Tasso da Silveira
Tasso da Silveira | |
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Em 1958. | |
Nome completo | Tasso Azevedo da Silveira |
Nascimento | 1895 Curitiba, Brasil |
Morte | 1968 (73 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | escritor |
Prémios | Prémio Machado de Assis 1957 |
Magnum opus | Cantos do campo de batalha |
Religião | Católico |
Tasso Azevedo da Silveira OSE (Curitiba, 11 de março 1895[1] — Rio de Janeiro, 1968) foi um escritor e poeta brasileiro.[2] Foi um dos representantes da ala espiritualista do modernismo brasileiro, ao lado de Alceu Amoroso Lima e Cecília Meireles. Ganhou um importante reconhecimento nos círculos literários, sendo considerado por Gerardo Melo Mourão como “talvez o maior poeta cristão das nossas letras”.[3]
Alceu Amoroso Lima afirmou que a obra de Tasso é a que, no Brasil, possui “a poesia em seu mais puro estado”.[4] Reagindo contra a cidade cosmopolita, ressalta nele um lirismo construído com o sentimento do imponderável.[5] Segundo Adonias Filho, a poesia de Tasso da Silveira gira em torno do Brasil e do amor à pátria, tendo uma missão concreta e clara, isto é, a de salvá-lo das suas desgraças. Dessa forma, Tasso buscava operar uma redenção para que o Brasil assumisse a vocação de ser o “novo eleito”, para “reintroduzir no mundo a inocência perdida”. Assim, Tasso da Silveira recebeu o título de “o poeta do povo brasileiro”.[6]
Em 1957, foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis, pelo total de sua obra.[7]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Era filho do poeta simbolista Silveira Neto.
Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Tasso, ao lado de Oscar Martins Gomes, Lacerda Pinto e José Guahiba, fundaram a revista "Fanal", um periódico que era órgão literário do Novo Cenáculo e que circulou entre 1911 e 1913. Este veículo pertenceu ao movimento de vanguarda literária ocorrido no início do século XX, no Paraná, e que ficou conhecido como "os novos" ou "os novíssimos"[8] e também foi um dos representantes da ala espiritualista do modernismo, ao lado de Cecília Meireles e Tristão de Ataíde. Pertenceu ao grupo da Revista Festa, da qual foi um dos fundadores.
Foi discípulo e amigo do filósofo Raimundo de Farias Brito, tendo participado do seu velório e sepultamento com a família. No círculo de pessoas próximas de Farias Brito, tinha ao seu lado Jackson de Figueiredo, Andrade Muricy, Nestor Vítor e outros.[9]
Estreou como poeta com Fio d'Água, em 1918, tendo adotado o verso livre a partir do terceiro livro, Alegorias do Homem Novo, em 1926.
Colaborou em diversas revistas literárias do Rio de Janeiro e de São Paulo. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico.[10] Lecionou literatura portuguesa na Universidade Católica e na Faculdade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.
Em novembro de 1936, aderiu à Ação Integralista Brasileira.[11] Dentro do movimento, tornou-se Secretário Provincial de Estudos do núcleo de Guanabara, atual Rio de Janeiro.[12] No ano seguinte, publicou o livro Estado Corporativo, explicando a doutrina integralista e criticando os diversos liberalismos. Chegou a afirmar que, como integralista, estava disposto ao martírio a qualquer instante.[13] Durante o Estado Novo, dirigiu a revista integralista Cadernos da Hora Presente.[14] Em 1945, foi um dos signatários de uma Carta Aberta dos ex-líderes integralistas em defesa do movimento, candidatando-se, nas eleições de 1947 e 1950, a vereador do Rio de Janeiro pelo Partido de Representação Popular, sucessor da AIB.[15][16] A partir de 1953, participou do Grande Conselho do Movimento Águia Branca, também de caráter integralista.[17]
A 11 de Dezembro de 1941 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal.[18]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- Jackson de Figueiredo, 1916
- Fio d’Água (poesia), 1918
- A Igreja silenciosa (ensaios), 1922
- A alma heroica dos homens (poesia), 1924
- Alegorias do homem novo (poesia), 1926
- As imagens acesas (poesia), 1928
- Cântico ao Cristo do Corcovado (poesia), 1931
- Definição do Modernismo Brasileiro (crítica literária), 1932
- Discurso ao povo infiel (poesia), 1933
- Tendências do pensamento contemporâneo (ensaios), 1935
- Descobrimento da Vida (antologia poética), 1936
- 30 Espíritos-Fontes (ensaios), 1937
- O sagrado esforço do homem (antologia do trabalho), 1937
- Estado Corporativo (política), 1937
- Caminhos do Espírito (ensaios), 1937
- Gil Vicente e outros estudos portugueses, 1940
- O Canto Absoluto (poesia), 1940
- Alegria do mundo (poesia), 1940
- Só tu voltaste? (romance religioso), 1941
- Cantos do campo de batalha (poesia), 1945
- As qualidades e as virtudes de Euclides da Cunha (coautoria de Plínio Salgado), 1954
- Contemplação do Eterno (poesia), 1952
- Canções a Curitiba (antologia poética), 1955
- Puro Canto (poesia), 1956
- Sombras no Caos (romance), 1959
- Regresso à Origem (poesia), 1960
- Sombras no Caos (romance), 1961
- Puro Canto (poesias completas), 1962
- Literatura comparada, 1964
- Cruz e Sousa: Poesia (antologia completa), 1967
- Diálogo com as raízes (ensaios), 1971
Obras inéditas de ensaios
[editar | editar código-fonte]- Revolução e Penitência
- Sol dos Séculos
- Problemas e pseudo-problemas de estética
- Contemplação do amor e da beleza
- Dança, Música e Poesia
- Algumas cabeças
Referências
- ↑ Paraná, Assembleia Legislativa do. «Assembleia Legislativa do Paraná | Tasso da Silveira». Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Consultado em 1 de fevereiro de 2024
- ↑ Tasso da Silveira (Curitiba PR, 1895 - Rio de Janeiro RJ, 1968)[ligação inativa] Escritas.org - acessado em 8 de outubro de 2015
- ↑ «Apresentação». Cântico ao Cristo do Corcovado 5 ed. São Paulo: Edições GRD. 1990. p. 8
- ↑ «Tasso da Silveira e sua poesia». Puro Canto. São Paulo: GRD. 1962
- ↑ «poesia.net 130 - Tasso da Silveira». www.algumapoesia.com.br. Consultado em 6 de novembro de 2021
- ↑ FILHO, Adonias (11 de março de 1955). «Tasso da Silveira e o tema da poesia eterna». A Marcha (105): 4
- ↑ Fangueiro, Maria do Sameiro. «Tasso da Silveira». Biblioteca Nacional Digital. Consultado em 6 de novembro de 2021
- ↑ A Gloriosa Asneira de Casar-se, matéria de: Cláudio Denipoti Revista da Universidade Estadual de Ponta Grossa — acessado em 22 de junho de 2010
- ↑ SERRANO, Jonathas (1939). Farias Brito: O Homem e a Obra. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional. pp. 266–268
- ↑ Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019
- ↑ «Tasso da Silveira e o Integralismo». A Razão. 5 de novembro de 1936
- ↑ Monitor Integralista (Boletim Oficial da Ação Integralista Brasileira), nº 21, 17 de julho de 1937, p. 1.
- ↑ Silveira, Tasso (1937). Estado Corporativo. Rio de Janeiro: José Olympio
- ↑ Fangueiro, Maria do Sameiro. «Tasso da Silveira». Biblioteca Nacional Digital. Consultado em 6 de novembro de 2021
- ↑ Candidatos a vereador ao Conselho Municipal do Distrito Federal. A Manhã, 5 de janeiro de 1947, p. 11.
- ↑ Partido de Representação Popular — Para a Câmara dos Vereadores. O Jornal, 24 de setembro de 1950, p. 5.
- ↑ OLIVEIRA, Laura (2015). Guerra fria e política editorial. Maringá: Eduem. p. 59
- ↑ «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Tasso Azevedo da Silveira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de março de 2016