem testados em judeus prisioneiros em campos de concentração, foram então autorizados por Heinrich Himmler.[4]:65

Sua teoria foi experimentada em 20 crianças judias, dez meninos e dez meninas entre 5 e 12 anos,[5] no campo de Neuengamme, próximo a Hamburgo, entre novembro de 1944 e abril de 1945. As crianças, originárias de Auschwitz, foram voluntárias para a viagem até Neuengamme depois que o Dr. Josef Mengele, também envolvido em experiências médicas naquele campo, perguntou a um grupo de crianças prisioneiras "quem queria sair dali para ver a mãe". Foram todas acompanhadas por quatro prisioneiras adultas, três polonesas e uma húngara, uma delas assassinada assim que chegou a Neuengamme.

Uma das tutoras durante a viagem, a médica polonesa Paula Trocki, sobreviveu à guerra e depois do conflito deu seu testemunho para a viagem:

O nosso transporte foi escoltado por guardas da SS. Havia 20 crianças, três enfermeiras e uma médica. Ele foi feito num vagão separado, acoplado num trem normal, um comboio comum de passageiros civis. Todos tivemos que tirar as estrelas de Davi da roupa para não chamar a atenção de passageiros de outros vagões. Para impedir que pessoas se aproximassem de nosso vagão, era dito que ele transportava pessoas contaminadas com febre tifóide... a comida na viagem foi excelente nos serviram até leite e chocolate. Após dois dias de viagem, chegamos a Neuengamme às dez da noite.[6]:141

Todas as crianças foram injetadas com os bacilos por Heissmeyer e ficaram doentes. Ele e sua equipe removeram os nódulos das glândulas linfáticas surgidos nas axilas das crianças e os enviou para o Dr. Hans Klein no Hospital Hohenlychen para estudos. Todas elas foram então fotografadas com os braços levantados para mostrar a incisão cirúrgica no local. Levadas depois à escola Bullenhuser Damm num distrito de Hamburgo, as crianças, quatro tutores adultos que as acompanharam e seis prisioneiros de guerra russos foram todos enforcados no porão da escola, pendurados em ganchos de açougue.[7]

Com o fim da guerra, Heissmeyer conseguiu fugir e escondeu-se em sua cidade natal de Magdeburgo, na Alemanha Oriental do pós-guerra, onde retomou a carreira de médico, especializado em tuberculose e problemas de pulmão.[5] Descoberto apenas em 1959, foi preso e levado a julgamento, sendo condenado em 1966 à prisão perpétua por crimes contra a Humanidade. Durante seu julgamento, declarou que "não achava que os presos do campo tivessem qualquer valor como seres humanos".[4]:66 Quando perguntado porque não usou cobaias como porquinhos-da-Índia para suas experiências, respondeu: "para mim não havia qualquer diferença entre seres humanos e porquinhos-da-Índia", corrigindo-se em seguida, "entre judeus e porquinhos-da-Índia".[4] Morreu na cadeia em 29 de agosto de 1967, aos 61 anos de idade.

Referências

  1. «SS-Hauptsturmführer Kurt Heissmeyer». Axis History Forum. Consultado em 24 de janeiro de 2015 
  2. Schwarberg, Gunther. University of Indiana Press, ed. The Murders at Bullenhuser Damm: The SS Doctor and the Children. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-253-15481-1 
  3. Nicosia, Francis R. Berghahn Books, ed. Medicine and medical ethics in Nazi Germany: origins, practices, legacies. 2002. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-57181-386-2 
  4. a b c Langer, Lawrence L. Oxford University Press, ed. Admitting the Holocaust: Collected Essays By Lawrence L. Langer. 1996. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-19-510648-0 
  5. a b «Children of Bullenhuser Damm». auschwitz.dk. Consultado em 24 de janeiro de 2015 
  6. Neumann, Klaus. University of Michigan Press, ed. Shifting Memories: The Nazi Past in the New Germany (Social History, Popular Culture, and Politics in Germany). 2000. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-472-08710-5 
  7. «Die Schule am Bullenhuser Damm» (em alemão). schoah.org. Consultado em 24 de janeiro de 2015