Ribeirão Caladinho
Ribeirão Caladinho | |
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Trecho do ribeirão Caladinho no bairro Universitário | |
Comprimento | 12 km |
Nascente | Próxima ao bairro Caladinho |
Foz | Rio Piracicaba, no bairro Santa Terezinha II |
Área da bacia | 9 km² |
País(es) | Brasil |
O ribeirão Caladinho é um curso de água que nasce e deságua no município brasileiro de Coronel Fabriciano, no interior do estado de Minas Gerais. Sua nascente se encontra nas proximidades do bairro Caladinho, percorrendo cerca de 12 quilômetros até a foz no rio Piracicaba, no bairro Santa Terezinha II. Sua sub-bacia, quase totalmente contida em área urbana, conta com 9 km².
A poluição e a ocupação desordenada das áreas adjacentes, ocorrida principalmente no decorrer do século XX, resultaram em uma tendência a enchentes durante eventos de cheias. Tais situações tentam ser amenizadas mediante projetos de educação ambiental nas escolas da cidade e com obras de drenagem e de abertura de galerias, realizadas principalmente após os anos 2000.
Ocupação das margens e geografia
[editar | editar código-fonte]A urbanização da área da sub-bacia do ribeirão Caladinho teve início na década de 1960, quando ocorreu a ocupação das regiões dos atuais bairros Caladinho e Santa Terezinha II. O nome do curso homenageia a primeira denominação recebida pela atual região central de Coronel Fabriciano, Calado. Anteriormente, na década de 1950, essa área passou por um processo de terraplenagem para a implantação da BR-381 (antiga MG-4).[1] A rodovia cortava a cidade através da Avenida Presidente Tancredo de Almeida Neves, porém o trecho sob concessão federal foi municipalizado após ser transferido para fora do perímetro urbano.[2]
Muitos dos primeiros loteamentos de Coronel Fabriciano estavam situados às margens dos cursos hidrográficos[3][4] e, de maneira geral, a ocupação da área da sub-bacia ocorreu sem planejamento e por vezes irregular, resultando em uma tendência a enchentes durante eventos de cheias.[5][6] A Avenida Tancredo Neves é historicamente um dos pontos mais afetados por alagamentos, associados a deficiências no escoamento da água das chuvas em direção ao ribeirão, apesar de os impactos das precipitações intensas terem sido reduzidos após a realização de obras de drenagem, construção de ramais de coleta de água, abertura de galerias e gabiões entre 2007 e 2008.[7][8][9]
A nascente do ribeirão Caladinho está situada no bairro Caladinho, nas proximidades de um loteamento. Atravessa então de norte a sul os bairros Industrial Novo Reno, Morada do Vale, Universitário, Aparecida do Norte, Jacinto das Neves, Vila São Domingos, Aldeia do Lago e Santa Terezinha II, considerando a divisão reconhecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[10] Ao percorrer cerca de 12 km, o manancial chega à foz no rio Piracicaba.[5] Em diversos trechos, incluindo a área que intercepta o interior do campus do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste), seu curso é canalizado.[7][11] Com 9 km², sua sub-bacia limita-se com a sub-bacia do ribeirão Caladão e faz parte da sub-bacia do rio Piracicaba que, por sua vez, está inserida na bacia do rio Doce.[12]
Ecologia e meio ambiente
[editar | editar código-fonte]O ribeirão foi severamente corrompido pelo lançamento de esgoto sem tratamento em sua calha urbana.[13] Em 2004, começou a ser estudada a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE), que a princípio estaria situada entre os bairros Mangueiras e Santa Terezinha II e atenderia à demanda dos cursos hidrográficos da cidade. No entanto, o projeto foi interrompido devido ao temor de odores por parte dos moradores dessa região. Nos anos seguintes foram instaladas as redes coletoras e interceptores, mesmo sem uma posição consolidada sobre a localização da ETE.[14]
Somente em 2019 foi autorizada a operação de uma estação de tratamento no bairro Limoeiro, em Timóteo, com a intenção inicial de atender a 165 mil habitantes de ambas as cidades.[15] Apesar do início do tratamento das águas residuais, o despejo irregular de lixo e entulho nas margens do manancial também pode ser observado em alguns trechos, intensificando a contaminação do leito.[5][16] Além disso, sua cabeceira foi utilizada clandestinamente para a construção civil, sendo que após 300 metros as águas já são consideradas como fora dos parâmetros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), não podendo ser consumida e ter contato evitado.[5] Ainda assim, há uma considerável quantidade de pessoas, inclusive crianças, que utilizam as águas para irrigação de hortaliças, para a coleta de material reciclável ou mesmo para o lazer.[5]
Durante o período chuvoso, que normalmente vai de outubro até abril, as áreas mais baixas são afetadas pelas enchentes.[5] Além do recebimento de poluentes, impactos como assoreamento e danos à biodiversidade também foram registrados no curso do ribeirão.[5] Há locais demarcados como áreas de proteção permanente (APPs), muitos dos quais sofreram ocupações.[11] A prefeitura realiza regularmente a capina, limpeza e a remoção do entulho em espaços públicos e disponibiliza "ecopontos" pela cidade para o descarte de restos de construção, móveis e galhadas, porém o despejo em lugares indevidos é feito pela própria população.[17] Para amenizar esse quadro, recorrentemente são realizados projetos de educação ambiental nas escolas da cidade ou que envolvam a população em geral, ministrados tanto pela prefeitura quanto por instituições ambientais.[18]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Leonardo Gomes (janeiro de 2012). «Grande Guia dos Bairros de Coronel Fabriciano». Revista Nosso Vale (15): 5. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original em 22 de março de 2014
- ↑ Assessoria de Comunicação (12 de janeiro de 2010). «Avenida Tancredo Neves é municipalizada». Prefeitura. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original em 31 de julho de 2013
- ↑ PDDI 2014, p. 113–117
- ↑ PDDI 2014, p. 417
- ↑ a b c d e f g Jornal Diário do Aço (27 de janeiro de 2013). «Ribeirão Caladinho expõe moradores a riscos». Consultado em 1 de março de 2013. Arquivado do original em 1 de março de 2013
- ↑ Petrucio, Mauricio Mello; Santos, Patrícia Ferreira (2005). «Dinâmica anual e sazonal de parâmetros fisico-químicos da água nos ribeirões Ipanema, Caladão e Caladinho, bacia do rio Doce - MG, Brasil» (PDF). Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste). Sociedade de Ecologia do Brasil (SEB). Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 17 de novembro de 2015
- ↑ a b Jornal Vale do Aço (15 de outubro de 2007). «Interdição de pista da BR-381 para obras no Caladinho deve ocorrer em dezembro». Consultado em 1 de março de 2013. Arquivado do original em 1 de março de 2013
- ↑ Jornal Diário Popular (27 de dezembro de 2013). «Temporal na madrugada arrasa bairros de Fabriciano». Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original em 16 de novembro de 2015
- ↑ Jornal Diário do Aço (11 de janeiro de 2010). «Infraestrutura, lazer e regularização fundiária». Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original em 16 de novembro de 2015
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (16 de novembro de 2011). «Sinopse por setores». Consultado em 16 de novembro de 2015
- ↑ a b Assessoria de Comunicação (1 de fevereiro de 2012). «Áreas de Proteção Permanente (APPs)» (PDF). Prefeitura. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016
- ↑ PDDI 2014, p. 457–458
- ↑ Engecorps 2016, p. 25–26
- ↑ PDDI 2014, p. 410–411; 414
- ↑ Jornal Diário do Aço (31 de agosto de 2019). «Estação de Tratamento de Esgoto começar a operar em setembro, informa Copasa». Consultado em 29 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2019
- ↑ Campos, Ítallo de Andrade (dezembro de 2015). «Soluções biofílicas como instrumentos de desenvolvimento socioeconômico em Coronel Fabriciano». Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste): 40–43. Consultado em 29 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2019
- ↑ Prefeitura (26 de março de 2019). «Prefeitura divulga calendários de coleta de entulho e capina». Consultado em 29 de setembro de 2019. Arquivado do original em 29 de setembro de 2019
- ↑ Jornal Vale do Aço (2 de dezembro de 2008). «Rio Piracicaba e Ribeirão Caladinho em discussão». Consultado em 1 de março de 2013. Arquivado do original em 1 de março de 2013
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 1)» (PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 1: 1–269. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016
- Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 2)» (PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 2: 270–494. Consultado em 16 de novembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 17 de novembro de 2015
- Engecorps Engenharia S.A. (maio de 2016). «Produto 8 - Relatório final do Plano Municipal de Saneamento Básico - Município: Coronel Fabriciano» (PDF). Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba. Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSBs) dos Municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo. Consultado em 6 de setembro de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 13 de agosto de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Ribeirão Caladinho no Wikimedia Commons