Tetragnathidae

Tetragnathidae
Metellina mengei
Tetragnatha montana, fêmea
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Chelicerata
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Infraordem: Araneomorphae
Família: Tetragnathidae
Menge, 1866
Diversidade
45 gênero, 989 espécies
Tetragnatha sp.

Tetragnathidae é uma família de aranhas araneomorfas. A família possui pouco menos de 1000 espécies classificadas em 45 gêneros[1]. A maioria (66%) das espécies da família pertencem aos gêneros Tetragnatha Latreille, 1804, Leucauge White, 1841 e Chrysometa Simon, 1894 de distribuição global, pantropical e neotropical respectivamente[1]. Estas aranhas constroem teias orbiculares típicas com espiral grudenta para a captura de presas[2][3].

Os representantes do gênero Tetragnatha são abundantes na vegetação próxima da água, incluindo plantações inundadas. Por esse motivo, são estudadas como prestadoras de serviços ecossitêmicos de controle de presas [4]. Da mesma forma, as espécies do gênero Leucauge são frequentemente encontradas às margens de corpos d'água, mas também em ambientes florestais fechados, em clareiras ensolaradas, jardins e pomares[5]. Já os representantes do gênero Chrysometa, preferem vegetações de altitude e são comuns em ecossistemas montanhosos do Neotrópico [6].

Morfologia e Evolução

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As aranhas da família Tetragnathidae são distinguíveis das demais construtoras de teia orbicular típica principalmente por meio de suas quelíceras longas ou ornamentadas e genitália simplificada em comparação às demais famílias da superfamília Araneoidea[7][2]. O epígino (genitália feminina) é plano, pouco rígido, e até mesmo ausente como em alguns gêneros da subfamília Tetragnathinae, que apresentam uma morfologia haplógina por reversão[7][2]. Já o bulbo copulatório (modificação no pedipalpo do macho para transferência espermática) possui o condutor como única apófise tegular. O condutor fica unido ao êmbolo formando uma espiral ou projeção em forma de garra, e é dito que o condutor das Tetragnathidae seja homólogo ao das Araneidae[2]. A perda das demais apófises é compensada pelas modificações do címbio e do paracímbio, que são complexos na maioria dos gêneros, com espinhos, projeções e outras estruturas que auxiliam na cópula[8][2]. As longas quelíceras também possuem função reprodutiva em algumas espécies, em que o macho e a fêmea se prendem um no outro pelas presas e pelos dentículos ou cerdas da base da quelícera no momento da cópula[9].

Outra característica morfológica notável é a presença de tricobótrias enfileiradas na superfície dorsal dos fêmures de várias espécies, principalmente nas subfamílias Leucauginae e Tetragnathinae [2]. As tricobótrias são cerdas finas e alongadas que atuam como órgãos para a captação de estímulos sensoriais. Na maioria das aranhas, não é incomum que tricobótrias sejam órgãos mais importantes para a percepção do ambiente do que os próprios olhos, pois a maioria das aranhas possui visão limitada[10].

Apesar dos representantes de Tetragnathidae superficialmente se assemelharem bastante às aranhas da família Araneidae, estudos recentes investigando as relações filogenéticas dessas aranhas através do uso de dados moleculares têm recuperado Arkydae e Mimetidae como famílias mais próximas[11]. Ambas as espécies mais antigas conhecidas de Tetragnathidae no registro fóssil são do gênero Corneometa, da subfamília Leucauginae. Essas espécies viveram há aproximadamente 45 milhões de anos atrás, no período Eoceno onde atualmente se encontra o Mar Báltico. Entretanto, é estimado que a família Tetragnathidae exista desde o período Cretáceo tardio, sendo uma das várias famílias de aranhas que não apenas sobreviveu à grande extinção de 65 milhões de anos atrás, mas que também passou por uma grande diversificação após isso [12].

São as seguintes as subfamílias e gêneros pertencentes a esta família:[13][1]

Notas

  1. a b c Gloor, Daniel; Nentwig, Wolfgang; Blick, Theo; Kropf, Christian (2017). «World Spider Catalog» (em inglês). doi:10.24436/2. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  2. a b c d e f Hormiga, G.; Eberhard, W. G.; Coddington, J. A. (1995). «Web-Construction Behavior in Australian Phonognatha and the Phylogeny of Nephiline and Tetragnathid Spiders (Araneae, Tetragnathidae)». Australian Journal of Zoology (em inglês) (4): 313–364. ISSN 1446-5698. doi:10.1071/zo9950313. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  3. Álvarez-Padilla, Fernando; Hormiga, Gustavo (26 de junho de 2011). «Morphological and phylogenetic atlas of the orb-weaving spider family Tetragnathidae (Araneae: Araneoidea)». Oxford Academic. Zoological Journal of the Linnean Society. 162: 713-879. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  4. Saksongmuang, Venus; Miyashita, Tadashi; Maneerat, Tewee; Bumrungsri, Sara (novembro de 2020). «Population dynamics and prey composition of Tetragnatha spiders (Araneae: Tetragnathidae) in semi-organic rice fields, Songkhla Province, southern Thailand» (PDF). Prince of Songkla University. Songklanakarin Journal of Science and Technology. 4 (42): 725-733. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  5. Dimitrov, Dimitar; Hormiga, Gustavo (11 de março de 2010). «Mr. Darwin's mysterious spider: on the type species of the genus Leucauge White, 1841 (Tetragnathidae, Araneae)». Zootaxa (1). 19 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.2396.1.2. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  6. Levi, Herbert Walter (1986). «The Neotropical orb-weaver genera Chrysometa and Homalometa (Araneae: Tetragnathidae)». Cambridge. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology at Harvard College. 151: 91-215 
  7. a b Castanheira, Pedro de Souza; Baptista, Renner Luiz Cerqueira; Pizzetti, Daniela Dos Passos; Teixeira, Renato Augusto (22 de outubro de 2019). «Contributions to the taxonomy of the long-jawed orb-weaving spider genus Tetragnatha (Araneae, Tetragnathidae) in the Neotropical region, with comments on the morphology of the chelicerae». Zoosystematics and Evolution (em inglês) (2): 465–505. ISSN 1860-0743. doi:10.3897/zse.95.36762. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  8. Barrantes, Gilbert; Aisenberg, Anita; Eberhard, William G. (abril de 2013). «Functional aspects of genital differences in Leucauge argyra and L. mariana (Araneae: Tetragnathidae)». The Journal of Arachnology (1): 59–69. ISSN 0161-8202. doi:10.1636/B12-63.1. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  9. Aisenberg, Anita; Barrantes, Gilbert; Eberhard, William G. (1 de fevereiro de 2015). «Hairy kisses: tactile cheliceral courtship affects female mating decisions in Leucauge mariana (Araneae, Tetragnathidae)». Behavioral Ecology and Sociobiology (em inglês) (2): 313–323. ISSN 1432-0762. doi:10.1007/s00265-014-1844-2. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  10. Foelix, Rainer (2011). Biology of Spiders. Estados Unidos da América: Oxford University Press. 499 páginas. ISBN 978-0199734825 
  11. Dimitrov, Dimitar; Benavides, Ligia R.; Arnedo, Miquel A.; Giribet, Gonzalo; Griswold, Charles E.; Scharff, Nikolaj; Hormiga, Gustavo (junho de 2017). «Rounding up the usual suspects: a standard target‐gene approach for resolving the interfamilial phylogenetic relationships of ecribellate orb‐weaving spiders with a new family‐rank classification (Araneae, Araneoidea)». Cladistics (em inglês) (3): 221–250. ISSN 0748-3007. doi:10.1111/cla.12165. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  12. Magalhães, Ivan; Azevedo, Guilherme; Machalik, Peter; Ramírez, Martín (12 de novembro de 2019). «The fossil record of spiders revisited: implications for calibrating trees and evidence for a major faunal turnover since the Mesozoic». Cambridge Philosophical Society. Biological Reviews. 95 (1): 184-217. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  13. Joel Hallan's Biology Catalog Arquivado em 16 de setembro de 2006, no Wayback Machine..

Ligações externas

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