Ul

 Nota: Para outros significados, veja Ul (desambiguação).

Ul (por vezes grafado erradamente Úl) é uma povoação portuguesa do Município de Oliveira de Azeméis (AMP) que foi sede da extinta Freguesia de Ul, freguesia que tinha 5,07 km² de área e 2 414 habitantes (2011), e, por isso, uma densidade populacional de 475,9 hab/km².

A Freguesia de Ul foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às Freguesias de Oliveira de Azeméis, Santiago de Riba-Ul, Macinhata da Seixa e Madail, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Oliveira de Azeméis, Santiago de Riba-Ul, Ul, Macinhata da Seixa e Madail.[1]

Esta localidade faz fronteira com Madail a norte, com Oliveira de Azeméis a nordeste, com Macinhata de Seixa a este, Travanca a Sul e Loureiro a Oeste.

Lugares da antiga Freguesia de Ul: Adães, Areosa, Avelão, Avenal, Baixa, Cavalar, Crasto, Devesa, Fonte, Lousas, Norinhas, Ouriçosa, Outeiro do Moinho, Pego, Pereiro, Pinheiral, Porto de Vacas, Salgueirinha, Serro, Serro de Baixo, Sobalo, Sobral, Souto, Trás das Pedras e Troviscal.

Ul é um nome de proveniência celta cuja origem parece apontar para o étimo "uria", ou seja, ribeiro. Ul é um topónimo que tanto designa a localidade como o rio que a banha, pelo lado norte, e aqui se junta ao Antuã, no sítio da Ponte de Dois Rios.

A localidade de Ul tomou o seu nome de uma ribeira homónima conhecida na época medieval como rio Ure 1041 (Rio Urio 1220). A raiz desta palavra «ur» lembra a noção de água na língua basca[2].

População da freguesia de Ul (1864 – 2011) [3]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
1.279 1.543 1.717 1.790 1.972 1.902 2.119 2.071 2.325 2.479 2.689 2.788 2.856 2.832 2.413

Caracterização Física

[editar | editar código-fonte]

Em termos físicos, recorrendo à análise das Cartas Militares de Portugal (Folhas 154 e 164) que abarcam a localidade em questão, encontramos um solo constituído por xistos argilosos, xistos grauvacóides, quartzitos cinzentos, micaxistos e gnaisses que representa a formação geológica mais extensa do Município.

Todo o Município está incluído na bacia hidrográfica do rio Vouga, de que é afluente o rio Caima, principal rio que atravessa o Município.

No que concerne à hidrogeologia podem distinguir-se três formações: as formações recentes em que apenas os aluviões poderão, em certos casos, fornecer caudais exploráveis; um conjunto metassedimentar onde ocorrem nascentes nos contactos dos quartzitos com os micaxistos e gnaisses envolventes e rochas eruptivas diversas que, apesar do elevado número de nascentes, dão origem a furos que atingem profundidades que oscilam entre os 30 e os 80 metros e fornecem caudais modestos.

O relevo do Município é marcado pela baixa altitude média, com valores a rondar os 200 a 250 metros de altitude, muito embora se possam encontrar pontos situados acima dos 500 metros.

Numa outra perspectiva, a consulta e análise de diversas cartas do Atlas do Ambiente permitem-nos retirar algumas ilações importantes que permitem caracterizar, sucintamente, em termos climáticos. Assim, os valores médios da precipitação registados variam aproximadamente entre os 1200 e os 2000 mm/ano.

Caracterização Populacional

[editar | editar código-fonte]

No que diz respeito à caracterização da população da Freguesia de Ul, em 2001, a população residente é de 2832 indivíduos o que se denota uma diminuição de aproximadamente 1% (mais exactamente 0,8%) em relação a 1991. Apesar desta diminuição, verificou-se um aumento do número de famílias em cerca de 11%. Com este aumento do número de famílias verificou-se igualmente um aumento do número de alojamentos familiares (aproximadamente 14%) e simultaneamente um aumento do número de edifícios (11,7%).

Quanto à estrutura etária constatou-se um aumento no grupo etário dos 25-64 anos de, aproximadamente, 50 pessoas, isto é, de 1441 para 1490 indivíduos. No grupo etário dos 65 e mais anos verificou-se um envelhecimento muito acentuado da população de 355 para 485 indivíduos. Nos restantes grupos etários (0-14 e 15-24 anos) observou-se uma diminuição da população.

No que concerne à taxa de alfabetização, em 1991, quase 58% (263) das pessoas que não sabiam ler nem escrever eram do sexo feminino. Já no ano de 2001, o número de indivíduos do sexo feminino que não sabem ler nem escrever aumentou cerca de 4%, em relação a 1991.

Em 1991, das 2399 pessoas que sabiam ler e escrever, 1215 (50,6%) eram do sexo masculino e 1184 eram do sexo feminino o que representa 49,4% do total.

A localidade, tal como toda a região, foram habitadas por povos pré-históricos, como atestam as pedras tumulares aqui encontradas, a que se seguiram ocupações mais recentes, como, por exemplo a romana, visigoda e árabe.

Da presença romana Pinho Leal refere a descoberta de um marco augurialis, bem como outras ruínas cujo interesse arquelógico ainda não foi avaliado. É conhecida a presença Árabe, tradicionalmente associada ao lugar da corredoria, onde, reza a lenda, se terão feito torneios ou outros desportos equestres naquele período, provavelmente quartel do Rei Simea, derrotado por Bermudo III, na célebre batalha de Cesar, em Abril de 1035.

O nome da localidade, ele próprio, está associado a uma eventual origem anglosaxónica. Pinho Leal aventa mesmo a hipótese de ter uma raiz normanda ou goda, mas a hipótese Celta também é válida.

Muito ligada à sua realidade hidrográfica, dir-se-ia que a abundante água dos rios esteve omnipresente na vida económica desta terra, pois com ela se regaram os campos e, tão importante como isso, graças à força das águas, inúmeros moinhos (documentos do século XVIII já atestam a sua presença em terras de Ul) em ambas as margens moeram farinha que, por sua vez, deu “alimento” a outra actividade complementar – a do fabrico do famosíssimo pão de Ul.

Actualmente, o sector de moagem, embora ultrapassado na predominância que outrora gozou, continua aqui mantendo grande vitalidade.

Mais recentemente, outra ainda que se iniciou também com aproveitamento dos moinhos de água foi a do descasque do arroz, que progressivamente, se foi modernizando, ganhando importância e primazia até aos dias actuais, traduzindo uma nova geração de actividade económica que tem animado Ul e as freguesias circunvizinhas.

No descasque e embalagem de arroz, estão aqui implantadas as maiores indústrias nacionais do género. Em termos percentuais, o valor ronda os 60% da produção nacional.

Na área de Ul estão sediadas várias fábricas das quais se destacam as do descasque de arroz - Valente Marques e Saludães - e a do Café Caravela, assim como na zona industrial Ul-Loureiro, as fábricas de calçado e moldes, Anicar e Moldit - Grupo Durit, respectivamente.

Referências

  1. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013.
  2. As águas na toponimia galego-português, Boletim de Filologia Tomo VIII, Centro de Estudo Filologicos, 1945 p. 331
  3. [Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes ]
  • INE (Instituto Nacional de Estatística)
  • DEUS, António; MACHADO, Ana; MARTINS, Luís; Memórias das Águas do Rio (Moinhos, Moleiros e Padeiras da Freguesia de Ul), 2000
  • Revista Terras de Azenéis


Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Ícone de esboço Este artigo sobre freguesias portuguesas é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.