Tema da Trácia

 Nota: Para outros significados, veja Trácia (desambiguação).
 Nota: Para o tema na Anatólia de nome similar, veja Tema Tracesiano.
θέμα Θρᾴκης
Tema da Trácia
Província do(a) Império Bizantino
 
ca. 680–1204
Anos 1230-século XIV


Tema Trácio aparece à esquerda, no território europeu do Império Bizantino, neste mapa da região em 780.
Capital Constantinopla/Adrianópolis/Arcadiópolis

Período Idade Média
680/681 Criação do tema
século VIII Separação do Tema da Macedônia
século XIV Divisão em unidades menores

Tema da Trácia, conhecido também como Tema Trácio, foi uma tema (província civil-militar) do Império Bizantino, localizado no sudoeste dos Bálcãs e que abarcou diferentes partes da região homônima durante a sua história.

Tradicionalmente, acredita-se que o Tema Trácio tenha sido fundado por volta de 600 como resposta à ameaça búlgara.[1][2] Esta teoria se baseia na menção de um tal patrício Teodoro, conde de Opsício e hipoestratego da Trácia em 680-681. Porém, é incerto se isto implica a existência da Trácia como um comando militar distinto, com Teodoro acumulando duas funções, ou se a Trácia estava administrativamente unida ao ao Tema Opsiciano. Na realidade, diferentes estrategos da Trácia não aparecem inequivocamente nas fontes literárias até 742, enquanto que selos dos estrategos sobreviventes só aparecem a partir do século VIII.[3][4] Inicialmente, Adrianópolis foi provavelmente a capital temática.

Sob a imperatriz Irene de Atenas, no final do século VIII, o tema foi dividido, com a parte ocidental se tornando o Tema Macedônio. A partir daí, a capital trácia passou a ser Arcadiópolis, com turmarcas subordinados em Bizie e Sozópolis. Outro, chamado turmarca da Trácia (tourmarches tes Thrakes) também é atestado nas fontes, possivelmente o enviado do estratego em Arcadiópolis.[2] Os geógrafos árabes ibne Cordadebe (c. 847) e ibne Alfaci (c. 903) mencionam-o como se estendendo "da Longa Muralha [a Muralha de Anastácio]" até "a terra dos eslavos", ao norte até o país dos búlgaros, contendo dez fortalezas e 5 000 soldados.[5]

De fato, as fronteiras temáticas flutuavam de acordo com as mudanças provocadas pelas guerras bizantino-búlgaras. Inicialmente, deve ter abrangido a maior parte da antiga Diocese da Trácia, exceto a região ao longo do Danúbio, conquistada pelos búlgaros (Mésia Inferior), mas, após as conquistas dos cãs Crum (r. 803–814), Omurtague (r. 815–831) e Simeão I (r. 893–927), a fronteira se moveu gradativamente para o sul da cordilheira dos Bálcãs para, grosso modo, a região onde hoje está a fronteira com a Grécia e a Turquia.[6]

Na virada do século IX, o tema abrangia essencialmente a metade oriental da moderna Trácia Oriental, com uma extensão ao longo da costa até Anquíalo.[6] A partir do século XI, Trácia e Macedônia parecem ter sido geralmente combinadas, como atestam os numerosos estrategos e juízes (kritai) que tinham jurisdição sobre ambos os temas.[2] O nome desapareceu do uso administrativo corrente durante o período Paleólogo, mas ainda se encontra em alguns historiadores da época como um termo arcaico.[7]

Referências

  1. Haldon 1997, p. 216.
  2. a b c Nesbitt 1991, p. 155.
  3. Pertusi 1952, p. 156.
  4. Kazhdan 1991, p. 2079–2080.
  5. Pertusi 1952, p. 157.
  6. a b Pertusi 1952, p. 157–158.
  7. Kazhdan 1991, p. 2080.
  • Haldon, John F. (1999). Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204. Londres: University College London Press. ISBN 1-85728-495-X 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (1994). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 2: South of the Balkans, the Islands, South of Asia Minor (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9 
  • Pertusi, A. (1952). Constantino Porfirogenito: De Thematibus (em italiano). Roma: Biblioteca Apostolica Vaticana