Tales de Azevedo
Tales de Azevedo | |
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Azevedo, na maturidade. Foto: Agilberto Lima | |
Nome completo | Tales Olímpio Góes de Azevedo |
Nascimento | 26 de agosto de 1904 Salvador |
Morte | 5 de agosto de 1995 (90 anos) Salvador |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Laurinda Góes de Azevedo Pai: Ormindo Olympio Pinto de Azevedo |
Cônjuge | Mariá Freitas David |
Ocupação | Médico, professor, escritor, antropólogo |
Principais trabalhos | "Povoamento da Cidade do Salvador" "As elites de cor: um estudo de ascensão social" |
Prémios | Machado de Assis |
Religião | católico |
Página oficial | |
thalesdeazevedo.com.br |
Tales de Azevedo[nota 1] (Salvador, 26 de agosto de 1904 — Salvador, 5 de agosto de 1995) foi um médico, antropólogo, historiador, jornalista, professor e escritor brasileiro, vencedor do Prêmio Machado de Assis, lente nas universidades Federal da Bahia e de Colúmbia, além de articulista na imprensa.
Originalmente laborando exclusivamente na clínica médica e magistério, Azevedo passou a dedicar-se às ciências sociais, onde alcançou notoriedade em estudos que abordavam o preconceito, miscigenação e ascensão social.
Sobre seus estudos comportamentais do cotidiano o professor universitário novaiorquino John Collig afirmou, em 2015, "Eu o vejo à frente do seu tempo. Um etnógrafo, com formação em medicina, que se interessou nas formas sentimentais, da vida, do afeto, do corpo, do desejo, da movimentação em praças públicas, de uma forma que só agora estamos retomando esses discursos".[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Tales Olímpio Góes de Azevedo era filho de Ormindo Azevedo e Laurinda Góes de Azevedo;[2] Seu pai era farmacêutico, e dono de uma tradicional farmácia na Praça da Piedade, e sua mãe professora; o casal teve cinco filhos dos quais Tales foi o primogênito.[3]
Fez sua formação elementar no jesuíta Colégio Antônio Vieira, onde integrou a turma de alunos capitaneada pelo padre Luiz Soares Cabral[nota 2] que se compunha de nomes como Anísio Teixeira e outros que se celebrizaram na Bahia; após a conclusão do secundário vai trabalhar na firma de um padrinho, ali ficando de 1919 até 1922 quando, por influência de Frederico Edelweiss, resolve prosseguir os estudos, ingressando naquele ano na faculdade de medicina.[3]
Ainda quando estudante passa a colaborar na imprensa do estado, em publicações da capital e também em Ilhéus, e em publicações católicas; trabalha como revisor no Diário Oficial da Bahia e aprende o trabalho tipográfico; em 1925 passa a trabalhar no Diário da Bahia e depois muda-se para A Tarde onde é incentivado por seu proprietário, Ernesto Simões Filho, atividade que lhe permite ampliar o círculo de amizades e influências.[3]
Formando-se em 1927, trabalha na clínica até o final da década de 1930 quando em 1940 tem o interesse despertado, sob influência de Josué de Castro, para a medicina social quando realiza no Rio de Janeiro um curso sobre alimentação e nutrição.[2]
As ciências sociais então passam a ocupar-lhe o centro das atenções, o que é reforçado com seu ingresso no quadro de docentes da recém criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da atual UFBa em 1943; em 1949, sendo Anísio Teixeira secretário estadual da educação, foi por este convidado a realizar pesquisas junto à Universidade de Colúmbia; mais tarde, pela Unesco, realizou estudos de relações raciais no Brasil, produzindo então seu estudo de maior reconhecimento na área — As elites de cor: um estudo de ascensão social, que foi publicado inicialmente em Paris em 1953.[2]
Aposentou-se do magistério em 1967; em 1971 leciona na Universidade de Colúmbia; nesta época seu interesse antropológico se concentra em aspectos de aparência menor no comportamento.[2] Em 1975, com a reformulação de A Tarde, Simões Filho o coloca como um dos seis colaboradores permanentes do jornal, no qual Azevedo escreveu ao longo de seis décadas, até o ano de sua morte.[3]
Foi casado com Mariá Freitas David, com quem teve oito filhos.[3] Membro de várias instituições, presidiu a Academia de Letras e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e foi presidente de honra da Associação Brasileira de Antropologia.[4]
Homenagens e reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Em novembro de 2015, por iniciativa da Academia de Letras da Bahia (ALB), foi realizado um seminário chamado "Relendo Thales de Azevedo", tendo por organizadora a Universidade Federal da Bahia e ainda a própria ALB, a Associação Brasileira de Antropologia, o Museu de Arte da Bahia e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.[1]
A Biblioteca Pública Thales de Azevedo, batizada em sua homenagem em 1997, é uma das seis unidades estaduais que integram o sistema estadual de bibliotecas públicas.[4]
Um dos pavilhões acadêmicos da Universidade Federal da Bahia leva seu nome: Pavilhão de Aulas Prof. Thales de Azevedo.
Bibliografia do autor
[editar | editar código-fonte]Livros de autoria de Tales de Azevedo (listados conforme o ano da primeira edição):
- Gaúchos: Notas de Antropologia Social, 1943.
- Os Comunistas, o comunismo e a doutrina social católica, 1945.
- Povoamento da Cidade do Salvador. Tipografia Beneditina, 1949. (2ª ed. Brasiliana Nacional, 1955; 3ª ed. Itapuã, 1969)
- Civilização e mestiçagem, 1951.
- Les élites de couleur dans une ville brésilienne. Unesco, 1953.
- As elites de cor numa cidade brasileira. Companhia Editora Nacional, 1955. (2ª ed: Edufba, 1996. Inclui opúsculo Classes sociais e grupos de prestígio.)
- O catolicismo no Brasil: Um campo para a pesquisa social, 1955. (2ª ed: Edufba, 2002)
- Ensaios de Antropologia Social, 1959 e 1960.
- Problemas Sociais da Exploração do Petróleo na Bahia, 1959.
- Antecedentes do homem, 1961.
- As ciências sociais na Bahia: Notas para sua história, 1964.
- Cultura e situação racial no Brasil, 1966.
- A evasão de talentos: Desafio das desigualdades. Paz e Terra, 1968.
- História do Banco da Bahia (1858/1958), 1969.
- Namoro à antiga: Tradição e mudança, 1975.
- Democracia racial: ideologia e realidade. Vozes, 1975.
- Italianos e gaúchos: Os anos pioneiros da colonização italiana no Rio Grande do Sul, 1975. (2ª ed. Editora Cátedra & Instituto Nacional do Livro, 1982)
- Feira de Sant'Ana passado e presente, 1976
- Igreja e Estado em tensão e crise: a conquista espiritual e o padroado na Bahia, 1978.
- Namoro, religião e poder, 1980.
- Os brasileiros: estudos de caráter nacional, 1981.
- A religião civil brasileira: um instrumento político, 1981.
- Foi Deus não acontecer nada! Ática, 1984. (Novela.)
- As regras do namoro à antiga, 1986.
- Ciclos da vida: ritos e ritmos, 1987.
- A praia: Espaço de Socialidade, 1988. (2ª ed. Edufba, 2016)
- Italianos na Bahia e outros temas, 1989.
- A guerra aos párocos: episódios anticlericais na Bahia, 1991.
- Pragas e chagas na poesia et coetera, 1992.
- A filha do alferes: nos arredores das Guerras do Sul, 1993.
- Os italianos no Rio Grande do Sul: cadernos de pesquisa, 1994.
- A Francesia Baiana de Antanho.
Notas e referências
Notas
- ↑
- ↑ NE: Padre Cabral era português e viera ao Brasil, com outros membros de sua ordem religiosa, para formar um colégio na cidade de Caetité após sua perseguição no país europeu, do qual o padre Cabral foi o diretor. Em 1911 esses padres se transferiram para a capital baiana. Padre Cabral foi, ainda, secretário da educação.
Referências
- ↑ a b Verena Paranhos (9 de novembro de 2015). «Seminário revê a obra e o pensamento de Thales de Azevedo». A Tarde. Consultado em 20 de fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2016
- ↑ a b c d «Thales de Azevedo». Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. FGV. Consultado em 19 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 19 de fevereiro de 2017
- ↑ a b c d e Institucional. «Thales de Azevedo - biografia». thalesdeazevedo.com.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2017
- ↑ a b «Biblioteca Pública Thales de Azevedo celebra 20 anos de ações no Costa Azul». Secretaria de Cultura do estado da Bahia. 10 de março de 2017. Consultado em 14 de março de 2024