Linho

 Nota: Se procura o criminoso alcunhado "Linho", veja Paulo César Silva dos Santos.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaLinho

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Linaceae
Género: Linum
Espécie: L. usitatissimum
Nome binomial
Linum usitatissimum
L.

O linho é uma planta herbácea que chega a atingir um metro de altura e pertence à família das lináceas. Abrange um certo número de subespécies, integradas por botânicos com o nome de Linum usitatissimum L.. Compõe-se basicamente de uma substância fibrosa, da qual se extraem as fibras longas para a fabricação de tecidos e de uma substância lenhosa. A linhaça é a semente do linho (Linum usitatissimum), muito utilizada em culinária, onde é consumida com casca e dela se extrai o óleo de linhaça que é rico em Ómega 3, Ómega 6 e Ómega 9. Além disso, o óleo da Linhaça é usado na indústria cosmética, em farmácias de manipulação e na pintura a óleo, sendo o veículo mais comum na preparação de tintas indumedicinais.

Não se conhece a data e o local em que o homem utilizou pela primeira vez as fibras flexíveis do linho para confeccionar tecido, nem quando a planta começou a ser cultivada. Desde 2500 anos a.C. o linho era cultivado no Egito, e o Livro de Moisés refere-se à perda de uma colheita de linho como uma “praga” ou desgraça, tal a sua importância na vida das populações. O linho vem também mencionado no Antigo Testamento. As cortinas e o Véu do Tabernáculo e as Vestes de Arão como oficiante eram em “linho fino retorcido”. A túnica de Cristo era de linho sem costuras.

A planta aparece, posteriormente, em certas regiões da Grécia Continental – onde o linho foi igualmente um dos mais importantes têxteis. No território que viria a ser Portugal, o cultivo do linho e a sua utilização têxtil provêm dos tempos pré-históricos. Em certas jazidas da província de Almeria que remontam a 2500 a.C. , encontraram cápsulas de linhaça, e numa “sepultura”, situada numa propriedade particular junto das Caldas de Monchique, no Algarve (Portugal), considerada da 1ª fase do bronze mediterrâneo peninsular, recolheu-se um pequeno farrapo de linho (2500 a.C.). Estes factos não só provam que o linho era já então cultivado e utilizado, mas indicam, pela perfeição do seu fabrico, um longo desenvolvimento anterior.

Zonas de Plantação

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Encontram-se hoje em dia quase exclusivamente na Europa. A Bélgica e os Países Baixos fornecem as melhores qualidades de linho. Qualidades insuperáveis obtêm-se na Bélgica, na região do rio Lys, como o linho Courtai. Países produtores quanto ao volume: França, Polônia, Bélgica, Países Baixos, antiga Checoslováquia, Romênia e Portugal.

Plantam-se três tipos de linho:

  • Linho de fibras (linho para debulhar), para a obtenção de fibras têxteis;
  • Da semente, para a obtenção de óleo de linhaça;
  • Linho de cruzamento, conseguido pelo cruzamento do linho de fibras com óleo foi desenvolvido para dar um rendimento suficiente de fibras e óleo. A fibra, contudo, ainda não satisfaz as esperanças nela depositadas pela indústria.

Para que o feixe de fibras não sofra interrupção, baixando assim o valor da fibra para a fiação, é indispensável cuidar para que o talo não se ramifique. Consegue-se isso mediante a semeadura compacta. Os talos têm uma altura aproximada de 50 a 100 cm; o comprimento mais comum é 80 cm, com ramificação na parte superior. Das flores, de cor azul- claro, desenvolvem-se cápsulas de sementes com cinco lojas ou células. A semente, muito oleosa, chata e arredondada, tem um diâmetro de aproximadamente 2 mm. O interesse principal está na obtenção de óleo de linho. A planta baixa ramifica-se muito, origina mais flores, produzindo assim maior quantidade de sementes de óleo. A extração de fibras é desprezada.

Estrutura da fibra

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Entre a casca e o lenho encontra-se a zona de filaça, formada de feixes de filaça. Os feixes consistem num grande número de fibras individuais (fibras elementares ou células de filaça), com comprimento aproximado de 25 mm. As fibras individuais são unidas entre si e com as partes vizinhas da planta pela cola vegetal (pectina).

O linho dá-se bem em climas temperados. A planta dura um ano e é semeada logo no início da primavera. Após o período de crescimento, de aproximadamente cem dias, pode-se começar a colheita. De uma maneira geral pode-se dizer que a planta dá-se bem em terrenos silico-argilosos, de solo profundo, de consistências médias, frescas e permeáveis à água. Como a duração do seu ciclo vegetativo é muito curta, a planta deve absorver rapidamente os elementos minerais: os solos frescos e ricos são-lhe altamente convenientes, e nos terrenos pobres os processos de adubação devem ser cuidadosamente aplicados. A colheita é manual, arrancada pela raiz, a fim de se aproveitar todo o comprimento dos caules, formando-se em mancheias (pequenos molhos) com a parte da semente toda para o mesmo lado. Inicia-se quando o talo está amarelo-maduro, isto é, quando o terço inferior do talo ficou amarelo e ele esta perfeitamente redondo por fora. Na maturação total as sementes alcançam plena maturidade.

Neste estado, porém, o talo fornece uma fibra de pouquíssimo valor na fiação. Para o colher, arranca-se do solo o talo juntamente com as raízes. É a colheita do linho. Graças a um trabalho manual são executados pequenos feixes. Hoje já existem máquinas para colher. Obtém-se a secagem e a maturação final das sementes colocando-se os talos, reunidos em feixes, no campo onde formam montes chamados de capelas.

O linho é depois sujeito a uma operação que se chama ripagem com o objetivo de separar a baganha (película que envolve algumas sementes). Seguidamente é posta a secar ao Sol para serem extraídas as sementes. Com pancadas verticais, faz-se passar por entre os dentes do ripanço (dispositivo para ripar) o topo das plantas. As cápsulas, bem fechadas e rijas, saltam para o chão. Hoje em dia, existem as máquinas ripadoras, fazendo em parte o trabalho.

As cápsulas são postas 4 a 5 dias ao sol, para amadurecerem e, desta forma saírem as sementes (linhaça), que serão guardadas num saco de panolar”, para o ano seguinte.

Cortimento ou Maceração

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Depois do linho apanhado e ripado tem que ser enlagado. O cortimento é uma das operações mais importantes. A cola vegetal que une a camada de fibras aos tecidos da casca do linho é removida para que as fibras possam ser retiradas. Uma maceração excessivamente longa destruiria em parte a cola entre as fibras, o que prejudicaria a resistência destas. Há vários métodos de maceração:

  • Maceração por orvalho: os talos do linho são espalhados em camada fina em um prado ou campo. O orvalho e a chuva fazem com que se formem cogumelos de tamanho microscópico que irão decompor a cola vegetal. No momento em que se verifica, após acurado o controle, que a cola vegetal foi eliminada em quantidade suficiente, interrompe-se o processo. A maceração por orvalho é o método mais simples; exige todavia grandes áreas. A sua duração depende das condições climáticas, mas em geral é de quatro semanas.
  • Maceração com água fria: coloca-se a palha de linho, atada em feixes, em água a fluxo lento ou mesmo parada na sua temperatura natural. Para evitar a força ascensional, colocam-se pesos nos feixes que os conservem sempre debaixo da água. Bactérias de maceração encarregam-se da destruição da cola vegetal. Este processo necessita, conforme a temperatura da água, entre dez a vinte dias.
  • Maceração em água quente: também chamada de maceração artificial, em contraste com os dois métodos acima mencionados, é executada em bacias de concreto. Aquece-se a água a 28 a 30 graus Celsius, temperatura propícia para o desenvolvimento de bactérias de maceração. A maceração requer severa fiscalização, porque tempo muito longo de maceração pode prejudicar as fibras. Dura, geralmente, cerca de quatro dias.

A desintegração também é um processo em que a cola vegetal é retirada da fibra mas utilizam-se agentes químicos para tal. Cogumelos e bactérias de maceração não intervêm. Já se trabalhou muito no desenvolvimento deste processo. Até agora, porém, não se conseguiu plena aceitação.

A maceração não pode ser feita por processo mecânico, pois é um trabalho biológico. Esta operação exige maior quota das despesas, cerca de dois terços, das despesas com a obtenção de fibras. A secagem dos talos que restaram da maceração em água fria ou quente é feita de maneira natural, ao ar livre ou artificialmente em secadores mecânicos. Estes secadores possibilitam o funcionamento durante todo o ano.

A secagem deve ser feita cuidadosamente, e a temperatura do ar seco não pode ser muito alta. Excesso de secagem influenciaria a fiabilidade.

Depois de seco é atado em “maçadoiras” e levado para o seu destino.

Preparando as Fibras

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A preparação das fibras do linho para o uso têxtil consiste na separação das fibras lenhosas e das fibras têxteis. Esta operação é feita por processos diferentes conforme as regiões. A separação das fibras dos talos macerados realiza-se em dois processamentos, que na separação mecânica podem ser feitos numa só máquina.

  • Na trituração, o linho é quebrado em pequenos pedaços, “aparas”, mediante a ação perpendicular de uma força sobre o talo. No trabalho manual a trituração era manual, mas modernamente usa-se já uma máquina, o triturador de linho. As aparas, contudo, aderem ainda em grande parte às fibras. À trituração segue-se a espadelagem.
  • Na espadelagem, o lenho quebrado é removido mediante ao trabalho de cardagem e batidas, feitas no sentido dos talos. No trabalho manual é feito no espadelador manual e no mecânico mediante a turbina de espadelagem.

No processo mecânico destacam-se mesmo fibrilas dos feixes paralelos de filaça. Estas fibras curtas, desordenadas, formam a estopa de espadelagem. As fibras longas, paralelas, têm o nome de linho espadelado, enquanto as fibras curtas são chamadas de estopa espadelada. A última etapa de todo o processo é a assedagem, que consiste na separação das fibras longas, do linho, da estopa, que são mais curtas. A assedagem provoca mais um desmanchamento e uma purificação das fibras paralelas. Essa operação é feita manualmente pelo restelo ou na respectiva máquina, chamada espadela.

A finalidade da assedagem é desmanchar mais os feixes de filaça por meio de agulhas, e deixá-los mais finos. Durante este trabalho, fibras curtas são removidas mediante a penteagem (estopa de assedagem). É mais fina que a estopa de espadelagem. A fibra longa assedada tem o nome de linho assedado. Pode ser fiada mais fina que a estopa de espadelagem e de assedagem, e os fios apresentam maior resistência.

O rendimento da assedagem depende do tipo de linho, conforme se pode ver no quadro seguinte:

TIPOS DE LINHO LINHO ASSEDADO ESTOPA ASSEDADA RESÍDUOS

TIPOS BONS 55% 42% 3%

TIPOS MÉDIOS 40% 5% 55%

LINHO TRITURADO (NÃO ESPADELADO) 20% 60% 20%

Ligações externas

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