Ptolomeu (gnóstico)
Ptolomeu | |
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Nascimento | século II |
Morte | Desconhecido |
Ocupação | filósofo |
Ptolomeu, o gnóstico ou Ptolemaeus Gnosticus era um discípulo do professor gnóstico Valentim e é conhecido hoje em dia por causa de uma epístola que ele escreveu para uma senhora rica chamada Flora, que não era uma gnóstica.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Ptolomeu estava provavelmente ainda vivo em c. 180 dC. Nenhum outro detalhe é conhecido sobre a sua vida. Não se sabe quando ele teria se tornado discípulo de Valentim, mas sabe-se que ele estava ativo na cidade egípcia de Alexandria e em Roma.[1] Ptolomeu também esteve junto de Heracleon, o principal escritor da escola italiana (ou ocidental) do Gnosticismo valentiano, enquanto ele estava ativo em Roma e no sul da Gália.
Obras
[editar | editar código-fonte]As obras de Ptolomeu chegaram até nós incompletas, como segue:
- Um fragmento de uma obra exegética preservado por Ireneu em Contra Heresias (I, VIII.5);[2]
- Uma epístola à Flora, uma cristã,[1][3] uma senhora que não é conhecida por outro motivo.
Epístola a Flora
[editar | editar código-fonte]A epístola foi escrita em resposta à uma pergunta de Flora sobre a origem da Lei do Antigo Testamento. O Decálogo, afirma Ptolomeu, não pode ser atribuído ao Deus Supremo, nem ao demônio. De fato, este conjunto de leis não procedem nem sequer de um único legislador. Uma parte dele é o trabalho de um deus inferior, similar ao Demiurgo gnóstico, outra parte pode ser atribuída à Moisés e uma terceira parte aos anciãos do povo judeu. Além disso, Ptolomeu subdivide a parte do Decálogo atribuída ao deus inferior em três outras seções:
- A legislação absolutamente pura, que não foi destruída, mas cumprida pelo Salvador;
- As leis que estão misturadas com o mal, como o direito de retaliação, que foi abolido pelo Salvador por ser incompatível com a Sua natureza;
- A seção que é típica e simbólica do reino superior;
«No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandece nas trevas, e contra ela as trevas não prevaleceram.
» (João 1:1–5)- Trecho que, segundo Ptolomeu, contém a Ogdóade gnóstica.
O deus que é o autor da lei, na medida em que não é fruto do trabalho humano, é o demiurgo que ocupa uma posição intermediária entre o Deus Supremo e o demônio. Ele é o criador do universo material e não é nem perfeito e nem o autor do mal, devendo ser considerado como "justo" e "benevolente" na medida do possível para ele. Em sua revelação cosmogônica, Ptolomeu se refere ao um enorme sistema de Aeons, emanados de uma fonte espiritual monádica. Trinta destes, como ele acredita, habitam o mundo superior, o Pleroma. Este sistema se tornou pra ele a base para um exegese que descobre no prólogo do Evangelho de São João a primeira Ogdóade. Para a exegese completa, veja Ireneu.[2]
Referências
- ↑ a b c "Ptolemy the Gnostic" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público..
- ↑ a b «VIII.5». Adversus Haereses. How the Valentinians pervert the Scriptures to support their own pious opinions. (em inglês). I. [S.l.: s.n.]
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em Authors list (ajuda) - ↑ Texto completo em Epifânio de Salamis (Epif). Panarion, XXXIII, 3-7
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- PAGELS, Elaine (1989). The Johannine Gospel in Gnostic Exegesis (em inglês). Atlanta: J. Ross