Paco Casal
Francisco Casal (São Paulo, 7 de agosto de 1958), mais conhecido como Paco Casal, é um empresário brasileiro-uruguaio nascido no Brasil e criado em Montevidéu.[1]
Casal é considerado o maior empresário do Uruguai.[2] Ex-futebolista obscuro, construiu seu poder como agente de alguns jogadores da Seleção Uruguaia de Futebol e foi ampliando seus negócios.[3] Na década de 1990, seu poder era tal que tornou-se virtualmente o dono do futebol no país, tendo o vínculo dos principais jogadores do país e sendo o dono da Tenfield, empresa que abriu com Enzo Francescoli e Nelson Gutiérrez (dois de seus antigos agenciados)[4] e que tem os direitos de transmissão do campeonato uruguaio.[1][3]
Tal onipresença deixou os clubes uruguaios dependentes de Casal para ter cotas de TV e para a contratação de jogadores.[3] "Tem sido prejudicial ao futebol uruguaio. Os jogadores cada vez ganham salários menores, os clubes estão falidos, mas os empresários são cada vez mais ricos. Os únicos jornalistas que apóiam a relação contratual entre a AUF e a Tenfield são os que trabalham para a empresa, que tem o monopólio no país", declarou um jornalista.[5] Há rumores de que a mando do agente, Francescoli, Rubén Sosa, Carlos Aguilera e José Óscar Herrera tenham se negado a defender o Uruguai na época em que a Celeste era treinada por Luis Cubilla, que atendia o desejo na época de grande parte dos fãs uruguaios - afastar os jogadores que atuavam na Europa, muitos dos quais os empresariados por Casal.[6] Também se desconfia de que Diego Forlán demorou para receber sua primeira convocação por não ser cliente do agente.[3]
Sem autonomia suficiente para atender os anseios de torcedores e imprensa, os grandes clubes uruguaios - Nacional e Peñarol - começaram a passar por constantes crises na década de 2000, para desalento de grande parte dos uruguaios (a dupla concentra a ampla maioria dos fãs de futebol no país) contra Casal. Na mesma década, o Peñarol, maior vencedor do campeonato, só sagrou-se campeão duas vezes - a segunda delas, em 2010,[7] já após decidir romper com Casal, deixando em 2006, com o apoio da torcida, de usar os jogadores empresariados por ele.[3] Posteriormente, todavia, o clube faria uma reaproximação com o agente.[5] Por outro lado, alguns clubes pequenos aproveitaram-se da falta de tanta exigência para estruturem-se paulatinamente; Danubio e Defensor conseguiram, juntos, três títulos nesse período, criando inclusive um clássico entre si para definir quem seria a terceira força uruguaia.[1]
Casal também tem negócios nos Estados Unidos, onde criou com Francescoli a emissora Gol TV.[2] Francescoli é, por sinal, grande defensor do empresário: "É o empresário mais importante do meu país, e construiu (seu poder) desde o nada. Se envolveu em coisas que geram paixão, como futebol e carnaval, e isso gera divisões (de opiniões). (...) É uma boa pessoa. Um homem que ajuda mais do que crêem. (...) Paco não se levantou um dia e disse 'quero ser dono do futebol uruguaio'. Não. O futebol foi dado a Paco porque os dirigentes não foram aptos a vender os jogadores que criavam", chegou a declarar.[2]
Referências
- ↑ a b c LEAL, Ubiratan (março de 2008). O passado é hoje. Trivela n. 25. Trivela Comunicações, pp. 38-42
- ↑ a b c «Palabra de ídolo». El Gráfico. 19 de setembro de 2008. Consultado em 30 de março de 2011
- ↑ a b c d e LEAL, Ubiratan (janeiro de 2007). Briga de gigantes. Trivela n. 11. Trivela Comunicações, p. 58
- ↑ Nelson Gutiérrez (novembro de 2010). El Gráfico n. 27, Especial "100 Ídolos de River", p. 84
- ↑ a b SANTOS, Luís Felipe dos (8 de novembro de 2007). «"Enquanto depender de migalhas, o futebol uruguaio não tem futuro"». Impedimento. Consultado em 30 de março de 2011
- ↑ BRUM, Maurício (1 de março de 2011). «Un poco más allá del césped: a Greve de 1992». Impedimento. Consultado em 30 de março de 2011
- ↑ STOKKERMANS, Karel (8 de outubro de 2010). «Uruguay - List of Champions». RSSSF. Consultado em 30 de março de 2011