Marçal de Souza

Marçal de Souza
Nascimento 24 de dezembro de 1920
Ponta Porã
Morte 25 de novembro de 1983
Cidadania Brasil

Marçal de Souza (Rincão Júlio, Ponta Porã, 24 de dezembro de 1920 - ?, 25 de novembro de 1983), ou Marçal Tupã-i, ou ainda Tupã-Y (pequeno Deus), foi um líder da etnia guarani-nhandevá. Foi assassinado com 5 tiros em 1983, e condecorado com a honra de Herói Nacional do Brasil, pelo Governo Federal.[1][2][3]

Aos 3 anos, muda-se para a aldeia de Te'ýikue, na cidade de Caarapó. Órfão aos 8 anos, passa a morar na Nhanderoga, nome dado a orfanatos de crianças indígenas, na Missão Caiuá, área indígena de Dourados. Aos 12 anos vai com um casal de missionários para Campo Grande. Conhece um oficial do Exército que o leva para o Recife, onde realiza trabalho braçal em troca de comida, roupa e estudo. De volta a Dourados, é contratado pela Missão Caiuá como professor de crianças órfãs e intérprete de guarani. Em 1959 faz um curso na Organização Mundial de Saúde (OMS) e forma-se atendente de enfermagem, profissão que exerce até a morte. Desde o início dos anos 70 denuncia a expropriação de terras indígenas, a exploração ilegal de madeira, a escravização de índios e o tráfico de meninas índias. Vítima de perseguições, em 1978 é expulso de Dourados pela Funai e volta a morar na aldeia Te'ýikue. Nesse ano, novamente transferido pela Funai, vai para a aldeia de Mbarakaju, em Antônio João.[carece de fontes?]

Em 1980, é escolhido representante da comunidade indígena para discursar em homenagem ao papa João Paulo II durante sua primeira visita ao Brasil. Ele afirmou em discurso ao pontífice:[4]

No mesmo ano, envolve-se na luta pela posse de terras na área indígena de Pirakuá, em Bela Vista. A demarcação é contestada pelo fazendeiro Astúrio Monteiro de Lima e seu filho Líbero Monteiro, que consideram a região parte de sua propriedade. Após diversas ameaças e agressões, em 1983, Tupã é assassinado a tiros no rancho de sua casa, na aldeia Campestre. Os acusados do crime, Líbero Monteiro de Lima e Rômulo Gamarra, acabam absolvidos em julgamento realizado somente dez anos depois, em 1993.[4]

Um pouco antes da sua morte ele teria dito:[4]

Marçal de Souza, Tupã-Y, foi defensor incansável dos povos nativos da América do Sul e um dos líderes precursores das lutas dos guaranis pela recuperação e pelo reconhecimento de seus territórios ancestrais (onde estão hoje Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, principalmente). Foi também um dos criadores do movimento indígena brasileiro, tendo sido um dos fundadores e participado da primeira diretoria da União das Nações Indígenas (UNI), entidade que congrega indígenas brasileiros, fundada em 1980.[carece de fontes?]

Teve uma filha, chamada Edna.[5]

Prêmio Marçal de Souza Tupã'Y

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Desde 1994, a Câmara Municipal de Dourados, no Mato Grosso do Sul, entrega anualmente o Prêmio Marçal de Souza Tupã’Y, conferido a pessoas e entidades douradenses que se destacam na produção jornalística, artística, literária ou científica relacionada a temáticas indígenas municipais e estaduais.[6]

  • TETILA, José Laerte. Marçal de Souza Tupa'i "Uma voz que não se cala". Campo Grande: UFMS, s/d.
  • CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E BIBLIOTECA DIGITAL INDÍGENA TEKO ARANDU. Dossiê Marçal Guarani. Disponível www.neppi.org Acesso em 14/10/2008.
  • PINHEIRO, Evandro Santos. "Marçal de Souza" O Banguela dos Labios de Mel. Dourados-MS, 2008.

Referências

  1. Solange (25 de novembro de 2021). «Marçal de Souza: líder indígena Guarani assassinado por defender diretos dos povos originários». MST. Consultado em 26 de outubro de 2024 
  2. «Marçal de Souza Tupã-i». secretariat.synod.va. Consultado em 26 de outubro de 2024 
  3. News, Campo Grande. «Há 40 anos, era assassinado o "Pequeno Deus" e líder indígena Marçal de Souza». Campo Grande News. Consultado em 26 de outubro de 2024 
  4. a b c «Marçal de Souza, Tupã-i. O Deus Pequeno - Sites - Portal das Missões». portaldasmissoes.com.br. Consultado em 26 de outubro de 2024 
  5. Loures, Hellen (1 de outubro de 2023). «Marçal Guarani: um paradigma de vida e morte indígena no Brasil | Cimi». Consultado em 26 de outubro de 2024 
  6. «Prêmio Marçal de Souza Tupã'y homenageia escritora e a Faculdade Intercultural Indígena». Câmara de Dourados. Consultado em 30 de maio de 2022. Cópia arquivada em 30 de maio de 2022 
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