Serra do Sincorá

Serra do Sincorá
Serra do Sincorá
Vista do Mirante do Caim, ao norte da Serra do Sincorá, em Igatu.
Localização
Continente América
País Brasil
Unidade federativa Bahia
Município Lençóis
Cordilheira Chapada Diamantina
Características
Altitude máxima c. 1 000 m
Cumes mais altos
Área 800 km²

A Serra do Sincorá é uma cadeia de montanhas situada no estado brasileiro da Bahia. Parte integrante da Chapada Diamantina, abriga o Morro do Pai Inácio e as cidades históricas de Lençóis, Palmeiras, Mucugê e Andaraí, constituindo importante sítio geológico, paleontológico e ecológico. Em sua extensão estão ainda a cidade de Mundo Novo e povoados como Igatu; nas faldas encontram-se as cidades de Barra da Estiva, Ibicoara[1] e Ituaçu, terra natal do Barão do Sincorá.

Trata-se de um conjunto formado por serras menores (como Cravada, do Sobrado, do Lapão, do Veneno, do Roncador ou Garapa, do Esbarrancado, do Rio Preto e outras) com uma extensão de 80 quilômetros, projetando-se numa média de 800 metros acima dos vales limítrofes — atingindo até dois mil metros de altitude, formando vales e cânions.[1] Está situada do lado oeste e ao centro da Chapada Diamantina, projetando-se do sul, na vila de Sincorá Velho, até o povoado de Afrânio Peixoto, em Lençóis. É cortada pelos rios Paraguaçu (maior curso d'água, que tem seu limite na Serra no Poço da Donana), Sincorá (que dá nome à Serra), Mucugezinho, Santo Antônio e Cumbuca.[1]

A Serra foi o núcleo central da exploração diamantina, em corrida que iniciou-se na década de 1840, gerando o afluxo de dezenas de milhares de exploradores em busca de diamantes[2] que, tendo aflorado a partir de kimberlitos, por aluvião foram levados aos leitos dos rios.[1] Foco de povoamento e de conflitos, a Serra foi cenário das lutas do coronel Horácio de Matos, cujo nome batiza o aeroporto da cidade de Lençóis, localizado na Vila de Tanquinho e já fora da Serra do Sincorá e a principal via de acesso aéreo ao Parque Nacional.[1]

Além do Parque Nacional da Chapada Diamantina, a Serra abriga o Projeto Sempre Viva, da prefeitura municipal de Mucugê, que possui o Museu Vivo do Garimpo.[2] Suas paisagens montanhosas e cidades antigas são ainda permeadas por cachoeiras e mirantes.

Com o título de Diamond Mine of Sincura, o jornal australiano The Maitland Mercury registrava, já em 1842, a existência da mineração na região da Serra do Sincorá, falando da insegurança na região do garimpo e da qualidade dos diamantes ali encontrados.[3]

É, na sua geomorfologia, "um planalto em estruturas dobradas e suborizontais, muito modificada pela ação erosiva apresentando uma forma alongada de desenvolvimento norte-sul, com uma largura média de 20 a 25 km" que tem um relevo bastante irregular e aspecto ruiniforme, com os cursos d'água formando cânions e corredeiras.[4]

Augusto José de Cerqueira Lima Pedreira da Silva assim a descreveu, em 1994: "estende-se desde o paralelo de Iraquara com direção norte-sul até a altura da localidade de Guiné, onde inflete para SSE até Novo Acre, no canto sudoeste da área. Suas altitudes alcançam até 1 700 m e ela se desenvolve sobre sedimentos da Formação Tombador compostos por arenitos e conglomerados muito bem consolidados. A serra do Sincorá forma uma dobra anticlinal parcialmente flanqueada a oeste por um sinclinal. As ondulações do eixo do anticlinal são representadas por janelas erosivas onde aflora a Formação Guiné (topo do Grupo Paraguaçu), como acontece em Mundo Novo, Vale dos Patis (a leste de Guiné) e no morro do Pai Inácio, ao longo da BR-242".[5]

Referências

  1. a b c d e Augusto J. Pedreira. «A Chapada dos Diamantes: Serra do Sincorá, Bahia». www.unb.br. Consultado em 24 de julho de 2010. Arquivado do original em 22 de julho de 2010 
  2. a b PM de Mucugê. «Museu Vivo do Garimpo». Consultado em 24 de julho de 2010. Arquivado do original em 12 de novembro de 2009 
  3. «Diamond Mine of Sincura». NLA. The Maitland Mercury & Hunter River General Advertiser, the Athenaeum, (191): 4. 2 de maio de 1846. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  4. João Cláudio Cerqueira Viana (2007). «Diatomáceas (Bacillariophyceae) epilíticas como biomonitores da qualidade de água dos rios Cumbuca, Mucugê e Piabinha (Chapada Diamantina-BA)» (PDF). UFBA. Consultado em 15 de março de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 15 de março de 2023 
  5. Augusto José de Cerqueira Lima Pedreira da Silva (14 de outubro de 1994). «O supergrupo espinhaço na Chapada Diamantina centro-oriental, Bahia: sedimentologia, estratigrafia e tectônica» (PDF). São Paulo: USP. Cópia arquivada (PDF) em 24 de julho de 2018