Hematita
Hematita | |
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Cristal trigonal de hematita, Brasil. | |
Classificação Strunz | IV/C.04-20 |
Cor | Vermelho-sangue, cinza metálico a preto |
Fórmula química | Fe2O3 |
Ocorrência | Comum |
Propriedades cristalográficas | |
Sistema cristalino | Trigonal |
Hábito cristalino | Romboédrico, tabular, granular, laminar, botroídal, compacto |
Propriedades ópticas | |
Propriedades ópticas | Anisotropia destinta, branco a cinza-claro com matiz azulado |
Propriedades físicas | |
Densidade | 4,9 - 5,3 |
Dureza | 5,5 - 6,5 |
Ponto de fusão | 1565 °C |
Fratura | Subconchoídal a ausente |
Brilho | Metálico a esplêndido |
Opacidade | Opaco |
Referências | [1][2][3] |
Hematita ou hematite,[4] cuja fórmula é Fe2O3, é um óxido de ferro de ocorrência frequente em solos e rochas. Seu nome provém do vocábulo grego αἷμα "haima" referente a "sangue", devido a sua cor.
Gênese
[editar | editar código-fonte]Inicialmente o ferro está presente em minerais primários, constituintes de diversas rochas, na forma Fe2+; posteriormente, esse é liberado pelo intemperismo através dos processos de protólise e oxidação; havendo contato com a água, ocorre hidrólise causando a formação de variados óxidos de Fe3+, como a hematita.[5]
Em ambientes totalmente aeróbicos, os óxidos de ferro se distribuem de modo ubíquo, resultando em um solo com coloração homogênea. Todavia, em ambientes anaeróbicos, o ferro pode ser reduzido por microorganismos e dissolvido, causando uma distribuição irregular do ferro e consequente coloração heterogênea. Em ambientes aeróbicos, os óxidos de ferro hematita e goethita são os mais comuns devido a sua alta estabilidade termodinâmica nessas condições.[6]
Ocorrência Geológica
[editar | editar código-fonte]Hematita é encontrada como um mineral primário ou como produto da alteração de rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares. Ela pode se cristalizar durante a diferenciação do magma ou por precipitação, oriunda do movimento de incrustações de fluido hidrotermal em massas rochosas; também tem sua gênese decorrente do metamorfismo de contato: quando o magma reage com rochas adjacentes.[7]
O mais importante depósito de hematita reside no ambiente sedimentar. Por volta de 2,4 bilhões de anos atrás, o oceano da Terra era rico em ferro dissolvido, porém havia pouco oxigênio presente na água. Então um grupo de cianobactérias tornou-se capaz de realizar fotossíntese, causando a primeira liberação de oxigênio livre no meio aquático. Este oxigênio disponível passou a reagir com o ferro formando hematita, que se precipitou no fundo do leito oceânico e tornou-se as unidades de rochas que atualmente são denominadas formações de bandas ferríferas. Muito do depósito sedimentar ferrífero contém hematita e magnetita, assim como outros minerais de ferro associados.[7]
Ocorrência em Marte
[editar | editar código-fonte]A NASA, em 2004, realizou a descoberta de que a hematita é um dos minerais mais abundantes das rochas e da superfície de Marte. Esta abundância de hematita nas rochas de Marte e nos materiais superficiais conferem à paisagem uma coloração marrom avermelhada, justificando a razão do planeta aparentar cor vermelha no céu noturno. Esta é a origem da designação “Planeta Vermelho” para Marte.[7]
Associações
[editar | editar código-fonte]Ocorre associada com ilmenita, rutilo e magnetita (metamórficas e ígneas); goethita, siderita e lepidocrocita (sedimentares).[8]
Forma
[editar | editar código-fonte]O cristal de hematita é hexagonal; seu complexo cristalino pode ocorrer em romboedro, pseudocubo, prisma e raramente escalenoedro; além disso, também no formato tabular fino, micáceo ou placas, comumente em rosetas; em forma de raios fibrosos, reniforme, botrioide, conglomerados de estalactites, ou colunar. Hematita pode ser encontrada de maneira terrosa, em grânulos, em oólitos ou em concreções.[9]
Propriedades Ópticas
[editar | editar código-fonte]As formações de hematita são opacas, embora transparentes em suas arestas. A coloração varia de cinza-aço, podendo apresentar manchas iridescentes opacas a vermelho brilhante; ou branco a cinza-claro com tonalidade azulada, em luz refletida, com reflexos internos vermelhos e avermelhados.[9]
Solo
[editar | editar código-fonte]Hematita ocorre em muitos tipos de solos como resultado do intemperismo, ou desagregação direta, da rocha matriz, ou ambos. É mais comum em ambientes tropicais ou em temperados quentes do que em ambientes frios. Além disso, tem maior ocorrência em solos bem drenados do que em solos palustres. Este mineral é frequentemente encontrado concentrado na forma de oólitos, concreções, nódulos, plintitas, bandas, camadas, mosqueados e ferricretes.[6]
É responsável por conferir a diversos tipos de solos a coloração vermelho, ocre-avermelhado e marrom-avermelhado; especialmente os solos que estão sob nítida variação climática de estação seca e estação úmida, a exemplo dos solos mediterrâneos.[5]
A fina textura da hematita desempenha importante função como agente cimentante para a formação de agregados no solo. Em secções finas analisadas por microscópio eletrônico, observou-se nódulos, concreções e ferricretes, sugerindo que o efeito cimentante ocorre pelo crescimento de cristais de óxido de ferro entre as partículas da matriz. Enquanto que o efeito agregante é gerado através da atração das partículas de óxidos de ferro, carregadas positivamente, e das partículas dos filossilicatos de argila, carregadas negativamente.[5]
Um típico exemplo de agregação são os altamente estáveis microagregados encontrados em Latossolos; esta agregação não os torna facilmente dispersivos em água e também contribui notavelmente para a capacidade de armazenamento e condutividade hidráulica desses solos. Todavia, esses agregados podem ser dispersos por ligantes orgânicos (como oxalato, citrato), mesmo sem causar relevante solubilização do ferro.[5]
Galeria
[editar | editar código-fonte]- um raro cristal pseudo escalenoedro
- Três cristais de quartzo com inclusão vermelho-ferrugem de hematita, em um mineral hematita
- Cristais aciculares de rutilo irradiando a partir de uma placa de hematita
- Selo cilíndrico Cypro-Minoan feito de hematita (à esquerda) com sua correspondente impressão (à direita), aproximadamente do séc XIV a.C.
- Um conglemerado de lâminas hematíticas de crescimento paralelo, brilhantes como espelho, do Brasil.
- Escultura em hematita, 5 cm de comprimento
- Hematita, variante especularita, com uma granulação fina
- Hematita vermelha proveniente de uma formação de banda ferrífera, em Wyoming
- Placa riscada mostrando que a hematita tem um traço de cor vermelho-ferrugem
Referências
- ↑ Autori Vari, Ematite in "Come collezionare i minerali dalla A alla Z, vol. I°", pagg. 261-269, Peruzzo editore (1988), Milano
- ↑ Autori Vari, Scheda ematite in "Il magico mondo di minerali & gemme", De Agostini (1993-1996), Novara
- ↑ «Hematite: Hematite mineral information and data». Consultado em 2 agosto de 2015
- ↑ S.A, Priberam Informática. «hematite». Dicionário Priberam. Consultado em 14 de julho de 2023
- ↑ a b c d Pan Ming Huang, Yuncong Li (2011). Handbook of Soil Sciences: Properties and Processes, Second Edition. United States of America: CRC Press. pp. 7–12
- ↑ a b «Hematite – Virtual Museum of Molecules and Minerals». virtual-museum.soils.wisc.edu. Consultado em 11 de agosto de 2019
- ↑ a b c «Hematite: A primary ore of iron and a pigment mineral». geology.com. Consultado em 11 de agosto de 2019
- ↑ Deer, W.A., R.A. Howie, and J. Zussman (1962) Rock-forming minerals, v. 5, non-silicates, 21–27.
- ↑ a b Blake, R.L., R.E. Hessevick, T. Zoltai, and L.W. Finger (1966) Refinement of the hematite structure. Amer. Mineral., 51, 123–129. (4) Maslen, E.N., V.A. Streltsov, N.R. Streltsova, and N. Ishizawa (1994) Synchrotron X-ray study of the electron density in α−Fe2O3. Acta Cryst., 50, 435–441.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Branco, Pércio de Moraes, 2008, Dicionário de Mineralogia e Gemologia, São Paulo, Oficina de Textos, 608 p. il.