Estação Ferroviária de Santarém
Santarém | ||||||||||||||||||||||||||||||
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dístico da estação de Santarém, em 2005 | ||||||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 32185 SAN (Santarém)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação de Santarém | |||||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | |||||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | E (estação)[1] | |||||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | B [3] | |||||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): | Linha do Norte (PK 74+400) | |||||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 22 m (a.n.m) | |||||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 39°14′31.76″N × 8°40′30.17″W (=+39.24216;−8.67505) | |||||||||||||||||||||||||||||
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Município: | Santarém | |||||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||||||||||||||||||
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Conexões: |
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Equipamentos: | ||||||||||||||||||||||||||||||
Inauguração: | 1 de julho de 1861 (há 163 anos) | |||||||||||||||||||||||||||||
Website: |
A estação ferroviária de Santarém (nome anteriormente grafado como "Santarem"),[5] por vezes idenfificada como da Ribeira de Santarém,[6] é uma interface da Linha do Norte, que serve a cidade de Santarém, em Portugal. Inclui um núcleo museológico, dedicado à história ferroviária.[7][8]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]O acesso é efectuado pela Estrada da Estação de Caminhos de Ferro, em Santa Iria da Ribeira de Santarém.[9]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Esta interface apresenta duas vias de circulação, identificadas como I e III, com 1294 e 1303 m de extensão e acessíveis por plataformas com comprimentos de 283 e 246 m, resptivamente, e ambas com alturas variando entre 685 e 380 mm ao longo da sua extensão; existem ainda três vias secundárias, identificadas como IV, IV, e IX, com comprimentos de 315 a 270 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[3] Situa-se nesta configuração, centrado ao PK 74+926, um ramal gerido pela Extractopuro com tipologia «Linhas de Carga/Desc. DPF» (instalação n.º 119).[3]
Edifício de passageiros
[editar | editar código-fonte]O edifício de passageiros situa-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Campanhã).[10][11] A estação está decorada com azulejos produzidos pela Fábrica Aleluia de Aveiro.[12][13] Os azulejos de tonalidades azul e branca são de 1927 e os painéis estão colocados na parede do edifício principal. Os 18 painéis que retratam tradições ribatejanas, trabalhos agrícolas, e monumentos de Santarém, Golegã, e Ourém, foram produzidos a partir de desenhos de João Oliveira[8] numa oferta à C.P. da então Comissão de Iniciativa e Turismo de Santarém.[carece de fontes]
Núcleo museológico
[editar | editar código-fonte]Na antiga cocheira de carruagens da Estação, encontra-se o Núcleo Museológico de Santarém, inaugurado em 5 de Outubro de 1979, e que encerra vários veículos, utensílios, ferramentas, e documentação — ligados à temática da história ferroviária portuguesa.[7]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento e abertura
[editar | editar código-fonte]O programa para o concurso do caminho de ferro de Lisboa até à fronteira com Espanha, decretado em 6 de Maio de 1852, já previa que a primeira secção seguiria a margem direita do Rio Tejo até Santarém.[14] Em Maio de 1853, foi assinado um contrato entre o Estado Português e o empresário Hardy Lislop, representando a Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, para a construção do troço até Santarém.[15][16] Após a inauguração do primeiro troço do Caminho de Ferro do Leste, até ao Carregado em 1856, vários municípios da região Oeste defenderam que a Linha do Norte devia continuar pelo litoral, uma vez que as regiões do interior já dispunham de vias de comunicação através dos eixos fluviais, como o Tejo no caso de Santarém.[17] Porém, o governo manteve o projecto original.[18]
Devido aos problemas encontrados durante a construção, em 1857 foi apresentado o projecto de lei para um novo concurso, mas desta vez com destino à cidade do Porto; assim, foi rescindido o contrato com a Companhia Peninsular e elaborado um novo com o empresário Morton Petto.[15] No entanto, este contrato também acabou por ser cancelado, tendo sido assinado outro com José de Salamanca em 12 de Setembro de 1859, para a construção dos troços até ao Porto e à fronteira.[15] Salamanca fundou a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1860,[19] tendo sido desta forma aberto o troço até Santarém em 1 de Julho de 1861.[18]
Continuação até Abrantes
[editar | editar código-fonte]Quando este troço estava em obras, o engenheiro Wattier elaborou um relatório, onde propôs 3 traçados para a continuação da linha até Espanha; a primeira das directrizes iniciava-se no Carregado, enquanto que a segunda tinha origem em Santarém, que seria a estação de entroncamento com a futura linha para o Porto, atravessaria o Rio Tejo, serviria Estremoz e Elvas, e desceria depois para Badajoz.[20] A terceira opção ditava a passagem por Abrantes e junto a Portalegre, aumentando o tempo de viagem entre Lisboa e Espanha, mas aproveitando ao máximo a linha para o Porto, sendo assim consideravelmente menos dispendiosa.[21] Esta última alternativa foi a escolhida, tendo a próxima secção a ser construída sido até Abrantes, em 7 de Novembro de 1862.[18]
Em 2 de Março de 1895, o vale do Rio Tejo foi atingido por grandes cheias, tendo as vias da estação de Santarém ficado inundadas.[22]
Ligações previstas a Vendas Novas e Chamusca
[editar | editar código-fonte]Em 1887, foi autorizada a construção de um caminho de ferro do tipo americano de Santarém a Vendas Novas.[23] A concessão foi modificada para via larga por um alvará de 13 de Dezembro de 1888, e o ponto de entroncamento na Linha do Leste foi mudado para Santana - Cartaxo em 1890 e para o Setil em 1890, tendo a Linha de Vendas Novas entrado ao serviço em 1904.[24]
Em Maio de 1891, o empresário Bosset e o Barão de Kessler já tinham pedido autorização para construir um caminho de ferro americano com tracção a vapor, de Santarém a Chamusca, passando por Almeirim e Alpiarça.[25]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em Agosto de 1902, já tinham sido instalados semáforos eléctricos de disco, do sistema Barbosa,[26] e em 1933 executaram-se obras de melhoramento na toma de água.[27]
Em 1913, a estação era servida por carreiras de diligências até à vila de Santarém, Ribeira de Santarém, Amiais e Rio Maior.[28]
Em 14 de Janeiro de 1914, iniciou-se uma das maiores greves dos trabalhadores da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo os operários sabotado vários troços de via; um comboio que tinha saído do Porto no dia 15 só chegou a Lisboa no dia seguinte, tendo sido necessário reparar os carris em vários pontos da linha, incluindo Santarém.[29]
Em 1927, foi inaugurado o novo edifício da estação de Santarém.[12] O projeto é do arquiteto Perfeito de Magalhães (Marco de Canaveses, 20 de Julho de 1880 - Lisboa, 29 de Janeiro de 1958).
Em Agosto de 1968, já tinham sido concluídas as obras de remodelação do posto de informações turísticas na estação de Santarém, por iniciativa do presidente da Comissão Municipal, José Carlos de Oliveira Sollas.[30] Nessa altura, existia a intenção de reconstruir completamente o posto de informações, mas este projecto dependia das obras de remodelação que a CP previa fazer na estação.[30]
Pj. ferr. Rio Maior - Peniche | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Ligação projectada a Rio Maior
[editar | editar código-fonte]Nos princípios do Século XX, começou-se a planear um caminho de ferro que ligasse as Linhas do Oeste e do Norte/Leste, passando por Rio Maior.[31] No relatório de 1903 da comissão técnica para o Plano da Rede Complementar, afirmou-se que Santarém era o local mais óbvio para fazer a bifurcação no Leste, devido à sua importância militar, económica e administrativa, mas a estação não dispunha de espaço suficiente, pelo que teria de ser construída uma segunda gare para a triagem dos comboios; em vez disso, devia ser utilizada a Estação Ferroviária do Setil, que tinha sido recentemente ampliada para acolher a Linha de Vendas Novas.[31] O local de entroncamento do Ramal de Rio Maior foi posteriormente alterado para o Vale de Santarém.[32]
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em Janeiro de 2011, apresentava duas vias de circulação, com 1294 e 1303 m de comprimento; as plataformas tinham 298 e 277 m de extensão, e 35 cm de altura[33] — valores mais tarde[quando?] ligeiramente alterados para os atuais.[3]
Em 2013, o edifício de passageiros e a cocheira de carruagens foram classificadas como Monumento de Interesse Público.[8]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b c d Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ Scalabus: Mapa de rede (2021.07.12)
- ↑ Caminho de Ferro de Leste e Norte (horário Porto / Lisboa - Badajoz)
- ↑ “Companhia Viação de Santarem” Diario Illustrado 3424 (1882)
- ↑ a b «Espaço Museológico de Santarém». Comboios de Portugal. Consultado em 3 de Julho de 2011 [ligação inativa]
- ↑ a b c Estação Ferroviária de Santarém na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- ↑ «Santarém». Comboios de Portugal. Consultado em 28 de Novembro de 2014
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ a b PEREIRA, 1995:419
- ↑ CHAVES, Luiz (16 de Dezembro de 1939). «Paineis de azulejos nas estações de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 31 (1248). p. 538. Consultado em 14 de Setembro de 2016
- ↑ «Há Oitenta e Três Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1149). 1 de Novembro de 1935. p. 446. Consultado em 14 de Setembro de 2016
- ↑ a b c «Para a história dos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1154). 16 de Janeiro de 1936. p. 48. Consultado em 21 de Dezembro de 2013
- ↑ REIS et al, 2006:12
- ↑ RODRIGUES et al, 1993:295
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 22 de Fevereiro de 2014
- ↑ REIS et al, 2006:19
- ↑ «Documentos para a História» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 30 (699). 1 de Fevereiro de 1917. p. 37-38. Consultado em 22 de Fevereiro de 2014
- ↑ «Documentos para a Historia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 30 (700). 16 de Fevereiro de 1917. p. 58-59. Consultado em 22 de Fevereiro de 2014
- ↑ LOUREIRO, João Mimoso (Outubro de 2009). As Grandes Cheias. Rio Tejo: As Grandes Cheias 1800 – 2007. Col: Tágides. Volume 1. Lisboa: Administração da Região Hidrográfica do Tejo. p. 16. ISBN 978-989-96162-0-2
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- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1225). 1 de Janeiro de 1939. p. 43-48. Consultado em 14 de Setembro de 2016
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (352). 16 de Agosto de 1902. p. 251. Consultado em 18 de Maio de 2012
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 18 de Maio de 2012
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 15 de Fevereiro de 2018
- ↑ MARQUES, 2014:122
- ↑ a b «Revista de Imprensa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). 16 de Agosto de 1968. p. 105-106. Consultado em 14 de Setembro de 2016
- ↑ a b PORTUGAL. Decreto n.º 12:524, de 22 de Outubro de 1926. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos, Publicado no Diário do Governo n.º 236, Série I, de 22 de Outubro de 1926.
- ↑ VALENTE, Rogério (16 de Setembro de 1955). «Os ramais particulares da rede ferroviária portuguesa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1626). pp. 325–328. Consultado em 14 de Setembro de 2016
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas: Caldas da Rainha, História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas
- MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1
- PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. VOlume III 1.ª ed. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4
Leitura recomendada
[editar | editar código-fonte]- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas