Soma (neurologia)

Estrutura de um neurónio típico
Soma

O soma é o corpo celular dos neurónios, que contêm o núcleo e o citoplasma. O citoplasma recebe o nome de pericário (etimologicamente "ao redor do núcleo"). Do soma celular saem as expansões dos neurónios: content://media/external/file/76528[dendrite]]s e axónio. Existem muitos tipos diferentes de neurónios, e o seu tamanho e o do seu soma varia consideravelmente. O perfil do pericário é geralmente anguloso ou poligonal, e a superfície curva e é um pouco côncava antes das zonas a partir das quais emergem as dendritas e o axónio, mas existem também casos de somas arredondados, como os dos neurónios dos gânglios das raízes dorsais.

O núcleo é grande e similar ao doutras células, com a cromatina espalhada (difusa) de um modo uniforme na maior parte dos casos.

O pericário contém todos os organelos típicos, incluindo grânulos característicos chamados corpos de Nissl e inclusões e um citoesqueleto bastante desenvolvido. O complexo de Golgi é semicircular e está situado a meio da distância entre o núcleo e a membrana plasmática e nas colorações clássicas com prata ou ósmio era perfeitamente perfilado. As mitocondrias são muito numerosas e com forma bacilar, mas são geralmente mais pequenas do que as dos tecidos não nervosos e as suas cristas não se orientam sempre transversalmente como é normal, mas, pelo contrário, são frequentemente paralelas ao eixo maior da mitocondria. Os centríolos estão presentes nas células pré-neuronais embrionárias, mas são menos frequentes nas células adultas de vertebrados.

No pericário podem aparecer vesículas especializadas carregadas de substâncias, como as vesículas das células produtoras de catecolaminas que contêm o neurotransmissor, ou as vesículas carregadas de hormonas dos neurónios do hipotálamo.[1] No pericário são frequentes as inclusões em forma de grânulos de pigmentos escuros, que em neurónios como os da substância negra são de melanina. Também são comuns os grânulos de lipofuscina e as gotas de lípidoss. São mais raros os depósitos granulares de ferro, que aparecem nalguns neurónios como os da substancia negra ou o globo pálido. Por outro lado, os neurónios diferenciados não apresentam grânulos de glicogénio.

Os corpos de Nissl são característicos dos neurónios e podem ser vistos tingindo a célula com corantes básicos. Aparecem como massas fortemente basifílicas formadas por cisternas do retículo endoplasmático rugoso dispostas de modo ordenado e paralelo.[1] Contêm vários ribossomas e polirribossomas, pelo que são áreas de intensa síntese proteica. O seu tamanho e distribuição varia de umas células para outras e conforme o estado patológico.[2]

O citoesqueleto é muito desenvolvido. Os seus principais componentes são neurofilamentos e microtúbulos. Os neurofilamentos são constituídos por três proteínas entrelaçadas. Tanto os neurofilamentos como os microtúbulos estão dispostos em feixes que ocupam os espaços entre os corpos de Nissl e a aparato de Golgi, e prolongam-se pelas dendritas e axónio.

O cone axónico, ou protuberância do axónio, é a zona do pericário onde se origina o axónio. Esta zona está desprovida de corpos de Nissl e de polirribossomas. No cone axónico os distintos elementos celulares estão classificados entre os que permaneceram no soma e os que entraram no axónio (citoesqueleto, mitocondrias). Para além disso, existe uma membrana plasmática especializada que contém muitas canais iónicos regulados por voltagem, uma vez que é normalmente a zona onde se inicia o potencial de ação do impulso nervoso.[2]

Referências

  1. a b D. W. Fawcett. Tratado de Histología 11.ª ed. [S.l.]: Interamericana-Mac Graw Hill. pp. 313–322 
  2. a b Larry Squire, Darwin Berg, Floyd Bloom, Sascha du Lac, Anirvan Ghosh, Nicholas Spitzer (2008). Fundamental Neuroscience 3.ª ed. [S.l.]: Academic Press. ISBN 978-0-12-374019-9