Vorarefilia

A vorarefilia, abreviadamente vore, é uma parafilia caracterizada pelo desejo erótico de consumir ou ser consumido por outra pessoa ou criatura, ou também caracterizada pela atração erótica ao processo de comer. [1][2][3] Leves fantasias de vore se distinguem de canibalismo, ou "vore pesado", pois a vítima do vore leve normalmente é tragada viva e por inteiro.[4] A palavra vorarefilia deriva do latim vorare ('engolir', 'devorar') e do grego antigo φιλία (philía, 'amor').

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

Frequentemente, fantasias vorarefílicas envolvem um consumidor (ou predador) que de alguma forma ingere uma ou várias vítimas (ou presas). Já que tais fantasias não podem ser realizadas, elas costumam aparecer em histórias ou desenhos, bem como em encenações sexuais.[5]

Vore é apreciado em imagens, histórias, vídeos e videogames, às vezes presente na mídia convencional.[6] Pode involver humanos, animais, dragões, serpentes gigantes e outras criaturas, reais ou ficcionais. Em alguns casos, a vorarefilia é descrita como uma variante da macrofilia, misturando-se a outras parafilias.[7] Também, traz os temas de BDSM, microfilia, fetiche de gravidez, animais antropomorfizados e canibalismo sexual.[5]

A maioria dos vorarefílicos não se interessam por sadomasoquismo.[4] Interessam-se, na verdade, pelos aspectos psicológicos da total aniquilação da identidade. Entretanto, isso não pressupõe tendências suicidas, mas, sim, fantasias generalizadas de escapismo contra a solidão.

Variações[editar | editar código-fonte]

Há diversas variações da fantasia vorarefílica quanto à forma de ingestão da vítima. Comumente, quando ocorre o consumo oral da vítima, trata-se de uma representação branda, isto é, a vítima é engolida por inteiro e entra no estômago do consumidor, para então permanecer ilesa ou ser digerida lá dentro.[8] Se a vítima permanecer ilesa ("endovore" ou "endosoma"), ela pode, eventualmente, sair por regurgitação ou defecação. Já se a digestão acontece, a vítima é morta, mas pode, em alguns casos, ser revivida magicamente.[4] Uma variação mais extrema e incomum é o vore pesado, em que o consumidor mastiga e desmembra a vítima, a que se segue uma representação sanguinária da digestão.[8]

Além do vore oral, há várias subcategorias, entre elas:

  • Vore anal: o consumidor ingere a vítima pelo ânus;
  • Desnascer: o consumidor ingere a vítima pela vagina;
  • Vore peniano: o consumidor insere a vítima no pênis, talvez ereto;
  • Vore uberal: o consumidor insere a vítima nos seios.

Como há amplo espaço para diferentes interpretações e nichos, existem muitas subcategorias desconhecidas, embora se resumam, em geral, à inserção da vítima em algum orifício do consumidor.[8]

O tamanho do consumidor e/ou da vítima varia. Macro/micro vore costuma representar a vítima em tamanho muito menor que o consumidor.[8] Por outro lado, vore de mesmo tamanho equivale as dimensões de vítima e consumidor.

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

Um estudo de caso relacionou a vorarefilia ao masoquismo sexual, sugerindo que ela seria motivada pelo desejo de fundir-se a um outro mais poderoso ou escapar permanentemente da solidão. Para os vorarefílicos que se sentem em desajuste com a própria sexualidade, psicólogos do Centro para Dependência e Saúde Mental, em Toronto, recomendam adaptar-se e não mudar ou suprimir esse interesse sexual.[9] Medicamentos para redução da libido podem ser utilizados caso necessário.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Adams, Cecil (2 de julho de 2004). «Eat or be eaten: Is cannibalism a pathology as listed in the DSM-IV?». The Straight Dope. Consultado em 4 de abril de 2007 
  2. Ågmo, Anders (2007). Functional and dysfunctional sexual behavior: a synthesis of neuroscience and comparative psychology. [S.l.]: Academic Press. p. 454. ISBN 0-12-370590-8. doi:10.1016/B978-012370590-7/50013-X 
  3. Brundage, Sandy (31 de julho de 2002). «Fetish Confessions». The Wave Magazine. 2 (15). Consultado em 30 de abril de 2007. Arquivado do original em 27 de setembro de 2007 
  4. a b c «2021-Vore Survey Results : foxygrandpa : Free Download, Borrow, and Streaming». Internet Archive (em inglês). Consultado em 11 de maio de 2024 
  5. a b Lykins, Amy D.; Cantor, James M. (1 de janeiro de 2014). «Vorarephilia: A Case Study in Masochism and Erotic Consumption». Archives of Sexual Behavior (em inglês) (1): 181–186. ISSN 1573-2800. doi:10.1007/s10508-013-0185-y. Consultado em 11 de maio de 2024 
  6. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. Consultado em 11 de maio de 2024 
  7. Ceilán, Cynthia (2009). Weirdly beloved : tales of strange bedfellows, odd couplings, and love gone bad. Internet Archive. [S.l.]: Guilford, Conn. : Lyons Press 
  8. a b c d «Guide to Vore - VORE Station Wiki». wiki.vore-station.net. Consultado em 11 de maio de 2024 
  9. Brean, Joseph (01 de outubro de 2013). «Man who desired to be eaten by a 'large, dominant woman' a baffling case for Toronto psychiatric hospital doctors». National Post. Consultado em 11 de maio de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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