Sesnando Davides
Sisnando Davides de Coimbra | |
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Alvazil/Conde | |
Conde de Coimbra | |
Reinado | 1064-1091 |
Predecessor(a) | Gonçalo Moniz (987) |
Sucessor(a) | Martim Moniz de Ribadouro |
Nascimento | Antes de 1064 |
Tentúgal, Portugal | |
Morte | 25 de agosto de 1091 |
Coimbra, Portugal | |
Nome completo | Sisnando Davides |
Cônjuge | Loba Nunes de Portucale |
Descendência | Elvira Sisnandes, Condessa de Coimbra |
Pai | David |
Mãe | Susana |
Religião | Catolicismo romano |
Sesnando Davides ou Sisnando Davidiz ou Sisnando Davídez de Coimbra (Tentúgal[1]-Coimbra, Portugal, 25 de agosto de 1091),[1] filho de David e de Susana,[2] foi um moçárabe da Península Ibérica, onde foi dono das terras na zona de Coimbra e governador desta mesma cidade.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Tendo sido educado em Córdova, foi companheiro de Rodrigo Díaz de Vivar, o famoso El Cid, o Campeador, tendo chegado a exercer altas funções na corte de Sevilha.
Teria sido ele quem convenceu o rei Fernando I de Leão o Magno, conde de Castela e rei de Leão a reconquistar Coimbra,[1] acontecimento ocorrido em 27 de dezembro de 1064, cidade erigida em sede do condado coimbrão cujo governo lhe foi concedido por este soberano, possivelmente devido aos serviços prestados ao rei, visto que esteve presente no conflito armado, sendo chamado nos documentos por cônsul ou alvazil.
Assim foi dono de extensos territórios na zona coimbrã, podendo exemplificar-se com os latifúndios dos nossos dias. Foi dententor do título de 2º Senhor de Coimbra.
Sisnando manteve os seus domínios que estendeu por todo o vale do rio Mondego, mantendo, graças à sua origem moçárabe, a paz com as taifas muçulmanas mais a Sul.
Foi o responsável pela construção ou reconstrução de diversos castelos entre os quais se destacam o de Castelo de Coimbra, o Castelo da Lousã, o Castelo de Montemor-o-Velho, o Castelo de Penacova e o Castelo de Penela.
Manteve-se tanto quanto possível sempre separado da influência do Condado Portucalense, tal como se procurou manter desligado das casas nobres de norte de Portugal.[3][4]
Tendo governado até cerca de 1091, foi o responsável não apenas pela pacificação e defesa do território, mas principalmente pela sua reorganização, tornando Coimbra um centro florescente, onde a cultura moçárabe viria a conhecer o seu canto de cisne.
O seu túmulo pode ser visitado na Sé Velha de Coimbra.
Matrimónio e descendência
[editar | editar código-fonte]Casou com Loba Nunes, cognomento Aurovelido, filha de Nuno Mendes, o derradeiro conde de Portucale descendente da família de Vímara Peres, e de Goncina,[5][6] de quem teve a:
- Elvira Sisnandes,[7] a esposa de Martim ou Martinho Moniz,[8] da família de Riba Douro, filho de Munio Fromariques e Elvira Gondesendes, que sucedeu a seu sogro Sesnando no governo do condado de Coimbra. Também foi governador de Arouca em 1094, e talvez de Lamego. Martim esteve em Valência na corte de El Cid e em 1111 na corte do Afonso I de Aragão contra a rainha Urraca de Leão.[9][10][1]
Referências
- ↑ a b c d Ubieto Arteta 1980, p. 255.
- ↑ Botelho Barata Isaac 2014, p. 59 e 60.
- ↑ Reilly 1988, p. 118 e nota 3.
- ↑ Huici Miranda 1969, p. 274-275.
- ↑ Mattoso 1998, p. 14 e 34.
- ↑ Mattoso 1981, p. 115.
- ↑ Botelho Barata Isaac 2014, p. 60.
- ↑ Saraiva 2013, p. 24.
- ↑ Mattoso 1998, p. 34 e 60.
- ↑ Mattoso 1981, p. 203 e 263.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Botelho Barata Isaac, Francisco Maria (2014). «A memoria e legado de Sesnando Davides – Problemáticas e dúvidas acerca do Cônsul de Coimbra nos documentos 16, 28, 101 e 478 do Livro Preto da Sé de Coimbra». Medievalismo. Revista de la Sociedad Española de Estudios Medievales (24): 57-77. ISSN 1131-8155
- Carvalho Correia, Francisco (2008). O Mosteiro de Santo Tirso, de 978 a 1588: A silhueta de uma entidade projectada no chao de uma história milenária. Santiago de Compostela: Tese de doutoramento. Facultade de Xeografía e História. Universidade de Santiago de Compostela. ISBN 978-8498-8703-81
- Gouveia, Mário de (2010). «O limiar da tradiçao no moçarabismo conimbricense: os "Anais de Lorvao" e a memoria monástica de frontera (séc. IX-XII) (Tese de Mestrado em História Medieval, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Universidade Nova de Lisboa em 2008)». Madrid: Instituto de Estudos Medievais. Medievalista online (8). ISSN 1646-740X. Consultado em 28 de novembro de 2014. Arquivado do original em 5 de agosto de 2016
- Hernández, Francisco J (2009). «En la prehistoria de la materia épica cidiana: El Cid no era El Cid». Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, CSIC. Revista de Filología Española. LXXXIX (2): 257-278. ISSN 0210-9174
- Huici Miranda, Ambrosio (1969). Historia musulmana de Valencia y su región:novedades y rectificaciones 1 (em espanhol). Valencia: Ayuntamiento de Valencia. OCLC 835425231
- Lay, Stephen (2011). «Escribiendo la Reconquista: la consolidación de la memoria histórica en el Portugal del siglo XII». Universidad de Salamanca. Studia Historica:Historia Medieval (29): 121-143. ISSN 0213-2060
- Mattoso, José (1981). «As famílias condais portucalenses dos séculos X e XI». A nobreza medieval portuguesa, a família e o poder. Lisboa: Editorial Estampa, Lda. (Imprensa Universitaria). OCLC 8242615
- Mattoso, José (1998). Ricos-homens, Infanções e Cavaleiros. A Nobreza medieval portuguesa nos séculos XI a XII 3.ª ed. Lisboa: Guimarães Editores. Colecção História e Ensaios. OCLC 717820061
- Reilly, Bernard F (1988). The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, 1065-1109 (em inglês). Princeton, N.J.: Princeton University Press. OCLC 657399185
- Saraiva, Anísio Miguel de Sousa (coordinator) (2013). Espaço, poder e memória: a Catedral de Lamego, sécs. XII a XX. Lisbon: Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa. ISBN 978-972-8361-57-0
- Ubieto Arteta, Antonio (1980). «Inmigración medieval de lusitanos al Altoaragón» (PDF). Huesca: Instituto de Estudios Altoaragoneses. Argensola: Revista de Ciencias Sociales (90): 249-260. ISSN 0518-4088
- Sesnando Davides - Alvazil, Cônsul, Estratega e Moçárabe, por Francisco Maria Botelho Barata Isaac, Dissertação de Mestrado em História, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Outubro de 2013