Waltel Branco

Waltel Branco
Waltel Branco
Informação geral
Nascimento 22 de novembro de 1929
Local de nascimento Paranaguá, PR
País brasileiro
Morte 28 de novembro de 2018 (89 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileira
Ocupação(ões) maestro
compositor
arranjador
Instrumento(s) violão
cavaquinho
violoncelo

Waltel Branco (Paranaguá, 22 de novembro de 1929Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2018) foi um maestro, violonista, compositor e arranjador brasileiro[1][2].

Waltel nasceu em uma família de músicos e iniciou-se nesta arte já muito cedo, por meio da bateria, do violão e, posteriormente, do cavaquinho e violoncelo, vindo ainda a estudar harpa e órgão.

Sua infância e adolescência foram marcadas pelo estudo da música e religião, alternadas entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro. Seus estudos musicais se consolidaram no período em que esteve no seminário, com o chileno Joquín Zamacois. Entre seus mestres da época, nomes como Bento Mossurunga, padre José Penalva, Jorge Koshag, Stanley Wilson e Alceo Bocchino contribuíram para sua formação.

Em Curitiba formou uma jazz-band junto com seu irmão Ismael Branco (bateria) e com a então revelação Gebran Sabag (piano). Em 1949 rumou para o Rio de Janeiro e em seguida para Cuba, ainda na juventude, juntamente com a cantora Lia Ray, para ser o arranjador, diretor musical e violonista do conjunto que formaram. Neste país, teve a oportunidade de tocar com Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico O'Farrel, ajudando a criar a mistura de jazz, música cubana e brasileira que veio a alterar a salsa e, posteriormente, influenciar o jazz fusion, do qual Waltel é considerado um dos precursores.

Já nos Estados Unidos, por volta de 1952/53, integrou o trio do baterista Chico Hamilton. Voltando ao Brasil teve importância fundamental na formatação da bossa nova, morando em uma pensão junto com João Gilberto, com quem desempenhou longa parceria, sendo arranjador e amigo desde então.

Depois de pequenas passagens pela Europa e Ásia, Waltel decidiu estudar música e trilha sonora, rumando novamente aos Estados Unidos, onde teve contato com a música incidental do maestro Stanley Wilston e com o violonista Sal Salvador, que por sua vez tocava com Nat King Cole, com quem Waltel veio a formar um trio, além de produzir um disco para o irmão Fred Cole e para a filha Natalie Cole. Mais tarde conheceu a cantora Peggy Lipton (que casou-se com Quincy Jones) e sua irmã Lede Saint-Clair, com quem veio a se casar.

Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita, em meio a grandes nomes, acabou por conhecer o maestro Henry Mancini e a integrar a equipe que este comandava, responsável por várias trilhas sonoras e composições, entre as quais a famosa Pantera Cor-de-Rosa. Ainda nos Estados Unidos trabalhou e gravou com Franco Rosolino, Charles Mariano, Sam Noto, Dizzy Gillespie, Mel Lewis e Max Bennett.

Foi em 1963, longe de casa, o maestro veio a se encontrar com o empresário Roberto Marinho que, reconhecendo seu talento, o chamou para a então jovem Rede Globo, onde viria a compor um time seleto de músicos da emissora junto a Radamés Gnatalli, César Guerra Peixe e Guido de Moraes.

No Rio de Janeiro, gravou os discos Guitarra em Chamas 1 e 2, juntamente com o violonista Baden Powell e, tendo contato com a então inovadora bossa nova, participou dos arranjos de Chega de Saudade, de João Gilberto, com quem veio a trabalhar por um longo período.

Morando na Espanha acabou por vencer um concurso da Rádio Difusora Francesa e veio a estudar violão com Andrés Segovia, um dos maiores violonistas do mundo. Em Roma esteve com Chico Buarque, Elis Regina, João Gilberto e diversos outros músicos brasileiros e estrangeiros.

Chegou até mesmo à Índia, onde lecionou música ao lado de maestros renomados. Em Cuba, o governante Fidel Castro solicitou ao maestro Quem Brower que recuperasse a autenticidade da música cubana, e para tanto, Waltel foi chamado. Viajou boa parte da Europa e do mundo.

Waltel Branco tocou com Dorival Caymmi, Nana Caymmi, João Gilberto, fez arranjos para Roberto Carlos, Cazuza, Tim Maia, Djavan, Cartola, Gal Costa,Maria Creuza, Vanuza, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Zé Keti, Peri Ribeiro, Sérgio Ricardo, Tom Jobim, Tomaz Lima e muitos outros, chegando até a fazer um arranjo do Hino Nacional Brasileiro para a Orquestra de Viena executar. Teve músicas gravadas por diversos artistas como Elis Regina no Brasil, e Eva Fampas na Grécia. Alguns dos seus discos de início de carreira são hoje considerados raríssimos e já ultrapassam o valor de US$200,00 no mercado para colecionadores[carece de fontes?].

Em 2001 o Maestro assumiu a regência da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa (OSPG), para a qual musicou o poema Os poentes da minha terra, de Anita Philipovsky. Em 2004 Waltel Branco foi eleito presidente do Fórum de Música do Paraná, engajando-se na defesa da música brasileira junto as esferas públicas como Câmara Setorial de Música do Ministério da Cultura e Conferência Nacional de Cultura. Ainda em 2004 é destacado no livro A[des]construção da Música na Cultura Paranaense de Manoel J. de Souza Neto o que resulta em série de homenagens ao mestre, que constantemente é chamado para receber comendas, ou proferir palestras, entrevistas e participar de eventos acadêmicos onde divide seus conhecimentos. Além disso, teve um breve relato de sua história contada através do já premiado documentário "Descobrindo Waltel",(2005) de Alessandro Gamo, onde ilustres personalidades como Ed Motta, Roberto Menescal e o Maestro Julio Medaglia entre outros, ajudam a contar a vida do mestre. Recentemente o comentarista Luiz Nassif escreveu artigo referindo-se a Waltel como grande mestre da música brasileira que ainda espera por reconhecimento.

Em 2007 lançou o disco "Meu Novo Balanço" com músicas de outros dos seus álbuns e algumas inéditas como "Fera Pantera" na qual, por sugestão de Chico Buarque faz uma versão da música da Pantera Cor de Rosa voltada para educação. Neste ano ainda foi "Artista Homenageado" pelo Festival de Artes do estado do Paraná. Em 22 de novembro de 2008 foi lançado em Curitiba o livro A Obra para Violão de Waltel Branco, com mais de 40 partituras revisadas por Cláudio Menandro. O livro contém ainda um resumo detalhado de sua biografia.

Em 2012 recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) como compositor, arranjador e multi-instrumentista paranaense, sobre o que o reitor da instituição destacou: "É um marco nos 100 anos da UFPR e reflete o reconhecimento que a instituição tem das pessoas que marcam a história do Paraná". Também foi destaque o fato deste ser o primeiro título de doutor honoris causa da instituição concedido a um músico.[3]

Na década de 70, Waltel Branco, presenteou Djavan, com um violão Romeu 1, Di Giorgio, que o cantor guarda, até hoje, com muito carinho!!!

Citações de outros artistas

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"Tecer alguns comentários a respeito do músico Waltel Branco é uma das tarefas mais simples e, por que não dizer, das mais agradáveis. Mais simples porque este disco ao ser tocado falará mais claramente a respeito dos recursos e da grande musicalidade do artista do que qualquer "apreciação verbal". Das mais agradáveis pois não podemos colocar aqui uma biografiazinha na base do "já aos 5 anos de idade…", mas sim chamar a atenção para um músico cuja formação e atividade são absolutamente exemplares para esta música brasileira tão carente de outros "Walteis". Por esta razão vamos deixar de comentar este ou aquele timbre especial de seu toucher, certas peculiaridades de suas composições ou exaltar seu brilho virtuosístico na execução de determinadas passagens. O excelente violão que Waltel toca faz parte de toda uma personalidade e vivência musicais cheias de componentes. Ele não faz parte daquele bando de artistões cuja vida se resume nos 30 centímetros do braço do violão. Waltel atua em mil diferentes faixas porque ele conheceu mil diferentes tipos de música em sua vida. De estudante de música clássica, de aluno de Segóvia a fundador e arranjador da orquestra de Peres Prado - no tempo em que o mambo ameaçava a desviar o eixo terrestre; de estudante de orquestração, jazz, regência e composição na Berklee School de Boston a diretor artístico do Teatro Guaira de Curitiba; de um refinado intérprete a arranjador de discos, programas e festivais de televisão; de um categorizado e criativo autor de músicas para seu instrumento a um eficiente arranjador e compositor de trilhas sonoras para filmes, novelas e coisas assim. Waltel não está na crista de nossas paradas nem é o Quincy Jones brasileiro. Não porque lhe faltem recursos técnicos ou artísticos para tanto e sim porque nesta tão badalada MPB quem pretende fazer uma música que vá além do alpiste melódico de nossos rouxinóis asfáticos é automaticamente marginalizado pela notoriedade. Sua atividade parcialmente anônima, porém, está presente na música de nosso país através dos mais variados veículos de comunicação. Aqui não. Neste L.P. Waltel está presente de nome e alma e você, um destes poucos ouvintes brasileiros que curti música instrumental, vai poder perceber - a respeito de quem estou falando. Aliás, fim de papo pois ouvi-lo é realmente melhor…"

" O Waltel foi o primeiro músico mesmo que eu pensei, músico na concepção total! Músico que estudava, que lia, que tocava bem seu instrumento…"

Waltel morreu em sua residência, na cidade do Rio de janeiro, em 28 de novembro de 2018, em decorrência de diabetes.[4]

Mais de 20 discos lançados até 2008, além dos quais foi arranjador ou participou de alguma maneira de aproximadamente 1000 discos históricos da música brasileira.

  • 1960 - Recital Violão
  • 1962 - Guitarras em Fogo
  • 1963 - Guitarra Bossa Nova
  • 1966 - Mancini Também é Samba
  • 1972 - Meu Balanço
  • 1972 - Jungle Bird Black Soul (com o pseudônimo Airto Fogo)
  • 1974 - Seleção de Clássicos, Músicas do século XVI ao Século XX
  • 1975 - Airto Fogo (com o pseudônimo Airto Fogo)
  • 1976 - Recital (II)
  • 1990 - Kabiesi
  • 1997 - Naipi
  • 2007 - Meu Novo Balanço
  • 195… - Românticos de Cuba
  • 1958 - Djalma Ferreira e seus Milionários do Ritmo - Drink (baixo)
  • 1959 - Mariza - A Suave Mariza
  • 1959 - Djalma Ferreira e seus Milionários do Ritmo - Depois do Drink (baixo)
  • 1960 - Os Cobras
  • 1960 - Conjuntos de José Marinho, Netinho, Waltel Branco e João Donato (disco Dance Conosco)
  • 1960 - Elizeth Cardoso e Moacyr Silva - Sax Voz
  • 1961 - Newton Mendonca Tribute - Em Cada Estrela uma Canção (guitarrista)
  • 1961 - Zé Bodega e Orquestra de Severino Araújo: "Um sax no Samba" (guitarrista)
  • 1961 - Rubens Bassini e os 11 Magníficos (guitarrista)
  • 1961 - Elizeth Cardoso - A Meiga Elizeth Vol.2
  • 1961 - Rubens Bassini - Ritmo Fantastico, Rubens Bassini e os 11 Magnificos
  • 1962 - Orlann Divo (LP "A Chave do Sucesso" como guitarrista)
  • 1963 - Trio Surdina
  • 1963 - Moacyr Silva e Seu Conjunto - Sax Sensacional Nr. 3 (guitarrista)
  • 1963 - Miltinho - Bossa e Balanço
  • 196… - Copa Cinco
  • 1964 - Wilson Miranda: "A Outra Face de Wilson Miranda" (guitarrista)
  • 1964 - A Turma do Bom Balanço
  • 1964 - Luiz Carlos Vinhas - Novas Estruturas
  • 1965 - Meirelles e os Copa 5 - O Novo Som
  • 1968 - Quarteto 004 - Retrato em Branco e Preto (regência)
  • 1973 - Cesar Costa Filho - E os sambas viverão (violonista)
  • 1973 - Antonio Carlos & Jocafi (guitarrista)
  • 1977 - Paulo Moura, Formiga, Altamirro Carilho e Abel Ferreira - Interpretam Vivaldi, Webber, Purcell e Villa Lobos com Orquestra Sinfônica Brasileira (alaúde)
  • 1978 - Agepê - Tipo Exportação (Viola e Violão)
  • 1978 - Trindade: Curto Caminho Longo (trilha do documentário)
  • 1979 - Frank Valdor - Live in Rio (Guitarrista)
  • 1979 - Elizeth Cardoso - O Inverno do Meu Tempo (guitarrista)
  • 1980 - João Bosco - Bandalhismo (violonista)
  • 1980 - Violão em Dois Estilos Waltel Branco + Rosinha de Valença
  • 19.. - Lena Rios (violão 7 cordas)
  • 19.. - Violão para quem não gosta de Violão
  • 19.. - Orquestra Os Bossambistas - So Danco Samba

Trilhas para cinema ou televisão

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(Participou de alguma maneira como diretor musical, arranjador, compositor ou outra)

Participou de alguma maneira do trabalho

  • 2007 - Orquestra a Base de Sopro - Mestre Waltel.
  • 2007 - Cláudio Menandro.
  • 2013 - A Corrente Cultural de 2013 leva o seu nome.

Bibliografias

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  • 2008 - A Obra para Violão de Waltel Branco (Curitiba, 2008)

Referências

  1. Waltel Branco (1929 - ) Secretária da Educação do Estado do Paraná - acessado em 31 de outubro de 2016
  2. Waltel Branco Artigo no Cravo Albim - acesso em março de 2015
  3. Simone Meirelles (20 de setembro de 2012). «UFPR concede título de Doutor "Honoris Causa" ao maestro Waltel Branco». UFPR. Consultado em 25 de março de 2015 
  4. «Músico paranaense Waltel Branco morre aos 89 anos». Portal RPC/ G1. 13 de dezembro de 2018. Consultado em 13 de dezembro de 2018 

Ligações externas

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