Orontes II
Orontes II | |
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Representação imaginária do século XIX do sátrapa Orontes II de Iakov Arzanov and Davi Arzanov | |
Sátrapa da Armênia | |
Reinado | 336-331 a.C. |
Antecessor(a) | Dario III |
Sucessor(a) | Mitranes I (?) |
Morte | 331 a.C. |
Gaugamela | |
Descendência | Mitranes I (?) |
Dinastia | orôntida |
Pai | Orontes I (?) |
Mãe | Rodoguna (?) |
Orontes II (em persa antigo: *Arvanta-; em latim: Orontes, Oronta; em armênio/arménio: Երուանդ; romaniz.: Erwand; em grego clássico: Ὀρόντης; romaniz.: Oróntēs; antes de 317 a.C.) foi um nobre bactriano que serviu como oficial militar do Império Aquemênida no século IV a.C.. Deve ser identificado como o sátrapa da Armênia sob Dario III (r. 336–330 a.C.) e pode ter sucedido Dario nesta posição quando ele ascendeu ao trono da Pérsia em 336 a.C..[1]
Nome
[editar | editar código-fonte]Orontes (Ὀρόντης, Oróntēs), Orontas (Ορώντας, Orṓntas), Orondes (Ὀρόνδης, Oróndēs), Aroandes (Αροάνδης, Aroándēs), Oroandes (Ὀροάνδης, Oroandēs), Aruandes (Αρουάνδης, Arouándēs) e Oruandes (Ὀρουάνδης, Orouándēs) são as formas gregas do persa antigo *Arvanta (*Arvanta-), que continuou a ser usado no persa médio e novo como Arvande (Arwand). O nome se associa ao avéstico auruuaṇt-, "rápido, vigoroso, corajoso", que por si só pode ser uma versão abreviada do nome avéstico Auruataspa (Auruuaṱ.aspa-), "tendo cavalos velozes".[2]
Vida
[editar | editar código-fonte]Arriano (Anábase de Alexandre, III.8) lista Orontes e certo Mitraustes como dois comandantes das forças armênias na Batalha de Gaugamela em 331 a.C.. A interpretação desta passagem é controversa, com diferentes historiadores interpretando-a como indicação de que Mitraustes comandou a infantaria,[3] ou que havia dois contingentes diferentes de cavalaria armênia nesta batalha,[4] ou mesmo que a Armênia foi dividida em duas partes governadas por dois sátrapas.[5] Orontes lutou na Batalha de Gaugamela no flanco direito persa com 40 mil unidades de infantaria e sete mil de cavalaria sob seu comando,[6] onde morreu.[7] Seu filho, Mitranes I, sátrapa da Lídia, juntou-se a Alexandre, o Grande depois de ser derrotado em Sárdis em 334 a.C., e lutou em Gaugamela ao lado de Alexandre. Após a batalha, Mitranes foi feito sátrapa da Armênia por Alexandre.[8][9][10]
A morte de Orontes em Gaugamela foi contestada; Diodoro e Polieno mencionam um homem chamado Orontes, que foi sátrapa da Armênia durante a Segunda Guerra dos Diádocos;[11] Diodoro acrescenta que este Orontes era amigo de Peucestas.[12] Andrew Burn, Edward Anson e Waldemar Heckel consideram este sátrapa o mesmo Orontes que lutou por Dario III na Batalha de Gaugamela;[13][14] Anson e Heckel afirmam que Mitranes pode ter morrido numa tentativa malsucedida de arrancar a Armênia de Orontes. Heckel afirmou que muito provavelmente a Armênia, que foi contornada pelo exército macedônio, nunca fez parte do império de Alexandre.[1] Anson, por outro lado, considerou provável que em algum momento após a Batalha de Gaugamela Orontes tenha feito a sua submissão a Alexandre, que mais tarde o colocou no comando da Grande Armênia. N. G. L. Hammond interpretou as fontes como indicando que a Armênia já estava submissa quando Mitranes foi enviado da Babilônia para lá no final de 331 a.C., que Mitranes assumiu o controle como sátrapa governando em nome do novo regime macedônio e que foi deixado como sátrapa em 323 a.C., quando Pérdicas permitiu que algumas satrapias permanecessem sob os sátrapas existentes; em 317 a.C., Mitranes não era mais sátrapa, mas foi substituído por Orontes.[15]
Uma das inscrições do monte Ninrode detalhando a ascendência de Antíoco I menciona um ancestral cujo nome foi preservado de forma incompleta e que era filho de Aroandas. Infere-se que este Aroandas (Orontes) seja o segundo ancestral de Antíoco listado nas inscrições do monte Ninrode que levava esse nome,[16] sucedendo ao primeiro Aroandas, que por sua vez era filho de Artasiro e que se casou com Rodoguna, filha de Artaxerxes II.[17] Friedrich Karl Dörner e John H. Young (1996) interpretaram a primeira letra preservada do nome do filho de Aroandas II como um delta, de modo que o nome terminasse com -δανης, -danes. Os autores consideraram esta leitura importante, pois firmou a proposta de Ernst Honigmann ([Mιθρ]άνην), bem como uma das sugestões apresentadas por Salomon Reinach ([Όστ]άνην).[18] Brijder (2014) também interpretou a inscrição como uma indicação de que o nome do filho de Orontes II terminava em -danes.[19]
Aroandas II mencionado numa inscrição do monte Ninrode foi identificado com o Orontes que foi comandante na Batalha de Gaugamela por Karl Julius Beloch[20] e Herman Brijder.[21] Este Orontes também foi inferido como descendente de Orontes I e sua esposa Rodoguna,[22] possivelmente seu filho[20] ou neto.[13] Por outro lado, Friedrich Karl Dörner não tinha a certeza se as antigas citações de ligações dos portadores do nome Aroandas/Orontes com a Armênia ou o seu estatuto como líderes de unidades militares arménias são razões convincentes para assumir que eram parentes. Dörner considerou muito questionável se Aroandas II mencionado numa inscrição do monte Ninrode é idêntico ao Orontes da época de Alexandre; o autor enfatizou a necessidade de considerar que no decorrer do século IV a.C., além dos dois ancestrais de Antíoco I de Comagena, outros portadores do mesmo nome podem ter desempenhado um papel na política persa.[23]
Referências
- ↑ a b Heckel 2006, p. 185.
- ↑ Schmitt 2002.
- ↑ Heckel 2006, p. 168.
- ↑ Marciak 2017, p. 115.
- ↑ Adontz 1970, p. 306.
- ↑ Lang 1983, p. 508.
- ↑ Lang 2021.
- ↑ Arriano, III.16.
- ↑ Cúrcio, V.1.44.
- ↑ Diodoro Sículo, XVII.64.6.
- ↑ Polieno, IV.8.3.
- ↑ Diodoro Sículo, XIX.23.3.
- ↑ a b Burn 1985, p. 384.
- ↑ Anson 2014, p. 50.
- ↑ Hammond 1996, p. 130–137.
- ↑ Dörner 1996, p. 365.
- ↑ Brijder 2014, p. 330.
- ↑ Dörner 1996, p. 297.
- ↑ Brijder 2014, p. 373.
- ↑ a b Beloch 1923, p. 141.
- ↑ Brijder 2014, p. 331.
- ↑ Lang 1983, p. 506.
- ↑ Dörner 1996, p. 365–366.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Fontes primárias
[editar | editar código-fonte]- Arriano. Anábase de Alexandre
- Diodoro Sículo. Biblioteca histórica 🔗
- Polieno. Estratagemas na guerra 🔗
Fontes secundárias
[editar | editar código-fonte]- Adontz, Nicholas (1970). Armenia in the period of Justinian: the political conditions based on the Naxarar system. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
- Anson, Edward (2014). «The funeral games begin». Alexander's Heirs: The Age of the Successors. Hoboquém, Nova Jérsei: Wiley Blackwell. ISBN 978-1-4443-3962-8
- Beloch, Karl Julius (1923). Griechische geschichte. 3, Parte 2. Berlim: Walter de Gruyter & co.
- Brijder, Herman (2014). Nemrud Dağı: Recent Archaeological Research and Conservation Activities in the Tomb Sanctuary on Mount Nemrud. Berlim: Walter de Gruyter. ISBN 978-1-61451-713-9
- Burn, A. R. (1985). «Persia and the Greeks». In: Gershevitch, Ilya. The Cambridge History of Iran, Volume 2: The Median and Achaemenian Periods. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 292–391. ISBN 0-521-20091-1
- Dörner, F. K. (1996). «Epigraphy analysis; Sculpture and inscription catalogue». In: Sanders, Donald H. Nemrud Daği: The Hierothesion of Antiochus I of Commagene. Vol. 1: Text. University Park, Pensilvânia: Eisenbrauns. ISBN 978-1-57506-015-6
- Hammond, N. G. L. (1996). «Alexander and Armenia». Phoenix. 50 (2): 130–137. doi:10.2307/1192698
- Heckel, Waldemar (2006). «Orontes [2]». Who's who in the age of Alexander the Great: prosopography of Alexander's empire. Hoboken, Nova Jérsei: Blackwell Publishing. ISBN 978-1-4051-1210-9
- Lang, David Marshall (1983). «Iran, Armenia and Georgia». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 505–536. ISBN 0-521-20092-X
- Lang, David Marshall (2021) [1970]. «Chapter V: The Forging of the Armenian Nation"». Armenia: Cradle of Civilization. Londres: Routledge. ISBN 978-1-000-51477-3
- Marciak, Michał (2017). Sophene, Gordyene, and Adiabene: Three Regna Minora of Northern Mesopotamia Between East and West. Leida e Boston: BRILL. ISBN 9789004350724
- Schmitt, Rüdiger (2002). «Orontes». In: Yarshater, Ehsan. Encyclopædia Iranica. Nova Iorque: Encyclopædia Iranica Foundation