Robert Mugabe
Robert Mugabe | |
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2.º Presidente do Zimbabwe | |
Período | 31 de dezembro de 1987 a 21 de novembro de 2017 |
Primeiro-ministro | Morgan Tsvangirai (2009-2013) |
Antecessor(a) | Canaan Banana |
Sucessor(a) | Emmerson Mnangagwa |
1.º Primeiro-ministro do Zimbabwe | |
Período | 18 de abril de 1980 a 31 de dezembro de 1987 |
Presidente | Canaan Banana |
Antecessor(a) | Cargo Criado |
Sucessor(a) | Morgan Tsvangirai (em 2009) |
Dados pessoais | |
Nome completo | Robert Gabriel Mugabe |
Nascimento | 21 de fevereiro de 1924 Salisbúria, Rodésia do Sul |
Morte | 6 de setembro de 2019 (95 anos) Singapura |
Primeira-dama | Sally Hayfron (1961-1992) Grace Marufu (1996-2019) |
Filhos(as) | 4 |
Partido | ZANU-PF |
Ocupação | Político |
Assinatura |
Robert Gabriel Mugabe (Salisbúria, 21 de fevereiro de 1924 – Singapura, 6 de setembro de 2019) foi um político que serviu como presidente do Zimbabwe de 1987 a 2017. Teve um papel de liderança na Guerra Civil da Rodésia à frente da União Nacional Africana do Zimbábue,[1] comandando o país após a guerra, inicialmente como primeiro-ministro, de 1980 a 1987, e depois como presidente com poderes executivos totais até novembro de 2017, quando foi derrubado por militares.[2][3][4]
Tendo dominado a política no Zimbabwe por quase quatro décadas, Mugabe foi uma figura controversa dentro e fora de seu país. Seus apoiadores enaltecem seu papel como um "herói revolucionário" africano que lutou para libertar o Zimbabwe do colonialismo e do imperialismo britânico. Seus críticos, por outro lado, o rotulam como um ditador que destruiu a economia do país, governava com altos índices de corrupção, racismo e abusos constantes de direitos humanos.[5]
Mugabe iniciou a vida pública na União do Povo Africano do Zimbabwe (ZAPU) em 1960,[6] divergindo da mesma na década de 1970, em que participou da União Nacional Africana do Zimbabwe (ZANU), presidindo-a em 1977,[1] participando ainda de seu braço militar, o Exército Africano da Libertação Nacional do Zimbabwe (ZANLA),[7] e criando um partido daquela, a União Nacional Africana do Zimbabwe - Frente Patriótica (ZANU-PF).[8] Durante as décadas de 1970 e 1980, Mugabe identificava-se ao público como um revolucionário marxista-leninista, aos moldes de Fidel Castro.[9] A partir da década de 1990, passou a identificar-se apenas como um socialista, e sua doutrina tem sido descrita como "mugabismo".[10]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos e início da ativismo político
[editar | editar código-fonte]Mugabe pertencente à uma tribo denominada shona, filho de um fazendeiro local, foi educado numa escola de jesuítas. Foi professor primário na antiga Rodésia, Zâmbia e Gana entre os anos 1942-1949 e 1955-1960. Possuía diplomas de inglês, história e educação nas mais prestigiadas universidades africanas e obteve uma licenciatura em Economia na Universidade de Londres.[11]
Participou no movimento de Joshua Nkomo, a União Popular Africana do Zimbábue (ZAPU), em 1960.[12][6] ocupando ainda alguns cargos na União Nacional Africana do Zimbábue.[13] Foi preso em 1964, devido às suas atividades políticas revolucionárias,[14] sendo libertado em 1974,[15] no contexto do governo de minoria branca de Ian Smith.[16]
Guerrilha e ZANU
[editar | editar código-fonte]Mugabe tinha pretensões de juntar-se à guerrilha do ZANU,[17] mas a prisão de conhecidos lhe deixou temoroso.[18] Mugabe exilou-se, voltando dois anos mais tarde,[19] em que passou a visitar campos do braço militar da ZANU, o Exército Africano da Liberação Nacional de Zimbábue (ZANLA), para arregimentar o apoio de oficiais.[7] Mugabe conquistou o respeito deles, tornando-se presidente da ZANU em 1977,[1] período em que começou a desconfiar de oficiais da ZANLA, aprisionando-os.[20]
A ZANLA entrou em uma guerra com o governo de Smith, que terminou com 30 mil casualidades.[21] A guerrilha iniciou atacando lojas e fazendas brancas,[22] até ter a capacidade de tomar cidades.[23] Ao fim da guerra, a guerrilha levara vantagem.[24] Nesse período, Mugabe propagandeava-se no rádio como um revolucionário marxista, como Fidel Castro e Vladimir Lenin,[9][20] sendo apoiado pelo partido comunista chinês.[25] Durante a guerrilha, Mugabe reiteradamente apoiou a violência contra a minoria branca.[26] Ao fim da guerra, Nkomo se apresentava como moderado, enquanto Mugabe mantinha a retórica revolucionária e marxista.[27] O cessar-fogo veio com o acordo de paz de Lancaster House, que Mugabe assinou relutantemente só no ano de 1979, em Londres.[28]
Carreira política e ZANU-PF
[editar | editar código-fonte]Com o acordo assinado, após meses de negociações, Mugabe voltou para a ex-Rodésia e foi calorosamente recebido.[29] Com pretensões políticas, ficou em uma casa em Mount Pleasant, um subúrbio branco.[30] Foi orientado a não alienar o eleitorado branco,[31] dessa forma, durante sua campanha política evitou a retórica revolucionária e marxista.[32] Se distanciou de Nkomo assim como o ZANU distanciou de ZAPU,[33] fundando a União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (ZANU-PF).[8] Era previsto que o partido de Mugabe ganharia as eleições com base na divisão étnica do país - ele era o candidato Shona, comunidade que representava a 70% da população, enquanto Nkomo era Ndebele, uma tribo que compunha apenas 20%.[34] Para muitos brancos esse era um prospecto tenebroso, devido à retórica marxista e racista que Mugabe adotara durante os tempos de guerrilha.[26]
Primeiro-ministro e presidente
[editar | editar código-fonte]Esta página ou seção foi marcada para revisão devido a incoerências ou dados de confiabilidade duvidosa.Novembro de 2017) ( |
Tornou-se primeiro-ministro da ex-Rodésia (já depois do fim do governo liderado por Ian Smith) em 1980, ao vencer as primeiras eleições democráticas.[35] Em abril do mesmo ano, é declarada a independência do país que passou a ser designado por Zimbabwe ("Zimbábue" em português).
Em 1982 passa a liderar o país sozinho, rompendo a coligação de Unidade Nacional de dois anos com Joshua Nkomo e pondo termo a uma ligação que imperava, desde 1976, com a União Popular Africana do Zimbábue (ZAPU) de Joshua Nkomo, em que votava a maioria dos membros da etnia ndeble. Este processo de separação despoletou violentos confrontos entre as duas facções, originando uma onda de repressão contra os membros da ZAPU e os ndeble.
Passando a centralizar o poder e obtendo cada vez mais autoridade, termina com o sistema parlamentar, instaurando um sistema com um maior pendor presidencialista. É eleito Presidente em 1984, 1990, 1996 e 2002 em eleições consideradas, por muitos, ilegais e fora do controlo democrático, habitual de um estado de direito.
A derrota no referendo de 2000, que possibilitaria uma revisão constitucional , foi um dos únicos reveses do regime ditatorial de Robert Mugabe, contudo isso não impediu o seu governo de concretizar em pleno os seus objectivos de Reforma Agrária por ele preconizados, retirando terras a agricultores brancos e entregando-as a membros do seu partido. Com isto, a produção agrícola caiu para valores muito baixos e o país, antes exportador de produtos agrícolas, passou a importador, a haver fome nas cidades e a um clima de hiper-inflação, que tornou a moeda local com valores ridiculamente elevados e ao seu posterior desaparecimento. Actualmente, estima-se que o Zimbabwe seja um dos países com maior número de pessoas a viverem abaixo do limiar de pobreza.
Nos anos dos seus mandatos, Mugabe, sendo um marxista que se afastou completamente dos seus ideais com o fim da União Soviética, deu seguimento a um conjunto de políticas de carácter socializante, nacionalizando várias indústrias ao mesmo tempo que expropriava várias terras dos seus proprietários originais e seguia os seus planos de aumento de impostos e de controlo de preços, alastrando assim o controle do estado sobre os diversos setores da economia. Promoveu investimentos no setor educacional e elevou a qualidade de vida do Zimbábue a níveis anormais para países emergentes. Em 1991, promoveu um programa de austeridade visando absorver os profissionais graduados do sistema educacional, com o auxílio logístico e financeiro do FMI, o que resultou em uma queda brusca no estilo de vida da maioria pobre. Resultando em uma marginalização crescente da população, o programa foi cancelado pelo FMI.
O progresso econômico e social do governo Mugabe que começou no final da década de 1980 e foi até meados dos anos 90 acabou desaparecendo no fim dessa mesma década. No começo dos anos 2000, a economia do Zimbábue começou a entrar em rápido declínio. Corrupção, má gestão e problemas no cenário macro-econômico mundial começaram a causar dificuldades para o país e puxaram a qualidade de vida do povo para baixo. Conforme a situação da nação piorava, o governo ia ficando cada vez mais centralizado e repressão a oposição aumentou, atraindo condenação de dentro e fora do país. A União Africana, os Estados Unidos e a União Europeia passaram a colocar o Zimbábue sob pesadas sanções econômicas, isolando a nação. Mugabe afirmou que essas ações externas contra ele eram uma forma de "neo-colonialismo" e culpou o Ocidente pelos problemas econômicos do país.[36][37][38][39] O conjunto dessas e outras políticas particulares de seu governo levaram a denominação de "mugabismo".[10]
Robert Mugabe venceu as eleições convocadas para o dia 28 de junho de 2008, sendo reconduzido mais uma vez ao poder, desta feita pela sexta vez consecutiva, por desistência de Morgan Tsvangirai, que tinha ganho a primeira volta, após vários dos seus apoiantes terem sido assassinados. Com o apoio internacional, houve uma partilha de poder que durou cerca de quatro anos, mas o Governo de Unidade Nacional revelou-se ineficaz para acabar com as fortes tensões e evitar confrontos sangrentos entre os apoiantes de Mugabe e Tsvangirai. Em 31 de junho de 2013 Robert Mugabe foi novamente reeleito, apesar da oposição e observadores considerarem fraudulenta a eleição.
Crise política e renúncia
[editar | editar código-fonte]Em 6 de novembro de 2017, Mugabe dispensou seu vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. Isso gerou especulações de que ele pretendia nomear sua esposa, Grace, para o cargo, com o intuito de fazê-la sua sucessora. Grace Mugabe era impopular dentro do partido e nos círculos políticos. Uma semana mais tarde, a 15 de novembro de 2017, o Exército Nacional do Zimbábue perpetrou um golpe de estado, ocupando prédios governamentais e colocando o presidente Mugabe sob prisão domiciliar. Oficiais das forças armadas afirmaram que estavam limpando os "criminosos" do círculo de Mugabe.[40][41][42]
Em 19 de novembro, Mugabe foi oficialmente dispensado da liderança do seu partido, o ZANU-PF, e Emmerson Mnangagwa foi apontado para ocupar seu lugar.[43] O partido também deu a Mugabe um ultimato para ele renunciar a presidência do país ou um processo de impeachment seria aberto contra ele. O presidente foi a público na televisão e afirmou que se recusava a renunciar.[44] No dia seguinte, seu partido anunciou que pediria formalmente seu impeachment na Assembléia.[45]
Em 21 de novembro de 2017, após muita pressão interna, foi confirmada a renúncia de Mugabe à presidência do Zimbábue.[46] Segundo acertado em negociação, os negócios da família de Mugabe permaneceriam intocados, com ele ganhando $10 milhões em troca e também foi declarado que sua imunidade processual permaneceria, acabando com a possibilidade dele ser julgado por crimes financeiros ou contra a humanidade cometidos durante os trinta anos do seu governo.[47]
Morte
[editar | editar código-fonte]Robert Mugabe morreu aos 95 anos, no dia 6 de setembro de 2019, num hospital de Singapura, onde estava internado desde abril do mesmo ano.[48][49] A causa da morte do ex-presidente foi câncer.[50][51]
Referências
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- ↑ «Militares do Zimbábue negam golpe mas anunciam operação contra assessores do presidente». Correio do Povo. 15 de novembro de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017
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- ↑ «Mugabe renuncia à presidência do Zimbábue, diz agência». G1. Consultado em 21 de novembro de 2017
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Bibliografia
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