Riellaceae

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Riella

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Marchantiophyta
Classe: Marchantiopsida
Ordem: Sphaerocarpales
Família: Riellaceae
Engler 1892[1]
Género: Riella
Montagne 1852[2]
Espécies
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Sinónimos
  • Duriaea Bory De St. Vincent & Montagne 1843
  • Duriella Bory de St. Vincent ex Billot 1861 non Row 1911 non Dhanam & Jairajpuri 1999
  • Maisonneuvea Trevisan 1877
  • (Trabutiella) Porsild 1902 non Stevens 1920 non Theissen & Sydow 1914[3]

Riellaceae é uma família monotípica de hepáticas (Marchantiophyta) cujo único género, Riella, agrupa cerca de 18 espécies.[4] Plantas incluídas nesta família são pequenas hepáticas talosas que crescem submersas em poças e charcos temporários pouco profundos. Apesar do género ter uma distribuição natural alargada no Hemisfério Norte, é difícil localizar populações, já que a sua ocorrência é esporádica e local e as plantas são minúsculas e efémeras. Os esporos são ornamentados mantêm-se viáveis durante vários anos, permitindo a sobrevivência em anos em que o habitat permaneça seco. As plantas são facilmente cultivadas em laboratório.[5]

As espécies que integram o género Riella são pequenas, geralmente com até 2 cm de comprimento, com uma morfologia taloide tão simples que faz estas plantas parecer algas imaturas.[4] A planta consiste num eixo erecto central ("cauloide"), muitas vezes bifurcado,[6] mas com poucas bifurcações em cada planta, de coloração verde brilhante.[7]

O caulídio apresenta uma fina lâmina dorsal ou "aleta", que por estar presente em apenas um dos lados confere à planta uma aparência assimétrica.[8] A lâmina é pregueada ou ondulada.[6] A lâmina tem a espessura de apenas uma camada singela de células, com todas as células clorofilosas e com parede celular fina.[9]

Antigas descrições da espécie tipo Riella helicophylla davam excessivo ênfase à forma espiralada da lâmina, que não ocorre nas outras espécies do género.[10] Uma espécie, Riella bialata, nativa do norte da África, apresenta duas lâminas ao longo do caulídio em vez da lâmina simples comum às restantes espécies.[6]

Para além da lâmina, o talo central apresente pequenas escamas delicadas, em forma de folha, distribuídas em três séries ao longo das suas faces lateral e ventral.[5] Estas escamas são dimorfas e contêm células com oleoplastos dispersas pelo seu tecido, com um único corpo oleoso por célula.[7] Riella é assim o único membro da ordem Sphaerocarpales que apresenta oleoplastos, apesar destes organelos serem comuns em muitos dos géneros da classe Marchantiopsida.[11]

Distribuição

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Embora populações do género estejam presentes em quase todas as regiões do mundo, dando ao grupo um carácter cosmopolita, as populações Riella são esporádicas e estão limitadas a apenas algumas localidades conhecidas.[7] As plantas nunca são comuns e são encontradas na maioria das vezes em locais onde o verão é seco e o inverno é húmido e suave.[9]

Antes de 1900, o género Riella foi considerado como tendo distribuição natural limitada às regiões ao redor do Mediterrâneo.[8] As primeiras recolhas feitas fora desta região foram publicadas em 1902, quando Morten Pedersen Porsild relatou ter colectado R. paulsenii no Cazaquistão em 1898.[12] Três espécimes adicionais foram recolhidos nos Estados Unidos, recolha que apenas foi reportada em 1903, embora um deles tivesse sido colectado muito antes, em 1855.[10] Desde então, foi reportada a presença de populações adicionais na África do Sul, sul da Argentina e sueste da Austrália.[4]

As espécies de Riella crescem principalmente como planta aquática submersa, raramente flutuante ou emergente.[6] Embora o género seja único entre as hepáticas como planta aquática submerso,[7] não é o único que contém hepáticas aquáticas.[4] As plantas crescem na água doce ou salobra de corpos de água temporários, raramente em águas permanentes.[7]

Classificação

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O género Riella foi publicado em 1852 por Camille Montagne.[2] O agrupamento recebeu o nome Riellaceae 40 anos mais tarde, por proposta de Adolf Engler.[1] A moderna briologia classifica a família Riellaceae na ordem Sphaerocarpales, em conjunto com as famílias Sphaerocarpaceae[13] e Monocarpaceae. Estudos de genética molecular, comparando as sequências genéticas de plantas de Riella, confirmam esta relação.[14]

O briologista Morten Pedersen Porsild reconheceu o subgénero Trabutiella com base na presença de aletas longitudinais no invólucro do arquegónio.[12] O outro subgénero (Riella subg. Riella) apresenta invólucros lisos, desprovidos do tecido das aletas.

A identificação das espécies de Riella é feita com recurso à morfologia dos esporos ou dos invólucros do arquegónio, uma vez que os gametófitos do género apresentam poucas características distintivas nos seus tecidos não reprodutivos.[7] O número de espécies consideradas como validamente descritas integradas no género varia entre 19,[9] 18,[4] e 17 táxons.[7]

O género Riella inclui as seguintes espécies:

  1. a b Engler, A. (1892). Syllabus der Pflanzenfamilien. 1 Grosse Ausgabe, 1st ed. [S.l.: s.n.] p. 45 
  2. a b Montagne, C. (1852). «Note sur le genre Riella, et description d'une espèce nouvelle, R. Reuteri». Annales des Sciences Naturelles. Sér. 3 (Botanique). 18: 11–13 
  3. «Part 2- Plantae (starting with Chlorophycota)». Collection of genus-group names in a systematic arrangement. Consultado em 30 de junho de 2016. Arquivado do original em 6 de outubro de 2016 
  4. a b c d e Schuster, Rudolf M. (1992). The Hepaticae and Anthocerotae of North America. V. Chicago: Field Museum of Natural History. pp. 827–844. ISBN 0-914868-20-9 
  5. a b Bold, Harold C.; Alexopoulos, C. J.; Delevoryas, T. (1987). Morphology of Plants and Fungi 5th ed. New York: Harper-Collins. pp. 216–218. ISBN 0-06-040839-1 
  6. a b c d Haynes, Caroline Coventry; Howe, Marshall Avery (1923). «Riellaceae». North American Flora. 14 (1): 7–8 
  7. a b c d e f g Bartholomew-Began, S. E. «Riella». Bryophyte Flora of North America. Consultado em 26 de junho de 2011 
  8. a b Campbell, Douglas H. (1918). The Structure and Development of Mosses and Ferns revised ed. London: The Macmillan Co. pp. 73–75, 83–74 
  9. a b c Schofield, W. B. (1985). Introduction to Bryology. New York: Macmillan. pp. 197–206. ISBN 0-02-949660-8 
  10. a b Howe, M. A.; Underwood, L. M. (1903). «The Genus Riella with Descriptions of new Species from North America and the Canary Islands». Bulletin of the Torrey Botanical Club. 30 (4): 214–223. doi:10.2307/2478779 
  11. Crandall-Stotler, Barbara; Stotler, Raymond E. (2000). «Morphology and classification of the Marchantiophyta». In: A. Jonathan Shaw & Bernard Goffinet (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 21–70. ISBN 0-521-66097-1 
  12. a b Porsild, M. P. (1902). «Sur une nouvelle espèce de Riella (subgen. nov.: Trabutiella) de l'Asie centrale». Bot. Tidsskr.. 24: 323–327 
  13. Grolle, Riclef (1983). «Nomina generica Hepaticarum; references, types and synonymies». Acta Botanica Fennica. 121: 1–62 
  14. Forrest, Laura L.; Christine E. Davis; David G. Long; Barbara J. Crandall-Stotler; Alexandra Clark; Michelle L. Hollingsworth (2006). «Unraveling the evolutionary history of the liverworts (Marchantiophyta): multiple taxa, genomes and analyses». The Bryologist. 109 (3): 303–334. doi:10.1639/0007-2745(2006)109[303:UTEHOT]2.0.CO;2 

Ligações externas

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