Vigésimo-primeiro problema de Hilbert
O vigésimo-primeiro problema dos 23 Problemas de Hilbert da célebre lista publicada em 1900 por David Hilbert, referencia a existência de uma certa classe de equações diferenciais lineares com pontos singulares específicos e grupo de monodromia[ ].
Afirmação
[editar | editar código-fonte]O problema original está enunciado abaixo (tradução em português da tradução em inglês de 1902):
- Prova da existencia de equações diferenciais lineares com um grupo monodrômico prescrito
- Na teoria das equações lineares diferenciais com uma variável independente z, eu gostaria de indicar um importante problema sobre o qual, muito provavelmente, o próprio Bernhard Riemann pode ter pensado. O problema é o seguinte: Para mostrar que sempre existe uma equação diferencial linear da classe Fuchsian, com dados pontos singulares e grupo de monodromia. O problema requer a produção de n funções da variável z, regular através do plano complexo z, exceto nos pontos singulares dados; nesses pontos as funções podem se tornar infinitas de apenas ordem finita, e quando z descreve circuitos sobre esses pontos as funções devem sofrer a substituição linear prescrita. A existência de tais equações diferenciais lineares foi mostrada ser provável pela contagem de constantes, porém a prova rigorosa foi obtida apenas para o caso particular no qual as equações das substituições dadas tiverem todas as raízes com unidade de magnitude absoluta. Ludwig Schlesinger foi o autor dessa prova, baseado na teoria de Henri Poincaré das Funções Fuchsianas zeta. A teoria das equações diferenciais lineares teria, evidentemente, uma apresentação mais completa se o problema aqui apresentado pudesse ser apresentado por um método perfeitamente geral.
Definições
[editar | editar código-fonte]De fato é mais apropriado falar sobre sistemas lineares de equações diferenciais e não sobre equações diferenciais. Para se identificar qualquer monodromia de uma equação diferencial, é preciso admitir a presença de singularidades aparentes adicionais, por exemplo: singularidades com monodromia trivial local. Em uma linguagem mais moderna, os sistemas de equações diferenciais em questão são aqueles definidos no plano complexo, com alguns pontos e com uma singularidade regular nesses pontos. Uma versão mais rigorosa desse problema requer que essas singularidades sejam de Fuchsian, por exemplo: polos de primeira ordem (polos logarítmicos). Um grupo de monodromia é descrito em termos de uma representação dimensional complexa finita do grupo fundamental do complemento daEsfera de Riemann dos pontos dados, mais o ponto no infinito até a equivalência. O grupo fundamental é na realidade um grupo livre, nos "circuitos" passando uma vez por cada ponto faltando, começando e terminado em um dado ponto base. A questão é se o mapeamento das equações Fuchsianas para classes de representação são surjetivas.
História
[editar | editar código-fonte]Esse problema é mais comumente conhecido como o problema de Riemann e Hilbert. Existe agora uma versão moderna (módulo-D e a categoria derivada) "A correspondência de Riemann-Hilbert" em todas as dimensões. A história prova que envolvendo uma única variável complexa é complicado. Josip Plemelj publicou uma solução em 1908. Esse trabalho foi durante muito tempo aceito como a solução definitiva; havia também um trabalho de George David Birkhoff em 1913, porém toda a área incluindo o trabalho de Ludwig Schlesinger sobre a deformação isomonodrômica que seria posteriormente revivido juntamente com a teoria da solição, se tornou ultrapassado. Plemelj (1964) escreveu uma monografia explicando seu trabalho. Alguns anos mais tarde o matemático soviético Yuliy S.Il'yashenko e outos começaram a duvidar do trabalho de Plemej. De fato Plemej prova corretamente que qualquer grupo de monodromia pode ser percebido por um sistema linear regular que é de Fuchsian em todos menos um ponto singular dos pontos analisados. Plemej disse que o sistema pode ser transformado em Fucshsian também no último está errado. (Il'yashenko mostrou que se um operador de monodromia é diagonalizável então o que Plemej disse é verdade.
De fato Andrey A.Bolibruks (1990) achou um contra-exemplo para a afirmação de Plemej. Isso é comumente visto como sendo um contra-exemplo precisamente para a questão que Hilbert tinha indagado; Bolibrukh mostrou que para um polo com dada configuração certos grupos de monodromia podem ser percebidos por sistemas regulares e não sistemas Fuchsian. Em 1990 ele publicou um minucioso estudo do caso dos sistemas regulares de tamanho 3 exibindo todas as situações em que esses contra-exemplos existem. Em 1978 Dekkers havia mostrado que para sistemas de tamanho 2 as afirmações de Plemej eram verdadeiras. Andrey A. Bolibrukh (1992) e Vladimir Kostov (1992) mostraram independentemente que para qualquer tamanho um grupo de monodromia irredutível pode ser percebido por um sistema Fuchsian. A codimensão da variedade de grupos de monodromia de sistemas regulares de tamanho com polos que não podem ser determinados por sistemas Fuchsian é igual a (Vladimir Kostov (1992)). Paralelamente a isso a Escola Grothendieck de geometria algébrica havia adquirido interesse na questão das 'conexões integráveis das variedades algébricas', generalizando a teoria das equações diferenciais lineares em uma Superfície de Riemann. Pierre Deligne provou a precisa correspondência de Riemann-Hilbert nesse contexto geral (um ponto importante sendo o esclarecimento do que 'Fuchsian' significa). Com trabalho de Helmut Röhrl, o caso de uma dimensão complexa foi novamente coberto.
Referências
[editar | editar código-fonte]- Anosov, D. V.; Bolibruch, A. A. (1994), The Riemann-Hilbert problem, ISBN 978-3-528-06496-9, Aspects of Mathematics, E22, Braunschweig: Friedr. Vieweg & Sohn, MR 1276272
- Bolibrukh, A. A. (1990), «The Riemann-Hilbert problem», Akademiya Nauk SSSR i Moskovskoe Matematicheskoe Obshchestvo. Uspekhi Matematicheskikh Nauk, ISSN 0042-1316 (em russo), 45 (2): 3–47, MR 1069347, doi:10.1070/RM1990v045n02ABEH002350
- Plemelj, Josip (1964), Radok., J. R. M., ed., Problems in the sense of Riemann and Klein, Interscience Tracts in Pure and Applied Mathematics, 16, New York-London-Sydney: Interscience Publishers John Wiley & Sons Inc., MR 0174815
- Bolibrukh, A.A. (1992), «Sufficient conditions for the positive solvability of the Riemann-Hilbert problem», Matematicheskie Zametki (em russo): 9–19, 156 (translation in Math. Notes 51 (1–2) (1992) pp. 110–117), MR 1165460
- Kostov, Vladimir Petrov (1992), «Fuchsian linear systems on and the Riemann-Hilbert problem», Comptes Rendus de l'Académie des Sciences. Série I. Mathématique, 315 (2): 143–148, MR 1197226
- Schlesinger, L. (1895), Handbuch der Theorie der linearen Differentialgleichungen vol. 2, part 2, No. 366